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Capital

Famílias montam acampamento próximo a aterro e são retiradas pela prefeitura

A maior parte do grupo é composto por pessoas desempregadas e que perderam a única fonte de renda por conta da pandemia

Geisy Garnes e Liniker Ribeiro | 27/07/2020 16:52
Famílias foram obrigadas a desmontar os barracos prontos (Foto: Kísie Ainoã)
Famílias foram obrigadas a desmontar os barracos prontos (Foto: Kísie Ainoã)

Cerca de 150 famílias foram forçadas a deixar área pública às margens da BR-262, próximo ao aterro sanitário do Bairro Dom Antônio Barbosa II, nesta segunda-feira (27), em Campo Grande. Desde ontem, o grupo constrói barracos ao lado do terreno já loteado da antiga favela Cidade de Deus.

As famílias contam que a maior parte do grupo é composto por pessoas desempregadas e que perderam a única fonte de renda por conta da pandemia do novo coronavírus. Sem ter para onde ir, resolveram ocupar o terreno da Prefeitura de Campo Grande às margens da rodovia. Por isso, desde ontem limpar a área, marcaram o espaço de cada um e montam os barracos.

Nesta manhã, a polícia apareceu pela primeira vez e avisou as famílias que voltariam mais tarde com equipes da Semadur (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana) e da Guarda Municipal. Por volta das 15 horas, as equipes municipais chegaram ao local com uma retroescavadeira e mandaram que os barracos já construídos fossem desmontados.

“Chegaram aqui com máquina, limpando tudo. Não teve conversa. Eles só explicaram que a área é da prefeitura”, lamentou Eliane Souza, de 40 anos. Enquanto vê todo o trabalho ser desfeito, a mulher reclama da postura do município diante da situação vulnerável das famílias que escolheram ficar ali, em uma área que estava cheia de lixo, abandonada pelo poder público. “Nós não queremos nada dado, que eles possam parcelar para gente”.

Segundo Eliane, com a desocupação as famílias não terão para onde ir e muitas, até mesmo com crianças, vão “dormir ao relento”. Lucimara Marcelina, de 34 anos, é uma delas. Mãe solteira de três filhos – de 17, 12 e 8 anos – está desembargada e sobrevive apenas com o auxílio emergência disponibilizado pelo Governo Federal por conta da pandemia.

Máquinas chegaram na tarde de hoje, e desmontaram barracos. (Foto: Kisie Ainoã)
Máquinas chegaram na tarde de hoje, e desmontaram barracos. (Foto: Kisie Ainoã)

Quando foi surpreendida pelas equipes, já estava com o barraco pronto e precisou desmontar tudo que havia construído. “Não sei para onde vou. Vou ter que morar de favor. Tenho minha mãe, mas não dá para morar todo mundo com ela”, lamentou. Também desembargada, Adriana Silva, cuida de três crianças e há pouco descobriu estar grávida do quarto filho. “Não tenho como pagar aluguel, não sei o que vou fazer”.

A situação também se repete na história de Ingrid Mesquita de Araújo. “Já vendi droga, fui casada com bandido, já paguei tudo o que eu tinha e não sei o que fazer. Vivo de sacolão doado pelo CRAS (Secretaria Municipal de Assistência Social.) e ainda assim tem contas de água, luz. Fui despejada e não estou trabalhando. Aqui só tem mãe e pai de família”.

Pelo menos quatro equipes da Guarda Municipal e também da Semadur acompanham a desocupação. As demarcações feitas pelas famílias são limpas e os moradores orientados a recolher todos os pertences, de madeiras e lonas até eletrodomésticos.

Em nota a Semadur informou que anteriormente a fiscalização já havia retirado os ocupantes desta área pública e a administração municipal, inclusive, teria realocado essas famílias em novas áreas devidamente regularizadas.

"Portanto, hoje estava sendo realizada uma nova tentativa de ocupação e a Prefeitura, de acordo com a Legislação e para a proteção do patrimônio público, realizou a operação para impedir tal ocupação irregular da área pública", diz a Semadur.

Matéria editada às 20h38 para acréscimo de informações***

Confira a galeria de imagens:

  • (Foto: Kísie Ainoã)
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