Mãe e amigo da família são julgados por provocar aborto em adolescente
Mulher pediu ajuda para compra de medicamento, ingerido pela jovem, que abortou no 5º mês de gestação

Duas pessoas estão sendo julgadas por terem provocado aborto em uma adolescente de 16 anos, em crime ocorrido em maio de 2017, entre elas, a mãe da jovem. O processo envolve ainda mais dois acusados, mas foi desmembrado a pedido da defesa dos réus.
Os nomes dos envolvidos serão omitidos para preservar a vítima, hoje, com 22 anos. O julgamento está sendo realizado pela 1ª Vara do Tribunal do Júri, sob responsabilidade do juiz Carlos Alberto Garcete. O magistrado não permitiu imagens do plenário.
Estão sendo julgados a mãe da jovem, consultora de 43 anos, e pedreiro de 44 anos pelos crimes de provocar aborto com consentimento da vítima, associação criminosa, ocultação de cadáver e tráfico de drogas. Sobre a mãe, ainda recai corrupção de menores, previsto no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Na denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), consta que a consultora descobriu a gravidez da filha, então com 17 anos, no dia 7 de março de 2017.
A mãe da jovem pediu ajuda ao pedreiro, amigo da família, que recorreu à enfermeira de 44 anos. A profissional recorreu a um traficante de drogas abortivas, identificado como “Fefe da Pedra”.
Foram compradas quatro pílulas do medicamento Cytotec. A negociação foi feita no Camelódromo.
A jovem tomou o medicamento ainda introduziu uma das pílulas na vagina, mas não abortou, segundo a MPMS, por conta da gravidez avançada, de 21 semanas, aproximadamente 5 meses e meio.
A enfermeira recorreu novamente ao traficante e mais quatro pílulas foram compradas. A garota abortou e o feto foi enterrado no quintal da casa da família, com ajuda do pedreiro.
O caso foi descoberto depois que a jovem contou para o namorado o que havia ocorrido. O rapaz relatou à sua mãe, que acionou a PM (Polícia Militar).
Julgamento – No júri de hoje, estão apenas a mãe da jovem e o pedreiro. A enfermeira e “Fefe da Pedra” vão ser julgados posteriormente apenas por tráfico de drogas.
A jovem, hoje com 22 anos, prestou depoimento no julgamento. Diz que sempre quis abortar e recorreu a chás e medicamentos dermatológicos, que tinham na contra-indicaçao a deformidade do feto. “Não era gravidez desejada”, afirmou.
Segundo ela, vivia relacionamento abusivo com rapaz 10 anos mais velho e que também não queria a gravidez. “Falei pra ele que eu fiz o aborto, mas desde o começo ele sabia que eu queria fazer”, disse.