“Ideia era só dar um susto, não matar”, conta envolvido em execução
Investigações apontam que encontro foi marcado para acerto de contas
A Justiça decretou a prisão preventiva de cinco homens suspeitos de envolvimento na morte de Luan Felipe Pereira Santana, de 24 anos, executado a tiros na Praça dos Amigos, no bairro Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande. O crime ocorreu na noite de terça-feira (7), e as decisões foram tomadas durante audiências de custódia realizadas no Fórum da Capital. Um dos envolvidos contou que o grupo tinha em mente dar um susto, e não matar a vítima.
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A Justiça decretou prisão preventiva de cinco homens suspeitos de envolvimento na morte de Luan Felipe Pereira Santana, 24 anos, em Campo Grande. O crime ocorreu na Praça dos Amigos, no bairro Maria Aparecida Pedrossian, na noite de terça-feira (7). Os suspeitos foram identificados como Rafael Cardoso, Eduardo Oliveira, Matteo Rosa, Vinicius Moreira e Geovany Santos. Segundo depoimentos, o crime foi motivado por vingança após uma briga envolvendo a ex-namorada da vítima. Vinicius confessou ter efetuado três disparos contra Luan.
Foram mantidos presos Rafael de Luca Mareco Cardoso, 21 anos; Eduardo Kim Miranda de Oliveira, 20 anos; Matteo Dalmati da Rosa, 20 anos; Vinicius César de Souza Moreira, 21 anos; e Geovany dos Santos, 24 anos. Todos respondem por tentativa de homicídio, caracterizada por emboscada e dissimulação, o que dificultaria a defesa da vítima.
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Na decisão, o juiz destacou a gravidade do crime, que envolveu disparos de arma de fogo em via pública, e afirmou que a prisão é necessária “para resguardar a ordem pública e o andamento das investigações”. O magistrado também determinou que os acusados recebam atendimento médico e psicológico, após relatos de ansiedade e depressão feitos por alguns deles.
Durante os depoimentos, Matteo e Rafael preferiram permanecer em silêncio, enquanto Geovany, Vinícius e Eduardo apresentaram versões sobre o crime.
Geovany relatou que a motivação teria começado com uma briga envolvendo uma mulher. Segundo ele, “Matteo disse que Augusto estava na Santa Casa porque bateram nele por causa de uma mulher e falaram ‘vamos bater nesse cara’. A ideia era só dar um susto no Luan, não matar”, contou.

Quem admitiu ter atirado foi Vinícius, de 21 anos. “No local, eu que atirei. Dei três tiros. Eu só ia falar com ele, mas o Luan veio agressivo pra cima de mim”, afirmou. Ele disse ainda que o motorista “não sabia do que se tratava” e que “ninguém pediu para matar”.
Já Eduardo contou que o irmão dele havia sido agredido por Luan dias antes. “Meu irmão disse que apanhou porque estava saindo com a ex-namorada do Luan. Fui para conversar. Só soube que estava armado quando Matteo passou a arma para Vinícius”, relatou. Ele afirmou ainda que o grupo fazia piadas antes de sair de casa. “Ficaram brincando que iam ‘apagar’ ele, mas era todo mundo zoando”, disse.
Durante os depoimentos, o motorista do carro, Marcos Vinícius, negou qualquer participação no crime e disse ter sido chamado apenas para fazer uma corrida. “Rafael me chamou para levá-lo até o Pedrossian e depois trazê-lo de volta. Ele falou que ia apenas conversar com uma pessoa. Eu não conhecia os outros e não sabia do que se tratava”, relatou.

O suspeito contou ainda que ficou em choque ao perceber o que havia acontecido. “Quando vi que ele sacou o revólver e atirou, entrei em desespero. Ele me mandou correr e disse que eu não tinha visto nada”. Marcos foi ouvido e liberado na delegacia.
Os demais envolvidos confirmaram que o motorista não sabia do plano e “caiu de gaiato” na situação, como afirmou um dos interrogados.
O Ministério Público se manifestou a favor da prisão preventiva, apontando o risco de novas ações violentas e a necessidade de preservar as provas. A defesa pediu liberdade provisória, mas o juiz negou, afirmando que o caso envolve “forte clamor social e indícios consistentes de participação dos réus”.
Luan Felipe foi sepultado na manhã desta quinta-feira (9), no Cemitério Parque de Campo Grande, no bairro Pioneiros. O Campo Grande News foi até o local da despedida, mas, abalados, familiares e amigos não quiseram conversar com a reportagem.
O crime — Conforme o boletim de ocorrência, o grupo foi identificado por equipes do Batalhão de Choque da Polícia Militar a partir de uma denúncia anônima. O principal suspeito, Rafael de Luca Mareco Cardoso, de 21 anos, confessou ter planejado a emboscada após a vítima agredir seu amigo, identificado apenas como Augusto, que precisou ser internado na Santa Casa.
Rafael contou aos policiais que reuniu outros cinco comparsas para vingar o ocorrido. Por meio do WhatsApp, ele marcou um encontro com Luan, levando-o ao local onde Luan foi assassinado. O grupo chegou à praça em um Volkswagen Taos cinza, conduzido por Marcos Vinícius Lima Recalde.
De acordo com os depoimentos, Vinícius César de Souza Moreira foi quem atirou contra Luan, efetuando três disparos de dentro do carro após uma discussão. Também estavam no veículo Eduardo Kim Miranda de Oliveira, Geovany Santos, Matteo Dalmati da Rosa (proprietário da arma, um revólver calibre .32) e o próprio Rafael.
Durante a operação, os policiais localizaram todos os envolvidos. Cinco deles, Rafael, Eduardo, Vinícius, Geovany e Matteo, foram encontrados juntos no quarto de Matteo, na casa localizada na Rua João Azuaga, onde a arma do crime foi apreendida dentro de uma cômoda.
Matteo admitiu ter comprado o revólver há dois meses por R$ 3,5 mil. O veículo Volkswagen Taos, usado na execução, também foi apreendido em outra residência.
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