Enfermeira, tia soube da morte de sobrinho ao receber corpo em posto de saúde

A morte do jovem Igor Macedo, de 24 anos, protagonizou uma daquelas cenas que a gente pensa só existir em novelas. Enfermeira do posto de saúde do Coophavila, a tia do rapaz trabalhava quando foi informada da chegada de um corpo na unidade. Ao erguer o lençol que cobria o jovem, descobriu que tratava-se do sobrinho, morto minutos antes após acidente de moto..

Durante a última despedida, na tarde desta quarta-feira (10), dor e comoção tomaram conta do velório no Cemitério Jardim da Paz. Segundo familiares, a tia, primeira a saber sobre a morte do jovem, não teve forças para acompanhar o sepultamento. “Ela está muito abalada”, comentou um parente.

De acordo com relatos de quem acompanhava o velório, a  enfermeira estava em mais um dia de serviço quando equipe de ambulância entrou em contato avisando sobre a chegada do corpo de um jovem, morto no veículo após acidente de trânsito.

Junto das companheiras de trabalho, a profissional preparou o espaço que receberia o corpo, sem nem de longe imaginar que se tratava de alguém tão próximo. A descoberta, que até então parecia improvável, veio depois de o lençol ser levantado e ela encontrar Igor já sem vida.

13 anos após a mãe - Abalado, Maycon Macedo, de 19 anos, irmão do motociclista, lembra que Igor partiu 13 anos após a morte da mãe, que também foi vítima de acidente de moto. Notícias publicadas na época apontam que  Solange Macedo morreu depois de a moto em que estava bater de frente com outra moto. O acidente aconteceu no dia 28 de setembro de 2008, na Avenida Marcelino Pires, a principal via de Dourados.

Sem a mãe e agora também sem o irmão, Maycon diz que ficará com o bom exemplo daquele que só deu alegria para a família. ““Era meu maior exemplo. Depois que nossa mãe morreu ele cresceu, veio para Campo Grande e reconstruiu a vida”, conta.

Alegre e sorridente - Durante a despedida de Igor, amigos e familiares foram unânimes em apontar a alegria contagiante e riso fácil do jovem, que sonhava em cursar engenharia mecânica.

“Vou me lembrar para sempre da alegria dele. Onde chegava era sorrindo, o rosto até brilhava. Ele cativava todo mundo, era muito trabalhador e conquistou tudo na base do suor”, lembra o primo, Davi Macedo Nascimento, de 23 anos.

O vendedor lembra que ele e Igor foram criados como irmãos, desde que a tia morreu no acidente em Dourados. “Ele morou com a gente até os 18 anos, quando se casou pela primeira vez”, conta.

Do casamento, Igor teve o maior dos presentes que já recebeu, o filho Felipe, de 5 anos. “Ele tinha um sorriso e carisma que cativava e quero que ele seja lembrado assim. Quero que o filho dele tenha maior orgulho quando crescer”, completa o primo.

Amiga de trabalho, a atendente Karen Tayane,de  23 anos, lembra que trabalhou com o rapaz por 4 anos. Para ela, os momentos de alegria com o garoto alto-astral serão as boas lembranças que guardará. “Ele era tranquilo, sorridente, alegre. A gente podia estar mal, ele vinha na tentativa de melhorar nosso dia. Era espontâneo e sempre ajudava todo mundo”, afirma.

Segundo a colega de trabalho, no serviço todos ficaram chocados e tristes com a partida prematura do rapaz.

Por causa do acidente, Daniele, esposa de Igor, não conseguiu ir ao sepultamento do marido e segue internada na Santa Casa. Daiane Soares, irmã da jovem, informou que ela aguarda cirurgia e que tem dificuldades para se mexer. Ela soube sobre a morte do companheiro hoje.

“ O Igor sempre foi muito unido com a gente. Minha mãe está sem chão, era como um filho para ela. A Dani está muito abalada, principalmente por não poder vir”, lembra.

Para Marta Macedo, de 45 anos, tia e mãe de criação, o acidente levou embora “o príncipe" da família. “Afgora vai ficar uma dor muito grande. Ele era um menino maravilhoso, uma pessoa excelente. Filho de primeira linha”, pontuou.

Tragédia - Igor não resistiu após sofrer duas paradas cardíacas, depois de perder o controle da moto que pilotava e atingir poste em trecho da Avenida Nasri Siufi, prolongamento da Avenida Prefeito Lúdio Martins Coelho.

O jovem, que estava acompanhado de uma mulher, de 22 anos, tentava ultrapassar um caminhão, quando o acidente aconteceu. A pancada foi tão forte que o jovem foi parar numa área de vegetação.

O Corpo de Bombeiros e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foram acionados para atender a ocorrência. A mulher teve ferimentos leves e foi levada à Santa Casa. Já o rapaz sofreu duas paradas cardiorrespiratórias no local, foi reanimado pelas equipes, mas não resistiu.