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Capital

Esposa contesta versão da polícia e diz que marido foi executado pela PM

No boletim de ocorrência, a polícia informa que Luiz Fernando não obedeceu ordem de parada e que teria atirado contra os militares

Mayara Bueno e Liniker Ribeiro | 06/05/2019 17:25
Rua no Jardim Noroeste, onde houve o tiroteio na noite de sábado. (Foto: Liniker Ribeiro).
Rua no Jardim Noroeste, onde houve o tiroteio na noite de sábado. (Foto: Liniker Ribeiro).

Desolada, Solange Aparecida Nascimento, esposa de Luiz Fernando Duarte, 41 anos, que morreu no sábado (dia 4), contesta a versão de que o marido disparou contra policiais. Segundo o boletim de ocorrência, os militares faziam ronda no Jardim Veraneio, quando avistaram um Ford Fiesta saindo de uma estrada de chão em alta velocidade.

À reportagem, ela conta que chegou em casa no fim da noite de sábado e falou com o marido por mensagem. Na última comunicação entre os dois, Luiz Fernando afirmava que chegaria na residência em 10 minutos. No tempo entre a conversa e chegada dele, Solange acabou dormindo e não ouviu os disparos - que ocorreram na frente da casa dos dois.

Só acordou com a ligação de uma amiga avisando-a que o marido havia sido levado pela polícia. Em seguida, duas vizinhas ligaram contando sobre o tiroteio e outro vizinho a levou para a Santa Casa. Quando chegou no local, descobriu que o marido já tinha chegado morto.

“Atiraram como se ele fosse um criminoso, mas não era”. Solange estranha versão de troca de tiros, pois seu marido não possuía arma. “Ele era uma pessoa humilde, trabalhadora, ganhava um salário mínimo”.

Antes de ir ao hospital, Solange saiu na rua, que estava cheia de policiais. A informação obtida com uma equipe que atende o Bairro Coophasul era de que os policiais foram chamados porque um “bandido” estava fugindo da polícia na região do Jardim Noroeste. A esposa afirma, ainda, que testemunhas disseram que Luiz Fernando chegou a sair do carro com as mãos na cabeça, após a abordagem policial.

Ela pretende voltar à delegacia para tentar entender o que aconteceu. Hoje, no entanto, estava envolvida no velório do marido e na própria dor. Uma das filhas do casal não quer voltar para residência diante do que aconteceu e Solange pensa em fazer o mesmo. “Atirasse no carro, no pneu, mas não nele”.

Versão da polícia - Nos registros policiais, os militares afirmam que deram ordem de parada ao carro, mas o motorista não respeitou e fugiu sentido Jardim Noroeste. Durante a perseguição, Luiz Fernando teria disparado contra a viatura policial e houve troca de tiros.

Na Rua Ferreira Viana, já no Jardim Noroeste, o motorista do Fiesta teria freado bruscamente e descido do carro atirando contra os militares. Os policiais revidaram e Luiz Fernando acabou baleado. Ainda de acordo com o registro policial, com Luiz Fernando, os militares encontraram um revólver calibre 32 com cinco munições deflagradas.

Em resposta às indagações sobre a versão da esposa, a assessoria da PM afirmou que a "atuação da equipe policial militar foi com a finalidade de cessar injusta agressão". "Completamos que toda a ação militar com resultado morte enseja abertura de inquérito policial militar para averiguação das circunstâncias em que ocorreram, sendo esta formalidade obrigatória por determinação legal, razão pela qual houve perícia no local dos fatos".

A reportagem também relatou no email que há informação de que Luiz Fernando não tinha arma e também não se tratava de criminoso. Contudo, não houve posicionamento sobre o assunto. 

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