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Capital

Enfartado espera uma semana para chegar no HU e 4 dias no corredor

Aliny Mary Dias | 26/07/2013 10:29
Registro feito pela família de corredor onde idoso ficou internado durante 4 dias (Foto: Sandra Mendonça/Arquivo Pessoal)
Registro feito pela família de corredor onde idoso ficou internado durante 4 dias (Foto: Sandra Mendonça/Arquivo Pessoal)

Não receber tratamento médico após um enfarto, esperar uma semana para uma transferência para um hospital da Capital e ficar quatro dias internado no corredor do Hospital Universitário foi a rotina vivida nos últimos 13 dias pelo idoso Salviano de Souza, de 71 anos, que mora em Três Lagoas.

A denúncia do descaso com a saúde do aposentado foi feita pela cunhada, Sandra Mendonça, de 41 anos. A profissional de relações públicas conta que o idoso mora em uma fazenda no interior e sentiu dores no peito no dia 14 de julho.

Salviano procurou atendimento em um hospital de Três Lagoas e após uma consulta foi liberado para voltar para casa. Dois dias depois, as dores persistiram e a família resolveu levá-lo a uma clínica particular da cidade.

No consultório, o diagnóstico saiu em poucos minutos. O idoso estava infartado há três dias e precisava ser internado com urgência. Sem condições para continuar o tratamento na rede privada, Sandra conta que o cunhado precisou ser transferido para um hospital público da cidade onde foi internado.

“Ele ficou uma semana esperando uma vaga para ser internado em Campo Grande. Os médicos diziam que era urgente, mas a Central de Vagas só nos repassava que não tinha vaga em nenhum hospital da capital”, explica a cunhada.

Após uma semana de espera, a vaga para transferência em um hospital com maiores recursos apareceu no último domingo (21). Salviano foi trazido para o Hospital Universitário da Capital em uma ambulância da Secretaria de Saúde de Três Lagoas.

Em um hospital da Capital, a expectativa da família era que Salviano conseguisse passar pelos procedimentos necessários o mais rápido possível. “Quando chegamos aqui não tinha nenhuma maca e ele ficou na da ambulância. Ele precisou ficar no corredor que estava lotado durante quatro dias”, conta Sandra.

Com fortes dores, o idoso passou por um cateterismo para desobstruir uma das três veias do coração que estavam estúpidas. Após o procedimento, Salviano voltou para o corredor, já que não havia vagas em enfermarias e quartos do HU.

Na última quarta-feira (24), enfim, surgiu uma vaga e o aposentado pôde sair do corredor e ficar internado em um quarto. “A gente se sente impotente com isso tudo, não podemos fazer nada. A culpa não é dos enfermeiros ou médicos e sim do sistema público de saúde que está abandonado”, desabafa a cunhada.

À espera de uma solução há 13 dias, Salviano ainda precisa esperar para ter a saúde restabelecida. Após esperar vaga para transferência de Três Lagoas para Campo Grande e do corredor para o quarto, a espera agora é pela vaga no centro cirúrgico, já que o idoso precisa de uma cirurgia no coração para desobstruir outras veias que continuam entupidas.

Investigação - O HU foi alvo da investigação que culminou na operação Sangue Frio que começou em março do ano passado para entender por que os serviços de radioterapia oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) eram fornecidos apenas pelo setor privado.

Auditoria realizada pela CGU (Controladoria-Geral da União) em 2012 verificou prejuízo de R$ 973 mil aos cofres públicos. A análise trouxe à tona uma série de irregularidade: direcionamento de licitação, montagem de processos licitatórios, subcontratação de serviços para empresas ligadas a dirigentes do hospital, superfaturamento e emissão de empenho anterior à adesão em ata de registro de preços.

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