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Capital

Imagina em semana de prova: “ameaças” de chacina em escolas são rotina para PM

“Estratégia” da gurizada para interromper o dia letivo pode gerar consequências graves, alertam policiais

Anahi Zurutuza e Ana Beatriz Rodrigues | 06/04/2023 18:49
Amarildo Santa Cruz, coordenador operacional da Ronda Escolar no Estado, durante fiscalização em escola. (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Amarildo Santa Cruz, coordenador operacional da Ronda Escolar no Estado, durante fiscalização em escola. (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Nos últimos quatro dias, pelo menos seis “ameaças” de atentado em escolas foram registradas em Campo Grande. Só nesta quarta-feira (5), foram duas, em colégios da rede estadual e municipal. Este tipo de ocorrência está na rotina da Polícia Militar e quase sempre não passam de trotes. Imagina em semana de prova.

“Podemos dizer que quase diariamente somos chamados. A maioria das vezes são estudantes que querem causar tumulto, em semana de provas, por exemplo”, afirma o tenente-coronel Carlos Augusto Pereira Regalo, chefe da Comunicação da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul).

Canivetes, soco inglê e réplica de arma apreendidos em escolas. (Foto: Paulo Francis)
Canivetes, soco inglê e réplica de arma apreendidos em escolas. (Foto: Paulo Francis)

Consequências - A “estratégia” da gurizada para interromper o dia letivo, contudo, pode gerar consequências graves, uma vez que tira as equipes policiais do patrulhamento de ruas da cidade para contornar situação desnecessária, além de gerar pânico.

O sargento Richardson Melo Duchini, da equipe de polícia comunitária do 10º Batalhão da PM, lembra ainda que a criança ou o adolescente também pode ter de enfrentar a lei. “No ano passado, eu encaminhei sete adolescentes para a especializada [delegacia] por causa desse tipo de coisa”, revelou à reportagem.

Duchini dá palestras em escolas e para pais de alunos sobre bullying e carrega na mochila itens que já apreendeu durante vistorias em escolas, após ameaças de supostos massacres, como canivetes, soco inglês e uma arma falsa.

Na hora de dar um “puxão de orelha” na garotada, ele mostra o material apreendido, uma forma de se aproximar dos olhares curiosos, mas também de alerta. “A gente fala também sobre desacato, dano ao patrimônio...”, conta o sargento.

Dois chamados em um dia - Nesta quarta-feira (5), o policial militar esteve em escola municipal do Bairro Aero Rancho, onde trote causou pânico, principalmente depois do que o Brasil testemunhou, horas antes, o massacre em uma creche em Blumenau (SC).

Durante a tarde, em momento de fúria, adolescente fez menção de estar armado dentro de sala de aula. Assustados, alguns dos estudantes avisaram os pais pelo celular e foi então que começou a chuva de ligações para a emergência da PM.

Já na escola, policiais chamaram o garoto para conversa e ele admitiu ter mentido sobre ter uma arma. A mochila do estudante já havia sido revistada e nada foi encontrado. A equipe da PM fiscalizou outras mochilas e constatou que tudo não passou mesmo de uma fantasia. O caso seria encaminhado para a Semed (Secretaria Municipal de Educação), para que providência administrativa fosse tomada.

Também ontem, após aviso de que “massacre” aconteceria na Escola Estadual Blanche Dos Santos Pereira, no Bairro Tijuca, também no sul de Campo Grande, alunos tiveram as mochilas e os pertences revistados pela equipe da Ronda Escolar da Polícia Militar. Nada de irregular foi encontrado e o autor da ameaça não foi identificado.

O policial militar Amarildo Santa Cruz, coordenador operacional da Ronda Escolar no Estado, comentou que, somente nesta semana, as equipes já haviam atendido quatro denúncias do tipo. Os relatos eram os mesmos, de alertas pichados nos banheiros. “Cada escola tem o seu perfil de abordagem em situações como essa. É necessária a ronda escolar justamente para tranquilizar os pais, que ficam apavorados e sem saber como agir”, afirmou à reportagem.

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