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Capital

Fumaça que toma condomínio há 2 dias prejudica moradores e animais

Corpo de Bombeiros resgatou filhote de capivara no local; problema com fogo em área de 5 hectares causa mais transtornos

Humberto Marques e Clayton Neves | 13/07/2019 10:15
Filhote de capivara procurou abrigo no imóvel e foi levado para o Cras. (Foto: Kísie Ainoã)
Filhote de capivara procurou abrigo no imóvel e foi levado para o Cras. (Foto: Kísie Ainoã)

Incêndio em uma grande propriedade ao lado do condomínio Leonel Brizola, entre o Jardim Tijuca e o Jardim Leblon, no sul de Campo Grande, causa transtornos a moradores e animais da região há, pelo menos, 48 horas. Entre a fumaça e a fuligem, reclamações sobre a sujeira e problemas respiratórios são comuns na manhã deste sábado (13). Nesta manhã, um filhote de capivara –que possivelmente vive nas matas do Córrego Lagoa, em frente ao local– foi socorrido em meio à fumaça.

Moradores relataram ao Campo Grande News que há pelo menos dois dias uma área de cerca de 5 hectares no cruzamento da Rua Napoleão Marques Siqueira com a Avenida Dr. Nasri Siufi (a Marginal Lagoa, prolongamento da Avenida Prefeito Lúdio Martins Coelho), em frente ao residencial, está em chamas. Mesmo com a presença do Corpo de Bombeiros, o fogo retorna. Na sexta-feira (12), a fumaça se espalhou pela região, prejudicando até mesmo a visibilidade durante o dia.

Na manhã deste sábado, os bombeiros foram acionados para socorrer a pequena capivara, que apareceu no hall de entrada do condomínio –a presença de exemplares da espécie ao longo da Nasri Siufi, assim como em outros córregos de Campo Grande, é comum. Populares disseram que o filhote estava bastante debilitado. Ele foi recolhido pelo resgate e levado ao Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres).

Em meio a este atendimento, moradores contavam que enfrentem há dois dias problemas com o fogo na área, onde até 2016 funcionou uma fábrica de carvão ecológico. Segundos os relatos, foi ateado fogo e, em meio à madeira e o mato seco, o incêndio se alastrou. Equipes dos bombeiros estiveram mais de uma vez na propriedade, mas ainda há material em brasa que, com o tempo seco, não se extingue.

Fogo em área na frente de residencial começou há cerca de dois dias...
Fogo em área na frente de residencial começou há cerca de dois dias...
... e fumaça tem causado incômodo a moradores. (Fotos: Kísie Ainoã)
... e fumaça tem causado incômodo a moradores. (Fotos: Kísie Ainoã)

“Acordei hoje incomodado com a fumaça. Ontem, deixei as janelas abertas e a fuligem invadiu”, afirmou o guarda municipal Osael Pedrozo, 39, que vive em um apartamento em frente à área. Também morador do local, Wanderlei Carneiro, 38, cobrou da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) autuação do proprietário da área e apontou prejuízos à saúde dos vizinhos com a situação.

“Nesse condomínio moram 116 famílias, tem muita criança que fica com problema respiratório. Tem de notificar, encontrar os donos (do terreno) e obrigar a fazer a limpeza”, disparou Carneiro, segundo quem “encontrar um animal agora procurando abrigo por causa do fogo é só reflexo de que a situação está muito complicada” –referindo-se ao filhote de capivara. No Leonel Brizola, uma criança de 6 anos atribuía à fumaça a morte de seu cachorro.

Na área – Apesar do mato e da sujeira, o terreno não está vazio. No local, foi encontrado um casal que vive nas instalações da fábrica desde o fechamento desta. A moradora, uma diarista de 37 anos que preferiu não se identificar, afirma que trabalhava no estabelecimento e, desde o fechamento, permaneceu no espaço.

A mulher relatou ser difícil para o casal assumir a responsabilidade pela limpeza de toda a área. “Meu marido faz a limpeza como dá, mas não consegue em tudo”, afirmou. Ela negou que tenham sido eles a atearem fogo no imóvel –prática atribuída a algum morador das imediações– e disse que o proprietário, que não foi localizado pela reportagem, havia se comprometido a enviar patrolas para ajudar na retirada de materiais e para conter o fogo.

Fuligem invadiu áreas comuns e apartamentos de residencial. (Foto: Kísie Ainoã)
Fuligem invadiu áreas comuns e apartamentos de residencial. (Foto: Kísie Ainoã)

Incêndios na área urbana da Capital, muitos deles provocados por moradores, têm sido frequentes neste ano, conforme já apontado em diversas reportagens do Campo Grande News. Entre o Tijuca e o Leblon, há relatos diários de pessoas que têm ateado fogo em propriedades –como terrenos baldios e até no mato ao redor de ruas não pavimentadas– sob o pretexto de realizar a “limpeza”.

O período entre junho e agosto é considerado crítico pelas autoridades por conta das queimadas urbanas que, aliadas à baixa umidade do ar e ao vento, costumam fugir do controle. Neste ano, a campanha Agosto Alaranjado –que adverte ser crime a prática de se utilizar fogo para a limpeza de propriedade – foi antecipada pelo Comitê Municipal de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais e Urbanos.

Incêndios provocados podem ser comunicados ao Corpo de Bombeiros, pelo telefone 193, ou às equipes da secretaria, pelo 156. A prática pode render multa de até R$ 5 mil e pena de até dois anos de prisão.

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