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Capital

Lixo se espalha e transforma cenário da Capital no segundo dia de greve

Comerciantes temem que lixo acumulado espante fregueses da região central

Flávia Lima | 10/09/2015 09:52
Lixo acumulado na porta de lojas preocupa comerciantes, principalmente os do ramo alimentício. (Foto:Marcos Ermínio)
Lixo acumulado na porta de lojas preocupa comerciantes, principalmente os do ramo alimentício. (Foto:Marcos Ermínio)
Sem os serviços de varrição, lojistas procuram manter a limpeza nas calçadas do Centro. (Foto:Marcos Ermínio)
Sem os serviços de varrição, lojistas procuram manter a limpeza nas calçadas do Centro. (Foto:Marcos Ermínio)

A greve dos funcionários da Solurb, empresa responsável pela coleta de lixo em Campo Grande, entra em seu segundo dia e já transformou a paisagem da Capital, principalmente na região central, onde as montanhas de lixo se acumulam na porta das lojas e restaurantes.

Apesar de a coleta ser feita de forma escalonada, a paralisação já atinge praticamente 100% da Capital. Devido ao grande fluxo de pessoas e a concentração do comércio, o Centro é a região mais afetada, tanto que, em apenas dois dias, alguns pontos já estão quase intransitáveis devido a sujeira espalhada e ao acúmulo de dejetos, que imprime um visual degradante à fachada de algumas lojas.

Na tentativa de amenizar o problema, os próprios lojistas estão varrendo a frente de seus estabelecimentos e tentando organizar os sacos de lixo na calçada de forma que a sujeira não se espalhe com o vento. Funcionária de uma empresa de limpeza terceirizada que presta serviços a um centro comercial na Avenida Afonso Pena, Solange Barros da Silva tem ampliado a varrição também para o lado externo da galeria comercial. “Não acho certo fazer um serviço que já está pago pela população, mas se a gente não ajudar, vai ficar pior”, ressalta.

Ela reclama que a organização dos sacos de lixo dura pouco tempo, já que ao longo do dia diversos moradores de rua passam pelo local e abrem as embalagens em busca de alimentos ou algum material reciclável. Segundo Solange, além do volume, o lixo proveniente dos restaurantes causa mau cheiro e dificulta o trabalho dos vendedores que precisam ficar na calçada atraindo os clientes.

“Ninguém quer entrar em uma loja com esse monte de lixo na frente. Isso é uma vergonha”, reclama a vendedora Rayani de Souza. Ela conta que nesta quarta-feira (9) a situação não estava tão complicada e ficou surpresa ao descer do ônibus e observar o volume de lixo que se acumulou durante a madrugada.

Sua colega de vendas, Helen Fernandes, teme que as ruas do Centro se transformem em lixões com o prolongamento da greve. “Isso tem que ser resolvido logo porque os funcionários das lojas não tem obrigação de limpar a rua”, destaca.

Quem desce dos ônibus precisa tomar cuidado para não cair sobre os sacos acumulados. No ponto localizado em frente a loja de artigos populares Planeta, também na Afonso Pena, os passageiros são obrigados a desembarcar praticamente sobre os sacos que já extrapolam os limites da calçada. “O problema nem é tanto o visual, mas a saúde da população que está em risco. Sem falar nesse mau cheiro que você sente logo que chega no Centro”, diz a aposentada Maria Luna.

Para a aposentada, a população está sendo prejudicada por um problema que mal tem conhecimento. “Ninguém explica direito o que está acontecendo. Não sei quem de fato está com a razão porque para o povo ninguém apresenta recibo de nada”, pondera.

Mas quem corre o risco de realmente ter prejuízos financeiros é comércio de alimentos, já que na frente da maioria dos bares e lanchonetes há grandes acúmulos de lixos, causando má impressão aos clientes. A ambulante Izeni Menino de Queiroz, que vende chipas na Afonso Pena, próximo a esquina da Rua 14 de Julho, diz que teme pela perda da freguesia. “Ninguém vai querer parar aqui para comer sentindo esse cheiro”, afirma.

Longe do Centro, no Bairro Piratininga, onde a coleta também foi suspensa, o comerciante Geovane Pereira Torres diz que se tivesse um carro como uma pick up, se prontificaria a levar o lixo para algum local onde pudesse descartá-lo. "A situação está péssima e se ficar mais um dia pode piorar. Acho que a empresa deve ter uma reservar para pagar os funcionários, mas não quer pagar", diz.

Queda de braço - Os cerca de mil trabalhadores da Solurb entraram a greve alegando que dependem do pagamento pela prefeitura para voltar ao trabalho. De acordo com a direção da empresa, a concessionária tem cerca de R$ 23 milhões para receber da administração referente aos serviços de varrição e coleta de lixo feitas em junho e julho.

O advogado da Solurb, Ary Raghiant Neto, alega que no mês passado, a prefeitura repassou apenas R$ 1 milhão à empresa, referente ao saldo do mês de maio. O contrato prevê o pagamento mensal de aproximadamente R$ 7 milhões. Conforme o advogado, a prefeitura tem sido intransigente e se recusa a negociar com a Solurb.

Já a prefeitura informou, através de nota, que a Procuradoria Jurídica notificou a Solurb para que reiniciasse os trabalhos, por se tratarem de serviços essenciais e por isso não podem ser paralisados.

Ainda conforme a nota, a notificação é a primeira medida e caso a empresa não cumpra a determinação, a procuradoria irá ingressar na Justiça com uma ação cautelar.

A decisão foi reiterada no final da tarde desta quarta-feira (9) pelo prefeito Alcides Bernal (PP), que declarou, durante solenidade no Paço Municipal, que existe a possibilidade da prefeitura intervir administrativamente na CG Solurb para garantir a execução dos serviços.

O prefeito também ressaltou que até dia 24 de agosto a empresa recebeu R$ 56 milhões, rebatendo as declarações de que os funcionários teriam ficado sem salário por falta de repasses da prefeitura a empresa.

Nos bairros a situação também é complicada e as lixeiras domiciliares já não suportam o volume. (Foto:Marcos Ermínio)
Nos bairros a situação também é complicada e as lixeiras domiciliares já não suportam o volume. (Foto:Marcos Ermínio)
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