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Capital

“Mantive a fé”, diz mulher sequestrada no Itanhangá

A vítima de 50 anos conversou com o Campo Grande News sobre 3 horas de terror ao lado de sequestradores

Dayene Paz | 19/09/2021 09:38
Cativeiro onde vítima ficou até o pagamento do resgate. (Foto: Paulo Francis)
Cativeiro onde vítima ficou até o pagamento do resgate. (Foto: Paulo Francis)

As últimas horas serviram para recuperar o fôlego e digerir a madrugada de terror vivida junto da filha e do esposo. De volta para casa, a vítima de 50 anos, que terá o nome preservado, aceitou conversar com o Campo Grande News sobre as horas intermináveis ao lado de sequestradores.

"Me submeti a tudo que eles pediam. Tentei manter a calma”, conta, aparentando ainda estar muito nervosa. Ela é casada com empresário de família tradicional de Campo Grande e mora há anos no mesmo endereço.

Na porta de casa, no bairro Itanhangá, conversa com a reportagem a metros do lugar onde foi feita refém ontem, ao chegar com a filha, de 21 anos, por volta das 23 horas. “Fui surpreendida por 3 homens armados, sem máscara ou luvas”, ou qualquer coisa que preservasse o rosto do bando, relata.

Rendidas, as duas foram obrigadas a entrar na residência de arquitetura sofisticada, dividida em 2 pavimentos. “Eles perguntavam a todo momento quem estava na casa. Eu avisei que era meu marido”.

No quarto, no piso superior, os assaltantes renderam o empresário de 61 anos e pediram R$ 50 mil para liberar a família. “Meu marido disse que não tinha como sacar R$ 50 mil naquele horário. Até falou em fazer PIX, mas eles não aceitaram e ficaram pedindo joias também”, detalha a vítima.

Sem o valor exigido, os homens deixaram pai e filha no quarto e desceram com a empresária sob a mira de revólver. “Pensei que iam me soltar, mas me colocaram no carro e saíram”, revela sobre um dos piores momentos da noite. “Meu marido se desesperou quando viu que o carro não estava na garagem. Também achou que iam me soltar”.

Os sequestradores pegaram o Audi A3 da vítima e começaram a rodar pela cidade, até chegarem ao cativeiro, no Bairro Rouxinóis. De lá, pediram o resgate.

“Rodamos aproximadamente por 10 minutos. A todo momento ameaçavam, mas pareciam estar bem seguros do que estavam fazendo”, diz.

No cativeiro, depois de um tempo de negociações, aceitaram R$ 18 mil em dinheiro e um relógio Rolex do marido da vítima. “Como era de madrugada, meu marido só conseguiu sacar R$ 9 mil da conta dele e R$ 9 mil da conta da minha filha. Ai eles aceitaram”.

Ponto de encontro foi combinado e assim que o resgate foi pago, a mulher foi solta em rodovia no Bairro Itamaracá.

“Eles me soltaram, entrei no bairro, andei uma quadra, apertei a campainha de um imóvel, mas ninguém saiu. Aí comecei a acenar e quando vi era a viatura da polícia que já estava me procurando”, conta sobre o fim do terror.

O carro foi localizado, sem as chaves horas depois, no local do cativeiro, no Jardim Pacaembú, perto da Avenida Guaicurus. “Jogaram fora, acho para evitar a identificação por digitais”, diz a mulher. Como o veículo só liga por aproximação, os sequestradores tiveram de abandonar o Audi, porque descartaram a chave no caminho.

Na casa de alvenaria, a mulher ficou presa em um quartinho, com colchão e uma geladeira. “Foi uma situação de muita tensão, mas mantive meu psicológico tranquilo e minha fé em Deus", resume sobre as 3 horas da madrugada de pânico.

Suspeito - Nesta manhã, a polícia identificou um dos suspeitos do sequestro: Claudinei dos Santos de Oliveira, de 29 anos. Ele foi preso em 2016 por assaltos a farmácias e roubo de malote. Na época, confessou que entraram nesse tipo de comércio em horários que só mulheres estavam no local.

As impressões digitais colhidas no carro da vítima podem ajudar a identificar todo os envolvidos.



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