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Capital

Fila de testagem dobra esquinas e pacientes madrugam no local para fazer exame

Morador em situação de rua dormiu no primeiro lugar da fila e outros chegaram três horas antes de abrir

Guilherme Correia e Beatriz Magalhães | 12/01/2022 08:10
Centenas de pessoas deverão realizar testes de covid nesta quarta-feira, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)
Centenas de pessoas deverão realizar testes de covid nesta quarta-feira, em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

Por volta das 6h30 desta quarta-feira (12), a fila de pacientes com suspeita de covid-19 em centro de testagem no Centro de Campo Grande era grande e dobrava duas esquinas, três horas antes do local abrir. A maior parte da oferta de exames para detecção de coronavírus tem sido feita pela rede pública, por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), e nesta manhã, o Campo Grande News conversou com quem chegou com antecedência ao local para garantir o exame.

Paulo conta que está desde terça-feira na fila para saber se está, ou não, com covid-19. (Foto: Marcos Maluf)
Paulo conta que está desde terça-feira na fila para saber se está, ou não, com covid-19. (Foto: Marcos Maluf)

O primeiro na fila dormiu no local desde a terça-feira para poder se testar hoje. Morador em situação de rua, Paulo Rodrigues relata que sentiu alguns sintomas gripais – semelhantes ao de covid ou gripe - e que compareceu no centro de testagem em prédio da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) para o diagnóstico. “Não estou me sentindo muito bem e vim fazer o teste.”

A unidade funciona a partir de parceria da instituição de ensino com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), das 7h às 17h30, não é preciso agendamento prévio, mas é preciso retirar senha no próprio lugar.

João diz que está desde 4h desta quarta-feira para ser testado. (Foto: Marcos Maluf)
João diz que está desde 4h desta quarta-feira para ser testado. (Foto: Marcos Maluf)

Logo atrás dele, João Sérgio, de 60 anos, que mora nos Estados Unidos, aguardava pela vez de ser testado, mesmo que não tenha sintomas da doença. Ele explica que para entrar novamente no país estadunidense, tem de apresentar exame que comprove a não infecção, e que preferiu realizar o teste na Capital, antes de embarcar para São Paulo. “Como o prazo é de 72 horas, prefiro fazer aqui, logo", completa.

João voltou ao Brasil para ver familiares, durante as férias, e na véspera do retorno, passou no centro de testagem. Ele diz que chegou no local por volta das 4h.

A vendedora Dayene Santana, de 34 anos, diz à reportagem que está com sintomas como febre e dor de garganta e no corpo, mas que não foi dispensada no trabalho. “Fui na UPA [Unidade de Pronto Atendimento] e lá, eles pedem o encaminhamento para o teste. Por causa do trabalho, preciso entregar logo.”

Ela conta que foi orientada a continuar trabalhando enquanto o exame não sair e que foi medicada no posto de saúde com dipirona e remédios para a garganta, todos para aliviar os sintomas.

Pacientes chegam com horas de antecedência para garantir testes de covid. (Foto: Marcos Maluf)
Pacientes chegam com horas de antecedência para garantir testes de covid. (Foto: Marcos Maluf)

Demanda - De acordo com dados levantados pela reportagem, Campo Grande tem, atualmente, a maior demanda de testes em toda a pandemia da covid-19 - ou seja, desde março de 2020. A média de exames em todas as unidades de saúde e laboratórios particulares é de aproximadamente 1,5 mil por dia. Antes do fim do ano, chegou a ser próxima a 300.

A Sesau já informou que a população não deve se concentrar apenas no centro de testagem da UCDB, já que unidades de saúde realizam testes de antígeno e RT-PCR. Contudo, a demanda também nestes locais é alta e novos drive-thrus têm sido abertos em parceria com o governo estadual.

O eletricista Wallace Venancio chegou por volta de 4h20 nesta manhã, também com dores na garganta e corpo, além de coriza. Ele relata que não conseguiu senha para testagem nas UPAs do Coophavilla, Jardim Leblon e Aero Rancho na terça-feira, e que hoje, foi tentar a sorte no Centro.

Mais para o final da fila, que dobrou esquina com a Rua Padre João Crippa e chegava na Rua Dom Aquino, o designer de interiores João Vitor Antunes, de 22 anos, e a estagiária Yasmin Neri, de 19 anos, resolveram vir juntos, pois os dois amigos tinham sinais gripais – ele com dor de garganta e febre e ela com dor de cabeça e cansaço.

Os amigos chegaram às 6h50 e se surpreenderam com o alto fluxo de indivíduos logo cedo. “Não imaginávamos que a fila ia estar tão grande neste horário”, diz João.

Yasmin relata que foi em triagem do Hospital da Unimed, mas que estava muito lotado e preferiu vir no centro de testagem. Os dois estão vacinados e iriam receber a terceira dose, mas por conta da espera pelo resultado, poderão deixar para a outra semana.

Fila chegou até a dobrar a esquina da Rua Dom Aquino. (Foto: Marcos Maluf)
Fila chegou até a dobrar a esquina da Rua Dom Aquino. (Foto: Marcos Maluf)

Autoridades sanitárias entendem que a possível circulação da variante Ômicron - considerada mais infecciosa e, talvez, com menor letalidade - seja responsável pelo alto índice de contágio do coronavírus em Mato Grosso do Sul.

Passados dias após o período festivo e de férias, onde famílias e amigos se reuniram em todo o Estado para as tradicionais confraternizações, o número de casos tem assustado, já que cresceu, desde o fim de 2021, pelo menos sete vezes.

Vale ressaltar que as vacinas têm conferido aumento na proteção de indivíduos, em relação aos casos graves da doença, que incluem morte ou internação e, por isso, a média de mortes permanece no mesmo patamar verificado nos últimos meses, muito inferior ao pior momento da pandemia, no primeiro semestre do ano passado.

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