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Capital

Matador de policiais usou dinheiro de roubo para quitar carro, suspeita polícia

O porteiro Ozeias Silveira de Morais, suspeito de roubo a joalheria, tinha dez veículos no nome dele

Marta Ferreira e Geisy Garnes | 16/06/2020 20:26
Viatura sem identificação que era usada por policiais quando foram mortos, no lugar do crime. (Foto: Paulo Francis)
Viatura sem identificação que era usada por policiais quando foram mortos, no lugar do crime. (Foto: Paulo Francis)

Na terça-feira passada (9), neste horário, Campo Grande estava em choque com a notícia de que dois policiais civis haviam sido assassinados, enquanto transportavam dois presos em viatura descaracterizada. O algoz, até então de passado sem qualquer mácula, estava sendo caçado pelas forças policiais. Uma semana depois, ainda não se sabe muito sobre as motivações de Ozeias Silveira de Morais, 45 anos, que acabou morto na madrugada de quarta passada, depois de atingir os agentes da lei na nuca e escapar.

Mas, para a policia, é certo que a “ficha limpa” dele escondia um criminoso experiente, capaz de roubar e matar a sangue frio. Um dos fios da meada que está sendo perseguido são os carros que Ozeias tinha em nome dele, uma dezena, com avaliação total em torno de R$ 250 mil.

A investigação jornalística feita mostra que a desconfiança é de que para assegurar a posse de pelo menos um dos veículos, um GM Cruze, Ozeias usou dinheiro sujo, produto do assalto a joalheria que os policiais estavam investigando. O crime foi cometido em 21 de maio, por dupla de bandidos.

No dia 13 de junho, reportagem do Campo Grande News mostrou que o porteiro de condomínio de luxo na Avenida Afonso Pena tinha 10 veículos registrados em seu CPF. Dois carros eram alvos de cobrança por atraso nas parcelas, em ações de busca e apreensão.

O Cruze ano 2012 era um deles. Segundo informado em processo judicial, o financiamento deixou ser pago a partir de agosto do ano passado. A dívida, em janeiro, estava acumulada em R$ 7,8 mil.

Havia ordem judicial de apreender o carro, para quitar esse valor e ainda as parcelas a vencer, num total de R$ 33 mil.

Coincidentemente, no dia 9 de junho, mesmo data na qual os policiais morreram, a BV Financeira, concedente do crédito a Ozeias, desistiu da ação de busca e apreensão, segundo peça protocolada. Isso, segundo a reportagem apurou, indica quitação do débito.

Essa pista, conforme apurado, está sendo seguida pela polícia, que não revela detalhes do inquérito. A investigação está sob responsabilidade da Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), na Vila Sobrinho, onde trabalhavam os investigadores de polícia judiciária Antônio Marcos Roque da Silva, de 39 anos, e Jorge Silva dos Santos, de 50 anos, mortos por Ozeias.

Ozeias Silveira de Morais não tinha passagens policiais até a terça-feira passada. (Foto: Direto das Ruas)
Ozeias Silveira de Morais não tinha passagens policiais até a terça-feira passada. (Foto: Direto das Ruas)

Andamento – Em razão da tragédia ocorrida com os investigadores, o inquérito sobre o roubo recomeçou, praticamente. O novo ponto de partida foi o depoimento William Dias Comerlato, 30 anos, que estava na viatura sem identificação no momento da execução de Antônio Marcos e Jorge.

William é casado com uma sobrinha de Ozeias. À polícia, negou participação no assalto à joalheria. A investigação feita até agora realmente o tira da cena do crime, mas revela ter feito um “favor” ao porteiro, que seria o de oferecer as joias no mercado clandestino.

William segue encarcerado, mas porque já tinha mando de prisão para cumprir pena por violência doméstica, de dois anos de reclusão. De acordo com a advogada dele, Regina Berni, a pena é para ser cumprida em regime semiaberto.

A reportagem constatou isso como fato. Porém, obteve a explicação de que, como William estava foragido, terá de passar por audiência de justificação na 1ª Vara de Execução Penal, que vai decidir o destino dele.

Divisão – Apenas o inquérito sobre o roubo de joias ficou com a Derf. As apurações sobre a morte dos policiais e o confronto no qual Ozeias acabou morrendo vão ficar a cargo da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio).

Chegou a ser divulgado que o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestros) cuidaria dos trabalhos sobre a execução dos agentes da lei, mas isso mudou e ficou decidido que a Homicídios ficará responsável por apurar as três mortes.

Imagem de circuito interno de joalheria captou um dos bandidos, de máscara e boné. (Foto: Reprodução de vídeo)
Imagem de circuito interno de joalheria captou um dos bandidos, de máscara e boné. (Foto: Reprodução de vídeo)

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