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Capital

Geografia favorece o tráfico de drogas da Vila Nhanhá

Aline Queiroz e Nadyenka Castro | 10/01/2011 14:34

Fator cultural também concorre para o crime no bairro com maior registro de ocorrências

Jovens perambulam pelas vias e podem avisar traficantes sobre movimentação de desconhecidos. (Foto: João Garrigó)
Jovens perambulam pelas vias e podem avisar traficantes sobre movimentação de desconhecidos. (Foto: João Garrigó)

Geografia e a própria cultura são os principais fatores que fazem da Vila Nhanhá um dos piores bairros quando o assunto é o tráfico de drogas.

O bairro tem ruas que fazem muitas curvas, assim como nos morros cariocas, onde o combate ao crime passou por ações de enfrentamento mais eficazes no mês de novembro.

As vias também são estreitas e, desta maneira, os traficantes conseguem “controlar” a entrada da Polícia. As casas ficam praticamente grudadas umas nas outras e há alguns terrenos baldios e entulhos pelas ruas.

Como as ruas são pequenas e os moradores se conhecem, quando entram nestas vielas carros e pessoas desconhecidas, os traficantes são avisados por "amigos" que ficam nas calçadas ou perambulando pelo local. São adolescentes, homens, mulheres e até crianças.

Ruas com curvas e estreitas dificultam trabalho da Polícia e favorecem os traficantes. (Foto: João Garrigó)
Ruas com curvas e estreitas dificultam trabalho da Polícia e favorecem os traficantes. (Foto: João Garrigó)

Quem mora no bairro e não está envolvido com o tráfico de drogas vive com medo. Estes moradores são monossilábicos quando o assunto é a criminalidade e não aceitam se identificar nem mostrar o rosto. Eles afirmam que já presenciaram diversas cenas de violência.

"Aqui tem muito barulho, tiro, briga. É assim quase todo dia", disse um vidraceiro de 31 anos que há 26 mora no local. Segundo ele, morador novo no bairro muda de endereço "em duas semanas".

O vidraceiro conta ainda que usuários de todas as classes sociais compram entorpecentes na Nhanhá. "Aqui vem muita gente. É funcionário público, de político, empresário, pobre, rico".

Uma dona de casa de 67 anos revela que muitos moradores estão envolvidos com o tráfico de drogas. "Aqui o tráfico é muito pesado. Tem mulher, jovem e até criança envolvido com isso. Tem de tudo".

Há quatro anos na Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico), o delegado Marco Balsanine acredita que o fator cultural também concorre para o problema.

“Se uma pessoa vem de fora e quer comprar droga ela pergunta para um usuário e ele indica a Vila Nhanhá”, afirma.

De acordo com o delegado, o bairro registra maior número de ocorrências de tráfico de drogas.

Policiais do 10° BPM (Batalhão da Polícia Militar) prenderam ontem seis pessoas em uma boca de fumo, que, segundo os presos, era chefiada por um adolescente de 15 anos.

O delegado ressalta que, tanto a PM quanto a Denar, fazem operações constantes na região.

No entanto, é necessária uma postura de enfrentamento, que deveria envolver os órgãos de saúde, a prefeitura e até a sociedade.

“Enquanto existir demanda vai haver traficante”, conclui.

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