Hospital não informa óbito e familia só fica sabendo 18 horas depois
No mesmo dia do óbito, família teria recebido informação de que a paciente estava estável e "super bem".
A família de Almezinda Alves de Almeida de 82 anos reclama de atendimento no Hospital Unimed, em Campo Grande. Segundo parentes, eles só souberam do óbito 18h após ser constatado.
A história é longa. Na versão da família, a idosa passou mal e foi levada ao Pronto Atendimento do hospital na sexta-feira passada (11), com a garganta muito inflamada. Ela não conseguia comer, nem beber e foi diagnosticada com infecção urinária forte e pneumonia. "Mesmo assim a liberaram", diz a sobrinha. Márcia Bernardes, de 56 anos.
Segundo ela, a tia foi colocada em uma casa de repouso para que pudesse receber atendimento 24 horas. “Fui o fim de semana todo ver como ela estava e não tinha melhorado nada. Na segunda-feira, após o almoço fui novamente e vi que ela estava bem fraquinha, a pressão dela estava 8, saturação 60, e 38 graus de febre, acionei a ambulância novamente e levaram ela direto para o pronto socorro da área covid. A partir daí não pude mais vê-la”, explicou.
No final da tarde do mesmo dia, a sobrinha foi atendida por um médico que disse que a tia estava grave, com grau de pneumonia muito alto. “Achei estanho ele ter afirmado sem nem ter recebido o resultado dos exames. Fiquei descompensada, ainda mais porque não pude mais ver ela”, contou Márcia.
Depois de várias tentativas de alguma informação, a sobrinha foi atendida a noite com informações de que o coração da idosa estava inchado, glicemia e batimentos altos. Informaram que ela seria internada. “Me disseram que ela ficaria ali na sala de isolamento e dependendo da evolução dela iria para os boxes ou CTI. Assinei a internação e fui embora”, afirmou.
No dia seguinte (15) o hospital informou via telefone que a idosa estava estável, respondendo as medicações, batimentos tinham normalizado, glicemia estava controlada e saturação também. Na quarta-feira (16), informaram a Márcia que a tia havia saído do balão de oxigênio e que estava “super bem”. “Achei estranho ela ter melhora de tudo em pouco tempo, mas ficamos felizes avise toda a família”.
Na quinta-feira (17) Márcia estranhou a demora da ligação do hospital, mas no final da tarde recebeu um telefone. “Uma mulher do hospital me ligou praticamente brigando comigo porque já fazia 18 horas que minha tia tinha morrido e eu não havia ido lá para retirar o corpo. Fiquei em choque, não entendi. A mulher percebeu e desligou o telefone. Eu tentei ligar, mas ninguém atendeu. Liguei no hospital e após um passar para o outro não me informaram o óbito, apenas mandaram eu comparecer ao hospital”, explicou.
A mulher então foi ao hospital e uma equipe de médico e supervisores a atendeu afirmando que a idosa havia subido para a enfermaria na terça-feira e após passar mal foi encaminhada novamente a ala da covid. Na quarta-feira o estado dela teria piorado com uma insuficiência respiratória, seguida de parada cardíaca e veio a óbito as 23h de quarta-feira (16).
“Eles não deram a atenção que ela merecia. Levaram ela para enfermaria onde ficam pacientes que não necessitam de alguém ali do lado 24 horas e minha tia precisava. Na quarta-feira me ligaram falando que ela estava super bem e ela morreu no mesmo dia. No hospital ninguém explicou nada”, relatou.
“Não quero prejudicar ninguém, quero apenas alertar outras famílias. Quantas não passaram pelo que eu passei?”, conclui.
Em nota, o hospital informou que lamenta o falecimento da paciente. Sobre o ocorrido, afirmou que a equipe assistencial seguiu protocolos rígidos durante o atendimento da idosa, a fim de garantir a saúde e bem-estar da mesma.
A Unimed ainda explicou que está apurando a possibilidade de ter ocorrido algum ruído na comunicação entre a unidade hospitalar e os familiares para que sejam tomadas as providências necessárias.
“Neste momento de pandemia da Covid-19, a unidade hospitalar está sobrecarregada, resultado do acúmulo do alto número de novos casos e aumento substancial de atendimentos, sendo atualmente o maior pico da doença. Os profissionais da saúde que trabalham incansavelmente nesta batalha contra o coronavírus estão exauridos”, encerra a nota.