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Capital

Em um ano, fuga no semiaberto passou de 65% para 9%, diz diretor

Nadyenka Castro e Viviane Oliveira | 27/03/2013 18:19
Presos trabalham na oficina de cadeiras. (Foto: Marcos Ermínio)
Presos trabalham na oficina de cadeiras. (Foto: Marcos Ermínio)
Juízes e Agepen inspecionam Centro Penal Agroindustrial. (Foto: Marcos Ermínio)
Juízes e Agepen inspecionam Centro Penal Agroindustrial. (Foto: Marcos Ermínio)

A fama foi de local de baderna, sem cumprimento da função social. Mas, segundo juízes e a direção, o Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, em Campo Grande, passou a ser exemplo para o País de regime semiaberto e tem reduzido o índice de evasão de internos.

Juízes e Agepen (Agência Estadual de Administração Penitenciária) inspecionaram o presídio nesta quarta-feira, um dia após o local ser vistoriado por representantes da ONU (Organização das Nações Unidas).

O juiz Albino Coimbra Neto, integrante da Coordenadoria das Varas de Execução Penal, explicou que a ONU foi ao presídio devido ao estado do antigo presídio de regime semiaberto, na saída para Aquidauana. Segundo ele, o local “era um caos” e agora, com mudança de endereço e administração, está “totalmente diferente”.

“As pessoas acham que semiaberto é sinônimo de impunidade, mas, na verdade não é, se o trabalho for feito como deve ser realizado”, declarou o magistrado. “A Gameleira é um dos modelos para o País”, ressaltou Albino Coimbra, lembrando que o local é vistoriado mensalmente e que a de março, ocorreu por coincidência um dia após a da ONU.

Participaram também da inspeção o juiz Tiago Tanaka, o diretor-presidente da Agepen, coronel da PM (Polícia Militar) Deusdete de Oliveira e o diretor da Gameleira, Tarley Cândido Barbosa.

Rotina – No regime semiaberto, os detentos que trabalham podem sair para o serviço durante o dia e devem voltar ao fim do expediente e dormir no presídio. Alguns internos prestam serviço na própria unidade penal.

Na Gameleira há 650 detentos e a capacidade é para mil. São quatro pavilhões, sendo dois em cada lado do prédio.

Um pavilhão ficam os presos que trabalham fora do presídio (230) , em outros dois aqueles que laboram na unidade (230) e no terceiro, detentos que chegaram na unidade recentemente e precisam ficar 30 dias na triagem.

Evasão – De acordo com o diretor da Gameleira, Tarley Cardoso, o trabalho dos presos ajuda a reduzir a fuga. Em um ano, caiu de 65% para 9%.

Trabalho – Conforme o diretor-presidente da Agepen, 68 empresas são credenciadas para empregar os internos e dentro do presídio há nove oficinas, duas hortas e duas lavouras (mandioca e melancia). Os alimentos são utilizados para alimentação deles, de funcionários e internos de outros presídios.

Na fábrica de blocos de cimentos trabalham 12 detentos e a produção é de 4 a 5 mil pisos. Na oficina de armação de ferragens para construção são 35 presos.

Os sentenciados recebem salário de mercado, sendo que 10% fica com o presídio para ser utilizado em melhorias para a unidade.

Um exemplo é a construção da sala de reunião, utilizada no trabalho de psicólogos com presos dependentes de drogas.

Exemplo – O tapeceiro Cláudio Pereira Avelino, 38 anos, foi condenado por tráfico de drogas. Ficou um ano e 10 meses no regime fechado e há sete meses está na Gameleira.

O serviço dele é ensinar a função de tapeceiro para outros presos e diz que, quando voltar para casa, pretende continuar com a profissão e “ter vida nova”. Ele concluiu o ensino médio na cadeia e diz que a ressocialização depende de cada um. “A casa é boa. Só que o mérito é de cada um”.

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