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Capital

Maioria nas ocupações irregulares, mulheres lotam Assembléia

Reflexo de um ano de crise, ocupações irregulares têm mulheres à frente; Elas reivindicam moradia de qualidade que caiba no orçamento

Izabela Sanchez | 24/10/2017 17:04
Mulheres estão à frente de ocupações irregulares (Izabela Sanchez)
Mulheres estão à frente de ocupações irregulares (Izabela Sanchez)

Reflexo de um período no qual a crise econômica 'fincou os dois pés' no Brasil, as ocupações irregulares, ou invasões, multiplicaram-se em Campo Grande entre 2016 e 2017. À frente dos movimentos que reinvidicam moradia estão as mulheres, mães solteiras e líderes do lar. Foi este o cenário da 'Reunião da Frente Parlamentar Estadual em Defesa da Assistência Social' da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul no início da tarde desta terça-feira (24).

A discussão, que aconteceria no Plenarinho Deputado Nelito, teve que ser transferida para o Plenário, onde o público ocupou todos os acentos disponíveis. A reunião é orientada por um grupo de trabalho, formado por representantes das ocupações e coordenada pelo deputado João Grandão (PT).

O encontro discute a situação de três das ocupações mais numerosas da Capital: Avenida Guaicurus, Jardim Samambaia e Jardim Canguru.

Queremos morar, mas queremos preço justo

A reunião que surpreendeu pelo público, também foi espaço de protesto. "Pagar para morar, mas pagar um preço justo" é o que reivindicam as mulheres que levaram filhos à tira colo, mas também cartazes com palavras de ordem. 'Nossa luta é por moradia digna', afirmava um dos gritos que estampavam as faixas.

Atendente, mas desempregada há um ano, Arlete Maria Ananias, 38, vive com 5 pessoas na ocupação irregular da Avenida Guaicurus. Pelo menos 130 famílias ocuparam, em junho, uma área próximo à Rua Ângela Espíndola Queiroz, no bairro Jardim Colibri II. O terreno, de aproximadamente 39 mil metros quadrados foi dividido em lotes.

Até as crianças foram acompanhadas das mães para a reunião (Izabela Sanchez)
Até as crianças foram acompanhadas das mães para a reunião (Izabela Sanchez)

Agora, conta ela, 180 famílias vivem no local. "Antes eu morava com a minha mãe, só que era muita gente e eu já estava desempregada", conta ela, que vive na ocupação com o marido e com os filhos. "Eu estava com os meus filhos e o meu esposo. Ele estava trabalhando com vidros, em vidraçaria". O marido também perdeu o emprego, conforme explicou.

Patrícia Barbosa, 30, vive na ocupação irregular do Jardim Samambaia desde dezembro, onde divide o espaço com mais de 300 famílias. A comunidade foi criada por integrantes de movimentos sem-teto em 19 de dezembro de 2016, no terreno onde funcionou, de 1980 a 2005, um clube de campo desativado.

"A gente quer pagar justo por uma coisa justa. Precisamos ter onde morar", comentou. Antes de ir até o local, morava no Jardim Los Angeles, onde pagava aluguel, água e luz. Quando a conta não fechou, conta ela, foi para a ocupação. "As mulheres estão mais à frente desse processo. Pagar aluguel é pesado, não temos como", comentou.

É o caso da jovem Daniele Carolina da Silva, 22, líder do lar e também da ocupação do Jardim Canguru, onde vivem, segundo ela, 34 famílias. "Estou lá há mais de um ano. Estava com mais de 3 alugueis atrasados. Seguramos até o último", comentou.

Frente Estadual - Além dos moradores das áreas irregulares, 19 entidades ligadas ao tema da moradia participam da discussão, que começou às 14h30. Os deputados Amarildo Cruz (PT), Antonieta Amorim (PMDB), Beto Pereira (PSDB), Cabo Almi (PT), Coronel David (PSC), Eduardo Rocha (PMDB), Flavio Kayatt (PSDB), Grazielle Machado (PR), Junior Mochi (PMDB), Lidio Lopes (PEN), Maurício Picarelli (PSDB), Onevan de Matos (PSDB), Paulo Corrêa (PR), Pedro Kemp (PT), Renato Câmara (PMDB) também integram a Frente.

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