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Capital

Intenção é boa, mas fitinha vermelha no “lixo covid” é recado "fake"

Imagem de falsa campanha viraliza no Whatsapp, mas Solurb orienta a reforçar o saco de lixo e higienizar antes de colocar na rua

Izabela Sanchez | 05/08/2020 15:25
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Os coletores de resíduos são a parcela de trabalhadores que lidam com aquilo que todos produzem, mas poucos querem ver: o lixo. Em tempos de pandemia, corrente de Whatsapp tem feito viralizar imagem com orientação, ao que tudo indica, “com boas intenções”: colocar fitinha vermelha em lixo que seja de alguém contaminado pelo novo coronavírus para evitar contágio nos coletores. A intenção pode ser boa, mas, na prática, atrapalha e pode até gerar pânico.

É o que explica a Solurb, concessionária responsável pela coleta de resíduos em Campo Grande. Com a imagem “fake” viralizando, a empresa precisou  reforçar a campanha criada no início da pandemia, com arte publicitária e orientação correta de como agir nesses casos. Nenhuma das orientações envolve colocar fitinha vermelha no “lixo covid”.

Essa é a orientação oficial da Solurb para quem vive com pessoas contaminadas e suspeitas (Imagem: Reprodução)
Essa é a orientação oficial da Solurb para quem vive com pessoas contaminadas e suspeitas (Imagem: Reprodução)

Orientação -  A Solurb tem "passo a passo" mais simples do que fitinhas vermelhas. Quem divide o espaço com pessoas contaminadas, mesmo suspeitas, ou até quem vive sozinho e está com covid-19, deve utilizar máscara para manipular esse lixo que será colocado na rua.

Esse é o primeiro passo, até porque, fazendo isso, evita espalhar gotículas do novo coronavírus na casa onde mora, e pode reduzir a permanência do vírus nas superfícies.

O segundo passo é colocar esses resíduos que podem estar contaminados em dois sacos de lixo, e utilizar desinfetante para limpar os sacos, por fora, antes de coloca-los na rua para a coleta.

Por último, esse lixo deve ir para a coleta comum, não para a seletiva (do lixo reciclável), porque pode contaminar materiais que serão, depois de transformados, reutilizados.

Deu problema – É o que explica o gerente operacional da empresa, o engenheiro sanitarista Bruno Velloso Vilela. Há cerca de quatro meses, as boas intenções de “quatro ou cinco casas”, contou ele, deram trabalho a mais para esses trabalhadores. Os moradores sinalizaram até com papelão para avisar sobre o “lixo covid”.

Com isso, confundiram os coletores, que no pânico ou na dúvida, deixaram o resíduo para trás. Em todos os casos, que foram pontuais, segundo garante Bruno, a empresa precisou deslocar o mesmo caminhão que recolhe o lixo hospitalar do Hospital Regional Rosa Pedrossian, referência para a covid-19, até essas casas.

“Isso causa pânico no próprio funcionário, que pode acabar deixando o lixo para trás. Fizemos reuniões e orientações desde o começo. Estamos conscientizando as pessoas porque ali tem outro trabalhador que vai ter que pegar esse resíduo”, comenta Bruno.

Segundo Bruno, a falsa orientação começou a viralizar “entre quinta e sexta”. “A gente tem recebido e agora vamos ter que reforçar a nossa. Isso tem gerado problemas operacionais, e pode gerar ainda mais. O coletor vai procurar a fita vermelha, fica confuso”, comenta.

“A gente já ofereceu treinamento, inclusive eles coletam pegando apenas na ponta do saco, e, por esses motivos, não fazemos uma campanha massiva indicando fazer isso”, diz ele.

O gerente operacional declarou que, mobilizar caminhão de lixo hospitalar até as residências, provocaria aumento no custo do serviço em até vinte vezes “onerando o município”.

Casos – Bruno afirma que, até agora, não há nenhum caso confirmado de covid-19 nos mais de 700 trabalhadores.

Presidente do Steac (Sindicato dos trabalhadores de empresas de conservação e asseio), Wilson Gomes da Costa disse que apesar de todo cuidado e treinamento, a pandemia “tem efeito no psicológico” dos trabalhadores dessa linha de frente.

Wilson também afirma que não há casos de covid entre os coletores da Solurb. “Vivemos com muita preocupação. O coletor sai dali e vai direto para casa dele. A empresa está fazendo trabalho de higienização dos caminhões, estão dando material para os trabalhadores", afirma.

“Infelizmente, ou felizmente, a gente ainda tem a coleta de lixo que é um serviço essencial. Há uma necessidade que não pode parar. O psicológico é afetado, com preocupação, medo do contato”, diz o sindicalista.

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