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Capital

Maçarico que lembra arma aparece em caminhonete e põe perícia em xeque

Aline dos Santos | 13/03/2017 11:52
Caminhonete está apreendida desde 31 de dezembro. (Foto: Alcides Neto)
Caminhonete está apreendida desde 31 de dezembro. (Foto: Alcides Neto)

O Instituto de Criminalística investiga a aparição de dois flambadores de sushi (maçaricos que lembram formato de revólver) na caminhonete Toyota Hilux do comerciante Adriano Correia do Nascimento, morto pelo policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon após briga de trânsito em 31 de dezembro de 2016.

De acordo com documentos anexados ao processo por homicídio, que tramita na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, a perita que analisou o veículo em duas ocasiões – 31 de dezembro (no local do fato) e em 2 de janeiro deste ano – relatou a localização de quatro objetos, sendo dois maçaricos e duas garrafas pet de bebida alcoólica.

Os flambadores foram avistados no assoalho da caminhonete em 4 de janeiro, enquanto as garrafas de Catuaba Duelo e Jurubeba Duelo foram localizadas em 9 de janeiro. Os flambadores estavam em frente ao banco dianteiro do passageiro.

A caminhonete está no pátio da Coordenadoria Geral de Perícias, na Avenida Senador Filinto Muller, Vila Ipiranga.

Conforme o relato da perita, que assegura ter feito duas perícias minuciosas na caminhonete, ela voltou a verificar o veiculo porque um colega levantou dúvida sobre a trajetória dos projéteis e, então, avistou os maçaricos.

Os materiais foram apreendidos para a análise e em fevereiro a coordenadoria instaurou o Auto de Investigação Preliminar 001/2017. A comissão ouviu quatro peritos. Os relatos dão conta que os flambadores foram manuseados sem luva por ao menos dois peritos.

A perita responsável pelas duas análises na caminhonete relatou que no mesmo dia 4 de janeiro uma emissora de televisão solicitou filmagem do veículo, que foi negada pela direção. Para ela, o fato de os flambadores não terem sido achados antes poderia repercutir mal para a imagem da Coordenadoria de Perícias.

Os quatro objetos passaram por perícia e foi encontrada a impressão digital de um perito numa das garrafas. A perita foi ouvida pela primeira vez em 9 de fevereiro, mas voltou a prestar declarações em 15 de fevereiro.

Na ocasião, ela esclareceu que as garrafas foram encontradas na caminhonete e aparecem em fotografias dos autos. As garrafas foram colocadas em um saco junto com outros objetos. Nesse trabalho, o perito, que não se recordava das garrafas, não usou luvas. Mas ela estranhou que as garrafas apareceram novamente no interior da caminhonete, coberta com lona desde 4 de janeiro.

Relatório, datado de 17 de fevereiro, conclui que os peritos não contribuíram e não se omitiram sobre os fatos. O documento sugere que uma cópia do procedimento seja encaminhado ao delegado-geral da Polícia Civil para apurar possível responsabilidade penal de terceiros “que tentaram macular o exame pericial realizado no veículo”.

O relatório ainda aponta que na há mecanismo de controle para acesso ao pátio. Em 2 de março, a coordenadora-geral de Perícias, Glória Suzuki, determinou o arquivamento.

Foto anexada a processo mostra assoalho no dia do crime e não havia maçarico. (Foto: Reprodução)
Foto anexada a processo mostra assoalho no dia do crime e não havia maçarico. (Foto: Reprodução)
No dia 4 de janeiro, fora encontrados dois maçaricos em assoalho, em frente ao banco do passageiro. Na foto, perito mostra um dos flambadores. (Foto: Reprodução)
No dia 4 de janeiro, fora encontrados dois maçaricos em assoalho, em frente ao banco do passageiro. Na foto, perito mostra um dos flambadores. (Foto: Reprodução)

Outro lado – A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) e aguarda retorno sobre questionamentos se o caso será repassado à Polícia Civil e se houve melhoria no acesso ao pátio.

O crime – O comerciante Adriano Correia do Nascimento, que conduzia uma caminhonete Toyota Hilux, foi morto na madrugada de 31 de dezembro de 2016, um sábado, na avenida Ernesto Geisel.

Na versão do policial, que era lotado em Corumbá e seguia em um Mitsubishi Pajero para a rodoviária, o condutor da Hilux provocou suspeita pela forma que dirigia e fez a abordagem após ter sido fechado. Nos depoimentos, ele reforçou que sempre se identificou como policial e disse que avistou um objeto escuro no veículo do comerciante.

Ricardo Moon, 47 anos, foi denunciado por homicídio doloso contra Adriano e tentativa de homicídio contra Agnaldo Espinosa da Silva e o enteado de 17 anos, passageiros da caminhonete. A denúncia do MPE (Ministério Público do Estado) chegou dia 23 de janeiro à 1ª Vara do Tribunal do Júri .

O PRF foi preso em 31 de dezembro e solto no dia seguinte. No dia 5 de janeiro, voltou a ser preso e deixou a prisão no dia primeiro de fevereiro.

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