"Hulk" nega ter matado Grazi, "saiu da minha casa andando"
Edson está sendo julgado na manhã desta sexta-feira, por matar e enterrar ex-mulher em fossa de quintal

"Matar ela, eu não matei, eu tenho certeza e minha consciência limpa", assim, Edson Firmo Camargo, de 36 anos, conhecido como "Hulk" encerrou o depoimento diante dos jurados na manhã desta sexta-feira (3), no Tribunal do Júri, em Campo Grande.
Edson está sendo julgado pela morte da ex-mulher, Graziele Quele Ferreira Gomes, de 39 anos. O assassinato aconteceu no dia 1º de maio de 2020, o corpo de Grazi foi encontrado enrolado em um lençol, dentro de uma fossa desativada no quintal de uma casa.
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Ao longo dos minutos de fala, "Hulk" respondeu as perguntas do juiz Aluízio dos Santos Pereira e do próprio defensor, Rodrigo Stochiero. De modo natural e "sem ter nada para esconder", ele retratou que a vida dele e de Grazi foram marcadas por excessos de álcool e droga.
"A Grazi era usuária de droga, fazia programas sexuais para sobreviver e também manter o vício. A gente se conheceu em um bar e depois de uma conversa, decidimos morar juntos, já que ela não tinha como pagar aluguel. Mas não éramos um casal", contou Edson.
De acordo com o depoimento do réu, ele e Grazi viveram dessa forma por seis meses, às vezes, tinham relações, mas nunca houve um relacionamento de fato. Mesmo depois que a vítima mudou de casa, o contato continuou e frequentemente ela voltava à casa de "Hulk" para comer, tomar banho e pedir dinheiro.

No dia do crime, 1ª de maio de 2020, Edson disse que passou a tarde no bar e, ao chegar em casa, já à noite, encontrou Grazi na varanda, dizendo que estava ali para conversar. Conforme o depoimento, Grazi pediu R$ 20, mas Edson negou e os dois brigaram "Ela me avançou, eu levantei o braço e pegou no nariz dela mesmo". O ferimento fez Grazi sangrar, contou Edson, mas "sangrou pouco", disse o réu.
Mesmo depois da briga, a vítima não quis ir embora do local, então, Edson contou que pediu ajuda de um amigo de Grazi, pedindo pra ele ir buscá-la. "Ela saiu lá de casa andando, ela e esse amigo, que também era usuário de drogas", disse o réu, acrescentando que ficou com medo de Grazi voltar e "fazer um pizeiro", então, decidiu trancar a casa e passar a noite na casa da mãe.
Na casa da matriarca, "Hulk" voltou a beber com o irmão e na manhã do dia seguinte, ficou sabendo do crime. O aviso veio da irmã, que mora na mesma região. "Minha irmã ligou para minha mãe para saber se eu estava lá, pensou que tinha acontecido alguma coisa comigo e avisou que tinha um monte de polícia lá na frente".
Segundo Edson, a primeira informação foi do achado de um corpo. "Não sabia se era homem ou mulher". Mais tarde, a mesma irmã avisou que a vítima era Grazi. Mesmo sabendo disso, Edson não saiu da casa da mãe. "Estava lá bebendo, não tinha o que fazer lá, bêbado. Fiquei lá na vila tomando cerveja com meu irmão".
O juiz Aluízio questionou se Edson não foi para casa com medo de ser preso, o réu respondeu que "não tinha porque ter medo, se eu tivesse, tinha fugido, mas fiquei lá na vila. Tanto que a polícia me pegou lá".
"Hulk" ainda contou que não pagou ninguém para limpar o sangue no chão da casa, que foi apenas uma coincidência. "Eu pagava R$ 20 pra mulher ir toda semana faxinar, sempre que passava lá, ela limpava, não mandei ela limpar aquele dia específico", disse o acusado.
A defesa - Os detalhes do caso narrado no plenário do tribunal do júri nesta manhã, mostram a vulnerabilidade escondida em Campo Grande.
No dia do crime, todos os envolvidos estavam sob efeito de drogas. O próprio autor estava bêbado há mais de 12 horas. As testemunhas ouvidas na delegacia, não foram encontradas para prestar depoimento à Justiça na fase de audiência.
É essa vulnerabilidade e a falta de elementos concretos que baseiam a tese da defesa: negativa de autoria. "Ele nega, desde a fase de audiência, ele nega o crime", reforçou o defensor Rodrigo Stochiero, dizendo que a defesa acredita que não há elementos concretos para confirmar a autoria.