Júri de homem que matou amigo a marteladas pode ser anulado a 2ª vez
Crime ocorreu em novembro de 2018 em Campo Grande; autor do crime abandonou o corpo da vítima em Aquiduana

Após ter o júri cancelado em novembro do ano passado após tentativa do Ministério Público de reclassificar o crime, Geronilson Souza do Nascimento, 24 anos, acusado de matar a marteladas o mecânico Belarmino Barbosa de Souza, 58 anos, no dia 24 de novembro de 2018 no Jardim Panamá, está sendo julgado nesta quarta-feira (5) na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande. O júri, porém, pode ser cancelado novamente.
Segundo defensor público Rodrigo Antônio Stochiero, o júri corre o risco de ser anulado porque o promotor do caso, Douglas Silva Teixeira, não atua na comarca de Campo Grande e está substituindo o colega que está de licença.
''Ele é promotor de Camapuã. O réu tem o direito de conhecer com antecedência quem vai julgá-lo e que seja por uma autoridade da jurisdição da Capital", explicou. Ainda segundo o defensor, após o resultado do júri, ele entrará com pedido de anulação.
Júri - Ao juiz Aluízo Pereira dos Santos, Geronilson sustentou a versão apresentada no primeiro júri, de que matou Belarmino em legítima defesa. Segundo o réu, os dois moravam juntos na casa onde ocorreu o crime e tinham uma boa relação. O conflito entre os dois começou quando Belarmino descobriu que o autor estava trocando mensagens com sua ex-mulher.
''Ele viu mensagem dela no meu celular e ficou perguntando se estávamos ficando. Toda vez ele perguntava. No dia do crime discutimos cedo e, quando voltei para casa, ele estava me esperando. Nós dois tínhamos bebido e ele ficou perguntando. Enjoei e disse que tinha ficado com ela, quando ele me deu uma porrada", contou o réu.
Segundo Geronilson, Belarmino foi até o quarto, pegou um martelo e tentou agredí-lo com a ferramenta. ''Consegui tirar da mão dele, dei dois golpes e ele se ajoelhou. Queria ajudá-lo, mas ele levantou e tentou me atacar. Dei um chute nele e outra martelada", disse.
Após matar a vítima, Geronilson limpou o sangue da casa, colocou o corpo no banco traseiro de um VW Gol que pertencia a Belarmino e seguiu para Aquidauana. Ele deixou o veículo nas proximidades do distrito Indaiá, onde o filho mora com a avó e foi visitar a criança.
Geronilson ficou aproximadamente 20 minutos no local e retornou ao ponto onde o carro havia sido deixado. Antes de chegar em Aquidauana, o corpo da vítima foi abandonado às margens de uma estrada. O carro foi deixado na entrada da cidade.
Com os documentos e cartão de banco de Belarmino, o autor chegou a ir até um banco para ver o extrato bancário da vítima, mas na conta só havia R$ 7. ''Usaria o dinheiro para pagar um advogado", relatou.
No mesmo dia, o autor chegou a ir a uma boate na cidade e, no dia seguinte (25), seguiu para uma fazenda na região, onde ganharia R$ 2 mil por um serviço. Segundo o réu, a intenção também era usar o dinheiro para pagar a defesa. Ele foi preso na segunda-feira (26).
O réu afirmou ao juiz que pretendia abandonar o carro da vítima com o corpo dentro nas proximidades de uma delegacia, mas ficou com medo. ''Eu iria explicar o motivo (do crime), mas fiquei com medo de ser recebido a tiros pela polícia por ser uma situação de flagrante", disse.
Geronilson também defendeu que cometeu o crime em legítima defesa e que a vítima era uma boa pessoa. ''Ele me ajudou muito e me deu força. Era um cara bacana", finalizou.
O réu está sendo julgado por homicídio qualificado por meio que dificultou a defesa da vítima e ocultação de cadáver.