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Capital

"Hulk" nega ter matado Grazi, "saiu da minha casa andando"

Edson está sendo julgado na manhã desta sexta-feira, por matar e enterrar ex-mulher em fossa de quintal

Ana Oshiro e Geisy Garnes | 03/09/2021 11:16
"Hulk" prestou depoimento, negou matar Grazi e contou sua versão do dia do crime. (Foto: Marcos Maluf)
"Hulk" prestou depoimento, negou matar Grazi e contou sua versão do dia do crime. (Foto: Marcos Maluf)

"Matar ela, eu não matei, eu tenho certeza e minha consciência limpa", assim, Edson Firmo Camargo, de 36 anos, conhecido como "Hulk" encerrou o depoimento diante dos jurados na manhã desta sexta-feira (3), no Tribunal do Júri, em Campo Grande.

Edson está sendo julgado pela morte da ex-mulher, Graziele Quele Ferreira Gomes, de 39 anos. O assassinato aconteceu no dia 1º de maio de 2020, o corpo de Grazi foi encontrado enrolado em um lençol, dentro de uma fossa desativada no quintal de uma casa.

Ao longo dos minutos de fala, "Hulk" respondeu as perguntas do juiz Aluízio dos Santos Pereira e do próprio defensor, Rodrigo Stochiero. De modo natural e "sem ter nada para esconder", ele retratou que a vida dele e de Grazi foram marcadas por excessos de álcool e droga.

"A Grazi era usuária de droga, fazia programas sexuais para sobreviver e também manter o vício. A gente se conheceu em um bar e depois de uma conversa, decidimos morar juntos, já que ela não tinha como pagar aluguel. Mas não éramos um casal", contou Edson.

De acordo com o depoimento do réu, ele e Grazi viveram dessa forma por seis meses, às vezes, tinham relações, mas nunca houve um relacionamento de fato. Mesmo depois que a vítima mudou de casa, o contato continuou e frequentemente ela voltava à casa de "Hulk" para comer, tomar banho e pedir dinheiro.

Acusado por assassinato de ex-mulher, "Hulk" disse que ele e Grazi nunca foram um casal de verdade. (Foto: Marcos Maluf)
Acusado por assassinato de ex-mulher, "Hulk" disse que ele e Grazi nunca foram um casal de verdade. (Foto: Marcos Maluf)

No dia do crime, 1ª de maio de 2020, Edson disse que passou a tarde no bar e, ao chegar em casa, já à noite, encontrou Grazi na varanda, dizendo que estava ali para conversar. Conforme o depoimento, Grazi pediu R$ 20, mas Edson negou e os dois brigaram "Ela me avançou, eu levantei o braço e pegou no nariz dela mesmo". O ferimento fez Grazi sangrar, contou Edson, mas "sangrou pouco", disse o réu.

Mesmo depois da briga, a vítima não quis ir embora do local, então, Edson contou que pediu ajuda de um amigo de Grazi, pedindo pra ele ir buscá-la. "Ela saiu lá de casa andando, ela e esse amigo, que também era usuário de drogas", disse o réu, acrescentando que ficou com medo de Grazi voltar e "fazer um pizeiro", então, decidiu trancar a casa e passar a noite na casa da mãe.

Na casa da matriarca, "Hulk" voltou a beber com o irmão e na manhã do dia seguinte, ficou sabendo do crime. O aviso veio da irmã, que mora na mesma região. "Minha irmã ligou para minha mãe para saber se eu estava lá, pensou que tinha acontecido alguma coisa comigo e avisou que tinha um monte de polícia lá na frente".

Segundo Edson, a primeira informação foi do achado de um corpo. "Não sabia se era homem ou mulher". Mais tarde, a mesma irmã avisou que a vítima era Grazi. Mesmo sabendo disso, Edson não saiu da casa da mãe. "Estava lá bebendo, não tinha o que fazer lá, bêbado. Fiquei lá na vila tomando cerveja com meu irmão".

O juiz Aluízio questionou se Edson não foi para casa com medo de ser preso, o réu respondeu que "não tinha porque ter medo, se eu tivesse, tinha fugido, mas fiquei lá na vila. Tanto que a polícia me pegou lá".

"Hulk" ainda contou que não pagou ninguém para limpar o sangue no chão da casa, que foi apenas uma coincidência. "Eu pagava R$ 20 pra mulher ir toda semana faxinar, sempre que passava lá, ela limpava, não mandei ela limpar aquele dia específico", disse o acusado.

Além da imprensa, apenas duas pessoas da família de Edson acompanham júri. (Foto: Geisy Garnes)
Além da imprensa, apenas duas pessoas da família de Edson acompanham júri. (Foto: Geisy Garnes)

A defesa - Os detalhes do caso narrado no plenário do tribunal do júri nesta manhã, mostram a vulnerabilidade escondida em Campo Grande.

No dia do crime, todos os envolvidos estavam sob efeito de drogas. O próprio autor estava bêbado há mais de 12 horas. As testemunhas ouvidas na delegacia, não foram encontradas para prestar depoimento à Justiça na fase de audiência.

É essa vulnerabilidade e a falta de elementos concretos que baseiam a tese da defesa: negativa de autoria. "Ele nega, desde a fase de audiência, ele nega o crime", reforçou o defensor Rodrigo Stochiero, dizendo que a defesa acredita que não há elementos concretos para confirmar a autoria.

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