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Capital

Exames devem mostrar se garoto baleado por policial estava embriagado

Polícia abriu nova investigação para saber se adolescente estava alcoolizado no dia em que empresário foi morto a tiros por PRF

Luana Rodrigues | 17/01/2017 17:57
Adolescente sendo socorrido por bombeiros no dia do crime. (Foto: Simão Nogueira)
Adolescente sendo socorrido por bombeiros no dia do crime. (Foto: Simão Nogueira)

A Polícia Civil iniciou nesta terça-feira (17) as investigações sobre a possibilidade de o adolescente de 17 anos, envolvido na morte de Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, ter ingerido bebida alcoólica no dia em que o empresário foi morto pelo policial rodoviário federal, Ricardo Hyun Su Monn, 47 anos.

O inquérito sobre a morte do empresário terminou nesta sexta-feira (13). Moon foi indiciado por homicídio doloso – quando há intenção de matar - e dupla tentativa de homicídio, já que atirou contra um adolescente de 17 anos e o padrasto dele, Agnaldo Espinosa da Silva, 48 anos, que estavam com Adriano no carro. 

Para saber se outro crime foi praticado no dia da morte do empresário – como o de fornecer bebida a menor de idade - a polícia vai recorrer a exames feitos pelo adolescente na Santa Casa.

“Vamos conferir exames, pedir cópias de documentos, para saber se foi constatado algo neste sentido, caso tenha sido, os autores serão responsabilizados”, afirma o delegado titular da Dpca (Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente), Paulo Sergio Lauretto.

De acordo com a assessoria de imprensa da Santa Casa, pacientes que dão entrada no hospital na mesma situação que o adolescente passam por exame de sangue, que pode sim indicar a presença de álcool.

O garoto foi atingido por dois tiros na perna, disparados por Ricardo. Ele chegou a ficar internado, mas passa bem.

Conforme o delegado, caso fique confirmado que o adolescente bebeu, a responsabilidade pelo crime será de quem forneceu a bebida alcoólica a ele naquela data.

Ouvido pelo Campo Grande News no último sábado (14), o padrasto do garoto, disse que acreditava que o objetivo da polícia era “desviar o foco” da morte de Adriano.

“Eles estão falando que a gente estava bêbado, mas nem tem como provar isso, porque nem o bafômetro nós fizemos naquele dia. Independente disso, não sei meu filho bebeu, porque não fiquei com ele o tempo todo na festa, mas estou com minha consciência limpa”, disse Agnaldo Espinosa.

Investigação morte - O inquérito sobre a morte de Adriano, com 531 páginas, já foi encaminhado ao Ministério Público Estadual, mas segundo a delegada responsável pelo caso, Daniella Kades, alguns laudos, entre eles o da reconstituição feita no último dia 11, não foram finalizados.

Kades diz que a Polícia Civil irá encaminhá-los aos promotores responsáveis pela denúncia à Justiça serão anexados posteriormente. “Tivemos que cumprir o prazo de dez dias para encaminhar os autos ao MPE. O restante das provas serão anexadas conforme elas ficarem disponíveis”, disse a delegada.

O advogado de ‘Coreia’, Renê Siuf, disse ao Campo Grande News que ainda não teria tido acesso à acusação formal da Polícia Civil, que está em São Paulo (SP) e se integraria sobre o caso apenas na próxima quinta-feira (19).

O caso - Moon permanecerá na carceragem na sede do Garras (Delegacia Especializada e Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), onde está preso desde o último dia 5, quando a Justiça voltou atrás de sua própria decisão inicial de conceder liberdade provisória ao acusado no dia ocorrido e acatou o pedido de prisão preventiva feito pelo MPE.

O ato virou motivo de discórdia entre a Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso do Sul e a Justiça, com troca de desabafos por meio de notas oficiais das associações correspondentes.

Conforme foi recapitulado pela perícia em reconstituição realizada no último dia 11, Ricardo Hyun Su Moon conduzia sua Mitsubishi Pajero prata naquela manhã em sentido à rodoviária, onde embarcaria para Corumbá (a 419 km de Campo Grande), seu posto de trabalho na PRF. Após uma suposta briga de trânsito, ele atirou sete vezes contra a Hilux branca do empresário.

Nascimento, dono de dois restaurantes japoneses na cidade, morreu na hora, perdeu o controle do veículo e bateu em um poste. Um jovem de 17 anos que o acompanha foi baleado nas pernas. Outro acompanhante no veículo, um supervisor comercial, de 48, quebrou o braço esquerdo e sofreu escoriações com a batida. Ambos foram socorridos conscientes.

O policial ficou no local do crime e chegou até a discutir com uma das vítimas, mas não foi preso na ocasião, mesmo com a presença da PM. Posteriormente, ele acabou sendo indiciado em flagrante ao comparecer na delegacia com um advogado e representante da PRF.

Em seu depoimento, Moon disse que agiu em legítima defesa. Afirmou que as vítimas não o obedeceram mesmo após ele se identificar como policial, que tentaram lhe atropelar ao fugir dele e que viu um objeto escuro que poderia ser uma arma na mão de uma das vítimas. Repetiu a alegação durante a reconstituição e foi confrontado pelas duas testemunhas sobreviventes.

Atendendo pedido também feito pelo MPE, a Corregedoria da Polícia Militar e a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) abriram inquérito para investigar se houve favorecimento a ‘Coreia’ por parte dos PMs que atenderam a ocorrência. A Corporação não se manifesta sobre o assunto.

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