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Capital

Levantamento mostra as ruas mais perigosas no trânsito de Campo Grande

Jovens adultos, do sexo masculino e principalmente motociclistas, são principais vítimas

Cleber Gellio | 04/12/2021 07:56
Acidente com moto na Av. Afonso Pena, ocorrido no mês de agosto. (Foto: Henrique Kawaminami)
Acidente com moto na Av. Afonso Pena, ocorrido no mês de agosto. (Foto: Henrique Kawaminami)

A Avenida Guaicurus é a campeã em número de mortes por acidentes de trânsito este ano, na Capital, com 3 óbitos, seguida da Avenida das Bandeiras, com 2, enquanto o restante das fatalidades ocorreram em diferentes localidades da cidade. É o que revela levantamento do BPTran (Batalhão de Trânsito da Policia Militar), realizado entre os dias 1º de janeiro e 18 de novembro, a pedido do Campo Grande News.

O estudo também aponta que as vias mais perigosas em relação a acidentes são, em primeiro, a Avenida Afonso Pena, com 333 notificações, seguida pela Avenida Duque de Caxias, com 202 casos e Avenida Mato Grosso, com 166, sucessivamente. “Por serem vias mais largas e fluxo com maior fluência, a probabilidade de acidentes também é maior. Por se tratar de uma grande quantidade de informações, utilizamos geoanálise [ferramenta para mapear os locais], que nos auxiliam na gestão dos dados e tomadas de decisões nesses logradouros”, explica o comandante do BPTran, tenente-coronel Wellington Klimpel.

Comandante do BPTran, Klimpel, mostra sistema de dados. (Foto: Cleber Gellio)
Comandante do BPTran, Klimpel, mostra sistema de dados. (Foto: Cleber Gellio)

Os números mostram que os atuais índices de acidentes seguem em ritmo mais lento aos registrados no ano passado. São 8.836 neste ano, destaque para o mês de maio no topo da lista, 581 casos, contra 9.291 episódios de 2020. Diante de patamares menores aos do período anterior, no quantitativo de acidentes, a expectativa é de que 2021 possa manter a inferioridade também em relação ao número de mortes.

No entanto, fatores como falta de atenção - o principal deles, com 59 registros - e desobediência à sinalização, além de ingestão de álcool, contribuem para a elevação dos índices, impactando, assim, diretamente nos demais indicadores de tal forma, que somente até a data do levantamento, 47 pessoas morreram na Capital, ante 50 mortes em todo o ano passado. "Estes resultados são de dados extraídos dos registros sobre óbitos somente nos locais dos sinistros e também restritos às vias municipais", informa Klimpel. Somando os óbitos confirmados in loco aos que ocorreram posteriormente, foram 77 em 2020.

Além das ocorrências registradas no município, os casos fatais que ocorrem em trechos de estradas federais, como o anel rodoviário da BR-163, por exemplo, são acrescentados no computo geral. Segundo dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal), entre janeiro e outubro, ocorreram 6 óbitos em vias sob administração federal, 33,3% menor em comparação ao mesmo período anterior, quando foram registradas 9 mortes. Nesta equação, em ambas situações, ainda faltam ser computados dados que compreendem o período de festas, considerados críticos.

Acidente com óbito em agosto, mês que registrou nove vítimas fatais. (Foto: Paulo Francis)
Acidente com óbito em agosto, mês que registrou nove vítimas fatais. (Foto: Paulo Francis)

Vítimas e veículos - Das mortes constatadas no local, 16 delas são de jovens entre 21 e 25 anos e o sexo masculino predomina, com 77% das vidas perdidas. As taxas de mortalidade com maiores proporções de ocorrência de acidentes com mortes, sendo 9 delas apenas no mês de agosto, envolvem motocicletas, carros e motonetas, respectivamente, além de bicicletas. Este último em níveis bem menores. Ao analisar especificamente os grupos de veículos sobre duas rodas, os dados são alarmantes, de acordo com o Sistema Integrado de Gestão Operacional (Sigo), que registra os Boletins de Ocorrências para o Governo de Mato Grosso do Sul, a Capital registrou 37 mortes, sendo 28 delas somente com motos.

A relevância de acidentes envolvendo motos se deve ao crescimento vertiginoso da frota de veículos na Capital durante as últimas duas décadas. Um aumento de 284,2% entre 1999, quando possuía 159.173 veículos, para 611.564 em 2021, segundo dados do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul). Neste contexto, o número de motos e motonetas representam 26,6% do total, ou seja, 163.500 veículos circulando nas ruas, atrás apenas dos carros que correspondem a 51,39% da frota, com 315.000 veículos.

Serviço - Segundo o comandante, além dos dados coletados no local, os boletins online têm auxiliado na estratégia de policiamento para prevenir e coibir situações que possam resultar em tragédias. Atualmente, o batalhão conta com 80 homens, sendo a metade deles do quadro operacional, atuando diariamente nas ruas de Campo Grande. “Trabalhamos com operações, de blitz e presença nas regiões em que os dados, tanto presencial quanto virtual, nos mostram como sendo as mais críticas”.

Nos casos em que os acidentes de trânsito não tenham vítimas, apenas avarias, o condutor pode realizar o boletim online pelo site da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

Além das atribuições do trânsito, o BPTran também realiza abordagens de rotina e que resultam em outras esferas criminais, como recaptura de pessoas evadidas do sistema prisional. “Este ano, foram quatro indivíduos recapturados”, conclui o tenente-coronel, que assumiu o comando do BPTran há seis meses.

Em tempo - Infelizmente, até a data de publicação desta reportagem, as perdas por causa de acidentes no trânsito, em Campo Grande, chegaram a marca de 70 mortes.

O Campo Grande News ainda fez contato com o departamento de fiscalização da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) e Guarda Civil Metropolitana (GCM) sobre os assuntos citados acima, mas até o fechamento desta edição, não obteve resposta.

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