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Capital

Grupo protesta por morte a facada no Caiobá com pedidos de doação de sangue

Pelo menos 40 pessoas estiveram, na manhã deste sábado, no Hemosul da Capital

Liniker Ribeiro e Ana Oshiro | 28/11/2020 09:41
Familiares e amigos de Everton Quebra de Oliveira durante manifestação pacífica, na manhã deste sábado (Foto: Kísie Ainoã)
Familiares e amigos de Everton Quebra de Oliveira durante manifestação pacífica, na manhã deste sábado (Foto: Kísie Ainoã)

Familiares e amigos de Everton Quebra de Oliveira, assassinado a facada no último domingo (22), no Bairro Caiobá II, em Campo Grande, protestaram pacificamente, na manhã deste sábado (28), em frente ao Hemosul da Capital. Cerca de 40 pessoas participaram de ação de doação de sangue como forma de homenagear Everton, conhecido por suas boas ações.

Momento especial para quem, repentinamente, teve de se despedir do filho, irmão, tio, amigo. Pessoas como a consultora imobiliária Cláudia Alves da Silva, de 53 anos, que além de vizinha, era considerada por Everton como mãe.

Ao Campo Grande News, Cláudia lembra da vez que, internada, precisou de doações de sangue, tendo sido ajudada pelo “filho postiço”.

“Essa ação hoje é uma forma de retribuir a doação que ele me fez quando sofri acidente. Ele tinha muito medo de hospital, de agulha, de tirar sangue, mas enfrentou o medo e doou para mim”, lembra.

Cláudia considerava Everton como filho (Foto: Kísie Ainoã)
Cláudia considerava Everton como filho (Foto: Kísie Ainoã)

Além disso, a manifestação por meio de ação solidária, segundo participantes, também foi a forma como familiares e amigos encontraram para retribuir as bolsas de sangue recebidas pela outra vítima de facadas desferidas pelo suspeito de assassinar Everton, que até a última sexta-feira (27) esteve internado se recuperando de quatro ferimentos.

“A gente não pode deixar ficar tudo por isso mesmo, queremos fazer manifestação por justiça, ele era uma pessoa muito boa, ajudava todo mundo, qualquer amigo que ligava pedindo ajuda, ele parava o que estava fazendo e ia ajudar. É uma forma de manter viva a memória do Everton e clamar por justiça. Chega de tantas famílias destruídas, de tanta mãe chorando por falta de amor e empatia ao próximo”, complementou Cláudia.

Para Thalia Miranda, de 22 anos, esposa de Everton, a ação é uma forma de lembrar da generosidade do marido, que desde a primeira doação de sangue, fazia questão de ir ao Hemosul. “Nos últimos meses ele não estava doando porque tinha feito tatuagem recentemente, mas sempre que via que estava faltando sangue, comentava que queria vir doar”, relata.

Thalia, esposa de Everton, emocionada ao falar do marido (Foto: Kísie Ainoã)
Thalia, esposa de Everton, emocionada ao falar do marido (Foto: Kísie Ainoã)

A babá Débora Bragant, de 49 anos, também considerava Everton como filho, e fez questão de participar do protesto. “A ideia é manter a memória dele viva, vamos fazer outras manifestações e ações para continuar ajudando as pessoas e manter a memória dele pela família e, principalmente, por justiça. Não vamos deixar que ele seja esquecido”, comenta.

Entre as ações programadas, passeata com flores e balões será realizada neste domingo (29), às 16h, no cemitério Memorial Park, onde Everton foi enterrado.

Justiça – Durante a manifestação, além de lamentarem o ocorrido, participantes também explanaram indignação com o fato do suspeito ter se apresentado à polícia, porém não ter sido preso.

"É um absurdo o fato dele ter sido liberado. A todo momento, lá na festa, ele parecia um psicopata, ficou incitando a briga. Eu saí da festa junto com o Everton, ele foi defender o sobrinho, não foi caçar briga com ninguém", argumenta Thalia.

Para a família, a forma como tudo aconteceu demonstra muito sobre a atitude do autor. ”Para mim que ele levou a faca com alguma intenção, ninguém anda com uma faca daquele tamanho dentro do carro”, comentou a irmã da vítima, que pediu para não ser identificada.

A familiar lembrou ainda do momento em que se dirigia com o irmão ao local da festa realizada no dia do crime. “Quando estávamos indo, o GPS estava dando uma rota contrária, como se fosse para voltar para casa. Fico pensando, será que se a gente tivesse voltado, isso teria acontecido? Todo mundo tem uma hora para morrer, mas talvez poderia não ter sido naquele momento”, destacou emocionada.

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