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Capital

Ex-major acusado de tráfico quer se livrar do apelido de "Escobar brasileiro"

A defesa de Sérgio Roberto de Carvalho classifica a analogia como ofensiva e desproporcional

Por Silvia Frias | 23/12/2025 13:07
Ex-major acusado de tráfico quer se livrar do apelido de "Escobar brasileiro"
Simulações mostram comparação entre as fotos de Sérgio Roberto de Carvalho e de Paul Woulter. (Foto: Divulgação)

O ex-major da PM (Polícia Militar) Sérgio Roberto de Carvalho entrou na Justiça para tentar enterrar o apelido de “Escobar Brasileiro”, usado por parte da imprensa ao longo dos últimos anos. Na ação, ele pede indenização de R$ 100 mil por danos morais e a retirada de reportagens que o associam diretamente ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar.

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Sérgio Roberto de Carvalho move ação judicial contra veículos de comunicação, solicitando indenização de R$ 100 mil por danos morais e a retirada de reportagens que o associam ao narcotraficante Pablo Escobar. O processo, protocolado em setembro de 2025, tem como alvos empresas como Campo Grande News, UOL e Bandeirantes. A defesa argumenta que Carvalho nunca foi condenado pelos fatos narrados e que a imprensa transformou suspeitas em verdades definitivas. Atualmente preso na Bélgica e sem renda após ter sua aposentadoria de policial militar cassada em 2023, ele contesta especialmente o uso do apelido "Escobar Brasileiro", considerando-o ofensivo e desproporcional.

Carvalho foi preso em Budapeste, na Hungria, em junho de 2022. Um ano depois, foi deportado para a Bélgica, sendo levado para a Penitenciária de Haren, em Bruxelas, onde aguarda julgamento por narcotráfico.

O processo foi protocolado em 29 de setembro de 2025 e tem como rés empresas de comunicação como Campo Grande News, UOL, Bandeirantes, Rádio Itatiaia e Olhar Direto, além do Olhar Jurídico. A ação tramita na 11ª Vara Cível de Campo Grande.

Na petição, Carvalho sustenta que nunca foi condenado pelos fatos narrados nas reportagens e que a imprensa teria transformado suspeitas e investigações em verdades definitivas. Segundo a defesa, o que começou como citação de investigação, em fevereiro de 2021, virou “sentença midiática” no dia seguinte, quando veículos passaram a tratar como fato consumado a autoria de uma apreensão de drogas ocorrida na Bahia.

O processo destaca reportagem publicada em 26 de fevereiro de 2021, que atribuiu a informação a uma coluna do UOL, citando investigação da polícia portuguesa. Um dia depois, segundo a ação, matérias veiculadas pela Bandeirantes teriam ido além da suspeita e afirmado que a droga pertenceria a Carvalho. Para a defesa, essa progressão consolidou uma narrativa falsa, repetida ao longo dos anos como se fosse dado biográfico.

Outro ponto central é o uso do apelido “Escobar Brasileiro”. O autor afirma que a comparação com Pablo Emilio Escobar Gaviria não tem caráter informativo e serve apenas para estigmatizar, gerar impacto e ampliar o alcance das reportagens. No texto, a defesa classifica a analogia como ofensiva e desproporcional, por associá-lo a crimes históricos de extrema violência.

Ex-major acusado de tráfico quer se livrar do apelido de "Escobar brasileiro"
O ex-major da PM de Mato Grosso do Sul foi preso em 2022 na Hungria. (Foto: Arquivo)

Além da indenização, Carvalho pede que as reportagens sejam retiradas do ar, que os veículos publiquem retratação com o mesmo destaque das matérias originais e que arquem com custas e honorários advocatícios.

No processo, ele também solicitou justiça gratuita, alegando hipossuficiência financeira. Segundo a ação, Carvalho está preso na Bélgica e teve a aposentadoria de policial militar reformado cassada em 2023, ficando sem qualquer fonte de renda. Em 21 de outubro, o juiz Renato Antônio de Liberali determinou a apresentação de documentos para comprovar a condição financeira, o que foi feito pela defesa em 15 de dezembro de 2025.

Histórico - O sul-mato-grossense foi filho de donos de lanchonete em Campo Grande e é apontado em investigação policial como líder de organização criminosa.

Para fugir da polícia, Carvalho criou até uma segunda identidade na Europa – batizada de Paul Wouter, que também foi alvo da polícia e “morreu”, conforme certidão de óbito por covid-19 apresentada em processo.

De acordo com a defesa de Wouter, o corpo do “cliente” havia sido cremado e, por isso, não houve condições de fazer análise de DNA dos restos mortais para confirmar a identidade após a descoberta de que o morto, na verdade, era o ex-major.

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