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Capital

Medicamento falta e produtor "perde" um ano de tratamento contra câncer

Imuno BCG teve fabricação suspensa e volta ao mercado em maio

Kleber Clajus | 28/02/2018 17:05
Apesar da preocupação, João Bosco tem esperança de uma solução para continuar seu tratamento (Foto: Kleber Clajus)
Apesar da preocupação, João Bosco tem esperança de uma solução para continuar seu tratamento (Foto: Kleber Clajus)

João Bosco Leal, 64 anos, perdeu um ano de tratamento contra o câncer de bexiga por falta do medicamento Imuno BCG em uma clínica oncológica de Campo Grande. O produtor rural, no entanto, seria um dos milhares de pacientes que não encontram doses nas distribuidoras por conta da suspensão de fabricação imposta pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária).

"Meu médico fez a solicitação da quimioterapia, no ano passado, que incluiu doses semanais por seis meses e depois aplicações a cada 28 dias. Entreguei uma planilha desde o início do tratamento no Ceon [Centro Especializado em Oncologia] e disseram que teriam minha dose até abril. Liguei ontem [28] para confirmar a aplicação e não acharam para comprar", relatou João Bosco. "Fico chateado porque tinha até abril para o médico trocar o medicamento. Me trato há dois anos e meio contra o câncer e não posso ter interrupção [nesse cuidado]".

A reportagem do Campo Grande News questionou a clínica sobre o caso, que alegou falta do Imuno BCG, fabricado pela Fundação Ataulpho de Paiva, em distribuidoras. Funcionária ainda confirmou não haver similares no mercado e que no atendimento ao produtor rural em novembro emprestou duas âmpolas do Hospital Alfredo Abrão, que não pode devolver.

Para a Unimed Campo Grande, da qual João Bosco é cooperado, todo o procedimento está assegurado e mediante a falta de medicamento prescrito "aconselha que o paciente procure novamente o médico e avalie a necessidade de alternativas referentes ao tratamento".

Suspenso - Em dezembro de 2016, a fabricação do Imuno BCG foi suspensa pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), após inspeção constatar o descumprimento dos requisitos de boas práticas na fabricação de produtos injetáveis e verificar a ineficiência dos processos para identificação de desvios de qualidade e suas causas.

"Considerando o elevado risco sanitário identificado na inspeção conduzida em novembro de 2016, a Anvisa determinou a suspensão da fabricação do medicamento Imuno BCG", disse a agência em nota."Concluiu-se que os riscos suplantavam os benefícios".

Quase um mês depois a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) questionou a Anvisa sobre “outros fabricantes que tenham aprovação das vacinas BCG e Imuno BCG, indispensáveis no tratamento complementar do câncer de bexiga”. A entidade não confirmou resposta sobre possíveis substitutos a medicação, lançada em 2006, para o tratamento de câncer de bexiga.

Retorno - Após nova inspeção sanitária, entre 29 a 31 de janeiro de 2018, a agência passou a reconhecer que a Fundação Ataulpho de Paiva cumpriu satisfatoriamente as exigências de boas práticas de fabricação e documentais. Dessa forma, houve revogação da suspensão de distribuição e recolhimento do produto do mercado.

O fabricante, por sua vez, informou em nota que o processo de produção do medicamento vai demorar de dois a três meses para ser regularizado. "Acreditamos que o Imuno BCG deverá ser liberado para comercialização em meados do mês de maio/18", destacou.

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