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Morte violenta de Maria não apaga lembrança da alegria no Canguru

Corpo de Maria Conceição foi encontrado ontem, com diversos hematomas; caso foi registrado como homicídio simples

Silvia Frias e Danielle Errobidarte | 07/03/2020 11:31
Morte violenta de Maria não apaga lembrança da alegria no Canguru
Corpo foi encontrado sob as árvores da esquina das ruas Cutia com Boiru (Foto: Danielle Errobidarte)

Na vizinhança no Jardim Canguru, Maria Conceição de Souza, 49 anos, era conhecida como July, sendo descrita como pessoa alegre e, mesmo nos momentos exaltados por conta do consumo de bebida alcóolica, não fazia mal a ninguém. Ontem (6), o corpo dela foi encontrado sob as árvores do cruzamento das ruas Cutia com Boiru.

O corpo foi achado por volta das 9h40, com hematomas no rosto, ombro e costas e estava em cruzamento que, segundo vizinhos, de grande movimentação. Hoje, no velório, pouco mais de dez pessoas acompanharam o cortejo para o sepultamento, no Cemitério São Sebastião (Cruzeiro), na Avenida Coronel Antonino.

Abatido, o filho de Maria, o pedreiro Johnny Pereira, 30 anos, disse não ter ideia de quem possa ter matado a mãe. Inicialmente, foi informado que seria morte natural, mas foi alertado pela equipe do Corpo de Bombeiros dos hematomas pelo corpo da mãe.

“Ela bebia e sempre bebeu”, disse. Há 7 anos passou a morar com a mãe no Jardim Canguru, mas a convivência era restrita e quase não se encontravam, já que ele saía cedo para trabalhar e voltava à noite, rotina que se repetiu na última vez que a viu com vida, na quinta-feira (5).

De acordo com Pereira, a mãe estava bebendo na casa do vizinho. O pedreiro chegou dormiu e saiu cedo, sem ver a mãe. Ainda hoje ele deve prestar depoimento à polícia sobre o caso.

O vizinho, que não quis se identificar, negou que estivesse consumindo bebida alcóolica com Maria, mas que estavam tomando tereré até tarde. “Nunca fiquei sabendo [sobre bebida]”. Segundo ele, antes de ir embora, ela teria agradecido a ele, dizendo: “obrigada por você sempre me escutar e desabafar as coisas da minha vida”.

Maria é uma das remanescentes da favela Cidade de Deus e mudou-se para o Jardim Canguru há cerca de 7 anos, assim como outros vizinhos da região. Um deles, Ramon Espíndola, 39 anos, disse que ela bebia, mas, no geral, era tranquila. “Às vezes ela batia boca com alguém, mas quando estava alterada”.

Os vizinhos disseram que era tranquila, estava sempre sorrindo e conversava com todo mundo na rua, desde a época que morava na favela Cidade de Deus. No Jardim Canguru, trabalhava na limpeza de projeto social de reforço escolar.

Edileuza Luís, 40 anos, responsável pelo projeto, disse que ela sempre conversava com as crianças e brincava. “Estava sempre fazendo gracinhas”, lembrou. Tanto ela quando a filha, Isabela Luís, 23 anos, disseram saber que Maria bebia, mas que não prejudicou o trabalho. “Ela dizia que não podia morrer antes de terminar de cuidar da minha mãe”.

Na vizinhança, todo mundo estranhou o local onde o corpo foi encontrado por ser esquina de grande movimentação e, por isso, acham que ela pode ter morrido em outro lugar e deixada sob as árvores.

O caso foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) da Cepol como homicídio simples.

Investigadores do GOI (Grupo de Operações de Investigações), acionados no caso, foram até a casa de vizinho em busca de imagens da câmera de segurança, mas ninguém foi encontrado no imóvel.

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