ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 26º

Capital

Empresa investigada pelo Gaeco já firmava contratos milionários desde a pandemia

Maiorca Soluções aparece em 2020 em contratos emergenciais, sem licitação, que somam R$ 917 mil

Por Silvia Frias | 29/11/2023 13:18
Integrante do Gecoc durante operação hoje, na sede da Maiorca Soluções, no Jardim Paulista (Foto: Viviane Oliveira)
Integrante do Gecoc durante operação hoje, na sede da Maiorca Soluções, no Jardim Paulista (Foto: Viviane Oliveira)

Uma das empresas investigadas pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) na Operação Turn Off, a Maiorca Soluções em Saúde, Segurança e Padronização Ltda, já fechava contratos com o Governo do Estado desde a pandemia, época em que várias compras foram feitas sem licitação, em caráter emergencial. No site da transparência, consta que as negociações chegaram a R$ 917,6 mil, em contratos celebrados em 2020.

Pelo menos sete pessoas foram presas na operação desencadeada pelo Gaeco/Gecoc (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado/(Grupo Especial de Combate à Corrupção) que apura fraude em licitações públicas com governo estadual. A sede da Maiorca, em casa alugada no Jardim Paulista, foi um dos alvos da ação hoje.

Um dos maiores contratos firmados pela empresa durante a pandemia, em 2020, foi com a Funsau (Fundação Nacional de Saúde) e refere-se à compra de 30 desfibriladores, com preço unitário de R$ 7.356,00, totalizando R$ 220.698,00 em valores pagos em novembro daquele ano.

Em outra negociação entre a Funsau e a empresa, trata da compra de 24 câmeras de refrigeradores para atender a DGVS (Diretoria-Geral de Vigilância em Saúde), totalizando R$ 333.576,00 em contrato.

Em 2023, a Maiorca Soluções manteve negociações com poder público. Conforme dados do site da transparência do Governo do Estado, três contratos foram fechados com a empresa, dois deles ainda vigentes. Um, válido até dezembro deste ano, foi celebrado com a Funsau para compra de 45 sacos tipo hamper, usados para transportar roupas usadas em ambientes hospitalares, negociação de R$ 185,6 mil.

O outro, com vigência até junho de 2024, trata da aquisição de 5,5 mil luvas hospitalares destinadas à Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), no valor de R$ 104.568,75.

Em abril de 2023, foi encerrado contrato de R$ 212.578,60, também com a Sejusp, para a compra de mobiliários específicos para o Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal).

Segundo dados da Redesim, do governo federal, a Maiorca Soluções pertence ao advogado Sérgio Duarte Coutinho Junior e está ativa desde 2016, com capital social de R$ 100 mil. Ele é um dos preso da Operação Turn Off.

Coutinho é quem aparece, em agosto de 2022, como representante legal da Isomed Diagnóstico, outra empresa que foi alvo de buscas nesta quarta-feira, em sala de prédio na Avenida Afonso Pena. Hoje, segundo consulta na Redesim, ele não figura na lista dos 14 sócios-proprietários.

O contrato firmado em 2022 foi assinado com o então secretário Estadual de Saúde, Flávio da Costa Britto Neto, atual adjunto da Casa Civil, e trata de contratação especializada em prestação de serviço médico-hospitalar, avaliada em R$ 12,164 milhões. Britto Neto também foi alvo de busca e apreensão e intimado para depor amanhã na sede do Gaeco.


Operação – A ação foi desencadeada pelo Gaeco com apoio da Gecoc. A investigação constatou a existência de organização criminosa voltada à prática dos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, fraude em licitações/contratos públicos e lavagem de dinheiro.

A investigação apurou que a aquisição de bens e serviços em geral, como aparelhos de ar-condicionado pela SED (Secretaria Estadual de Educação), locação de equipamentos médicos hospitalares e elaboração de laudos pela SES (Secretaria Estadual de Saúde) e aquisição de materiais e produtos hospitalares para pacientes da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).

Os contratos já identificados e objetos da investigação ultrapassam R$ 68 milhões.

Retorno - Segundo apurado pelo Campo Grande News, sete pessoas foram presas na operação. Em nota, o Governo do Estado divulgou que afastou todos os servidores sob investigação. O secretário Estadual de Saúde, Maurício Simões, está em Brasília, na assembleia do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), e disse, mais cedo, que não tinha informações sobre a operação.

O ex-secretário Estadual de Saúde, Geraldo Resende, disse, também mais cedo, que iria se inteirar dos fatos antes de se pronunciar. Também não foi possível o contato com representante atuais da Isomed Diagnóstico.

O advogado Marcos Barbosa, que representa Sérgio Duarte Coutinho Junior, disse há pouco, em frente à Depac/Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), que ainda não teve acesso a nada sobre o caso e que "está se inteirando". Apenas confirmou que "ele está custodiado".

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News.


Nos siga no Google Notícias