Em vídeo, mãe desabafa após filho negro ser revistado em farmácia
Maisse diz que, além do filho passar por contrangimento, ainda saiu de lá se achando culpado pela situação
A dona de casa Maisse Rosa desabafa em vídeo, dizendo que enfrentou hoje, mais um episódio triste por ser negra. Agora, ao lado do filho de 17 anos. Segundo ela, pela manhã, os dois foram até uma farmácia do Bairro Aero Rancho e, quando seguiam para o caixa, um atendente resolveu revistar a bolsa de plástico do adolescente. “Virou e disse assim, na frente de todo mundo: Deixa ver o que você tem nessa sacola”, conta a mãe.
No local, outras 5 pessoas perceberam a movimentação e todos os olhares passaram a ser para o garoto. O homem revistou a sacola e percebeu que era da farmácia ao lado, onde mãe e filho passaram antes de entrar no segundo estabelecimento.
“Eu comprei um antitranspirante para ele lá na outra, mas não achei o que eu gosto, então, fui comprar o meu ao lado. Tinha acabado de escolher e estava indo para o caixa, quando o homem chamou meu filho”, relata.
Depois de ver que o produto e a sacola eram da farmácia vizinha, o funcionário pediu desculpas, mas Maisse seguiu indignada. "Eu falei: desculpa nada! Eu não estava acreditando naquela situação", comenta.
Ao Campo Grande News, Maísse diz que nunca havia passado por isso, mas não tem dúvidas de que o menino só foi abordado porque é negro. “Desde que era criança, coisas assim aconteciam comigo. Falavam do meu cabelo de Bombril. Meu filho sofria coisas como cabelo ruim, mas nunca foi tão sério”, lembra.
Além do constrangimento, o pior, na avaliação da mãe, é que o menino não gostou da reação de Maisse, por achar que não tinha direito aquela cobrança por respeito. “Ele ficou muito constrangido, com muita vergonha. Meu filho é muito religioso, temente a Deus e saiu de lá pensando que ele tinha culpa pelo que havia acontecido”.
Maisse é o tipo de mãe que, desde cedo, faz recomendações sobre o que um garoto negro deve fazer na rua. “Sempre falei para ele não andar de boné, nunca esquecer dos documentos e jamais reagir se a polícia parar ele. Falo isso porque ele é negro. Se fosse branco, não ia precisar”, comenta.
Depois do episódio, Maísse procurou a polícia e registrou Boletim de Ocorrência por constrangimento ilegal. “Vou levar isso até o fim para servir de exemplo. Não dá mais para aceitar esse tipo de coisa só porque a gente é preto”, diz.
O caso ocorreu em farmácia da Avenida Rachel de Queiroz, mas como o envolvido não foi encontrado para apresentar sua versão dos fatos, o nome do estabelecimento não será divulgado.