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Capital

Espera é de até 8h por entrevista de emprego com concorrência de 24 por vaga

Desejo por uma oportunidade de recomeçar levou ao local até mesmo quem há 8 anos dedica o tempo a ensinar

Liniker Ribeiro | 10/01/2020 16:58
Espera é de até 8h por entrevista de emprego com concorrência de 24 por vaga
Candidatos enfrentaram o cansaço e muitos seguiram firme e forte no processo seletivo (Foto: Marcos Maluf)

A esperança de deixar de fazer parte de uma fila que só em Mato Grosso do Sul reúne mais de 108 mil pessoas - a do desemprego - reuniu pelo menos mil candidatos, nesta sexta-feira (10) em uma universidade no Jardim TV Morena. O desejo por uma oportunidade de recomeçar levou ao local até mesmo graduados e pós-graduados que sonham com um emprego estável.

Até às 15h30, pelo menos 800 pessoas haviam sido atendidas, de acordo com a organização, mas o número de candidatos aguardando pela entrevista eleva o número em pouco mais de 200 pessoas. Com isso, a quantidade de candidatos por vaga chega a ser de 24 pessoas por oportunidade, sendo 41 vagas disponíveis.

O número surpreendeu até mesmo a organização. "Acho que o fenômeno se chama janeiro, as pessoas querem começar o ano bem, trabalhando", destaca o organizador Carlos Roboton. "Em novembro fizemos uma seleção com cerca de 30 empresas, mas hoje, uma só reuniu um número bem maior de candidatos", aponta.

Espera é de até 8h por entrevista de emprego com concorrência de 24 por vaga
Mesmo aguardando há 8 horas, dona Maria manteve o sorriso no rosto durante processo seletivo por vaga como operadora de caixa (Foto: Marcos Maluf)

E para aguentar a maratona, teve quem preferiu não sair para comer, quem dormiu aguardando ser chamado e aqueles que desistiram de participar. "Tenho experiência como caixa de supermercado, a oportunidade é boa, mas tomei só um café ao longo do dia, está muito cheio, principalmente a sala que eu estava", afirma Luana Batista, 25 anos, que há uma mês está em busca de uma oportunidade.

A quantidade de pessoas chegou a assustar o jovem Patrick Wallace, de 22 anos, mas não o desanimou. Com experiência de 3 anos como supervisor comercial de vendas, ele segue confiante em conseguir uma oportunidade. "Não esperava tudo isso de gente, mas não vai me impedir de recomeçar, mesmo que seja uma vaga menor. Comecei assim na outra empresa e fui crescendo", lembra ele.

Com 15 anos de experiência como operadora de caixa, dona Maria Gilzane, 47 anos, também ficou firme e forte aguardando ser chamada. "Estou na expectativa e sempre com pensamento positivo", revelou a candidata, que está desde setembro desempregada.

Espera é de até 8h por entrevista de emprego com concorrência de 24 por vaga
Juliano Ferreira atuou por 8 anos como professor de artes e agora busca vaga em supermercado atacadista (Foto: Marcos Maluf)

Entre os candidatos, também quem esteja procurando sua primeira oportunidade de trabalhar com carteira assinada. "Está difícil, já fiz de 7 a 8 entrevistas, mas eles [as empresas] querem experiência, que já tenha trabalhado com carteira assinada", aponta a jovem Karolany Franciele, de 19 anos.

Estabilidade - Pouco antes das 16h, o professor de artes por formação, Juliano Ferreira, de 39 anos, ainda aguardava na fila para entrevista. Sem contrato fixo, tendo trabalhado até o ano passado por convocação em uma escola da rede pública, o profissional, também pós-graduado, agora busca uma oportunidade de ter as garantidas de um serviço registrado.

"É uma oportunidade diferente, mas a gente não sabe como vai ficar a situação do nosso país. Este ano a seleção para professores do governo será diferente e agora busco estabilidade", conta o professor que há 8 anos atua em sala de aula e agora se candidata a uma das vagas com salário previsto de R$ 1,1 mil. "Já entreguei currículo na cidade inteira", conclui, destacando a dificuldade de conseguir emprego.

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