"Lixão" recuperado por vizinhos hoje reúne até quem mora a 2 km de distância
Com a união da comunidade, o espaço no Jardim Panamá ganhou vida e virou polo de convivência
Onde antes tudo era tomado pelo mato alto e lixo, agora é lugar de convívio. A Praça do Panamá hoje é viva, com crianças, cachorros, adultos e muito movimento. O espaço de lazer, que era usado apenas para caminhadas, tornou-se referência na região, passou a unir vizinhos de muros que, até então, nem se conheciam, e gente que vive bem longe dali.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
A Praça Panamá, em Campo Grande, passou por uma transformação significativa graças à mobilização dos moradores locais. O espaço, antes abandonado e tomado pelo mato, tornou-se um ponto de encontro com parquinho, academia ao ar livre e área para atividades físicas. A iniciativa, liderada pela professora aposentada Maria Fátima Rodrigues, resultou na criação de uma associação com mais de 100 mulheres cadastradas. O local agora atrai frequentadores de bairros vizinhos e promove eventos mensais, incluindo uma feira de exposição com atrações culturais e gastronômicas.
Carlos de Oliveira, de 63 anos, um dos pioneiros do bairro, conta que, no início, o local era um “verdadeiro lixão”. A transformação começou de forma tímida, em parceria com os vizinhos.
“Todas as árvores que há aqui foram plantadas pelos moradores. Nós começamos a plantar e a estruturar cada lugar. Há uma vizinha que vinha ali da Vila Palmeira, de bicicleta, com garrafinhas de água para molhar as plantinhas.”
Após a organização dos moradores, que agora também conta com o apoio da Funesp (Fundação Municipal de Esporte e Lazer), a praça passou a ter parquinho para as crianças, academia ao ar livre para os adultos e um espaço destinado à realização de aulas de funcional, dança e ioga.
“Agora, no final da tarde, vêm muitas famílias, principalmente com crianças. Acho que o pessoal frequenta bem aqui. Vêm para caminhar, passear com os cachorros; outros forram o chão com panos, fazem piquenique e frequentam a praça. Tornou-se um lugar de encontro de família mesmo”, conta.

Ponta pé inicial — A professora aposentada Maria Fátima Rodrigues, de 60 anos, foi quem iniciou o movimento de transformação da praça. Ela mora há 25 anos no bairro e diz que já estava cansada de ver a área de lazer abandonada e sendo ocupada por usuários de entorpecentes.
“Há quatro anos eu falei: ‘vou atrás’. E, em maio, a gente conseguiu o apoio da Funesp. [...] Eles disseram para mim que, se eu montasse um grupo de 25 pessoas, trariam aulas para a gente. Saímos convidando todo mundo. Logo em seguida já vieram o pilates, a academia e o parquinho”, relembra.
Com as mudanças que a praça recebeu, as mulheres do bairro se uniram e criaram uma associação. O grupo passou a se reunir regularmente e também criou uma feira de exposição, realizada todos os segundos domingos de cada mês.
“A gente tem mais de 100 mulheres cadastradas na associação. Fazemos bastante cursos, já fizemos alguns passeios e, no dia 22, agora, vamos ter um passeio para a Furnas do Dionísio. A gente junta o grupo, aluga a van e viaja.”
Para Maria, o trabalho realizado pelos moradores foi apenas o começo. A aposentada conta que a vizinhança ainda planeja novas ações, como uma feira literária, com exposição de livros e contação de histórias, cuja inauguração está prevista para dezembro.
“A nossa feira conta com bastantes atrações: temos gastronomia, muito artesanato, costura criativa, brechó, bastantes doces. Também temos atrações culturais. A gente traz rock, dança, MPB, sertanejo; somos bastante ecléticos.”
Praça que une — Maria afirma que a maior mudança foi ver a praça “ganhando vida”. “Hoje, você olha e vê movimento, vê vida. A praça ganhou vida. Você olha e vê o tanto de gente que vem nela no final de semana e fica impressionado”, diz.
Conforme o movimento foi aumentando, outra transformação também aconteceu, mas desta vez, entre os moradores. “Agora a gente conhece todo mundo, formou um grupo de amizade bem bacana. Antes, éramos todos moradores antigos, mas ninguém conhecia ninguém, porque todo mundo ficava dentro de casa.”
Além de aproximar os moradores da região, a praça também uniu vizinhos de outros bairros. Entre eles está o professor aposentado Luiz Campos, de 66 anos, que mora no Jardim Canadá e percorre cerca de 2 km para chegar até a área de lazer.

“Eu sou suspeito para falar, não vou ser imparcial porque eu gosto muito dessa praça. No caminho para cá eu passo por outras três praças e a gente sequer pensa em parar; essa é a minha preferida. Ela é bem mais cuidada e também é bem aberta, o que é o que precisamos quando estamos com crianças.”
O professor conta que a “viagem” que faz até a praça ampliou a sua rede de amizades. “Hoje eu conheço várias pessoas. Às vezes nem converso, mas sei quem são. Aqui também encontro vários vizinhos que vêm aproveitar esse espaço. Eu acho sensacional.”
Entre os frequentadores, também há fidelidade ao local. O casal Mariana Resquim, de 25 anos, e Matheus Magalhães, de 26 anos, mudaram-se para o Lar do Trabalhador e, mesmo tendo duas praças próximas de casa, percorrem 2,5 km para continuar frequentando o espaço preferido.
“Essa praça é bem mais cuidada, é bem movimentada. Acho que ela deu uma reavivada aqui na região. A gente mudou para perto da Praça do Papa e continuamos vindo para cá porque lá não tem árvores, não tem uma sombra para ficarmos. Aqui é o nosso Parque das Nações”, brinca Matheus.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.
Confira a galeria de imagens:

















