Motoristas metódicos provocam congestionamentos na Capital
Segundo especialista, condutores “teimam” em trafegar pelas mesmas vias em horários de picos, geralmente, repletas de engarrafamento
O surgimento de pontos de congestionamento, sobretudo em horários de pico em Campo Grande, é provocado por motoristas considerados metódicos. Eles são definidos como aqueles que trafegam pelos mesmos trajetos todos os dias e escolhem as vias mais movimentadas sempre ao invés de estudar caminhos alternativos.
Segundo o especialista em trânsito, Herivelto Moisés, este é um dos motivos para a aparição de pontos de estrangulamento na Capital. A maioria deles são velhos conhecidos: avenida Mato Grosso com a Via Parque, trechos da Afonso Pena, principalmente, entre as duas 14 de Julho, 13 de Maio e Rui Barbosa; avenida Ceará próxima à Escola Estadual Hércules Maymone; Rui Barbosa entre 26 de Agosto e a Afonso Pena e Joaquim Murtinho.
A orientação do especialista é tentar, ao máximo, evitar estes pontos. Como alternativas, ele indica as avenidas Ernesto Geisel, a Via Morena, em alguns casos, Padre João Crippa e Calógeras.
Outro fator, conforme ele, é o aumento da frota. Do ano passado para cá são 32,2 mil novos veículos no trânsito campo-grandense, apontam dados do Detran (Departamento Estadual de Trânsito).
Ainda sobre a cultura de dirigir, para Herivelto, falta ao motorista planejar rotas alternativas no dia a dia antes mesmo de sair do ponto de origem.
“O condutor tem a certeza de que o caminho mais curto gera economia de combustível. Nem sempre é assim. Num caminho de congestionamento, por exemplo, por ficar parado, gasta-se até mais combustível, além de demandar maior tempo”, explica.
“Num trajeto aparentemente maior, em que não há engarrafamento, o tempo de locomoção pode ser menor e o consumo de combustível também”, opina, destacando que as rotas alternativas devem ser um hábito para os motoristas em Campo Grande.
Herivelto considera ainda as avenidas Mato Grosso e Afonso Pena como problemas quase crônicos por representarem os principais acessos ao Parque dos Poderes.
“A engenharia de trânsito em Campo Grande começou a funcionar de forma efetiva há três anos. Caso ocorresse há 15 anos, a realidade hoje seria diferente”, pontua.
Numa situação hipotética, questionado sobre qual seria a alternativa para um motorista chegar ao aeroporto a partir do Shopping Campo Grande, o especialista pensa bastante, mas cita uma saída para exemplificar que sempre há uma alternativa.
“Eu trafegaria pela Afonso Pena até a altura da Rua Bahia para converter a Rua da Paz, em seguida, Rua Dom Aquino até chegar à região do Exército e acessar a Duque de Caxias. O percurso talvez fosse maior, mas o tráfego menor”, diz.
A reportagem do Campo Grande News se deslocou até o cruzamento das ruas Rui Barbosa e 15 de Novembro nesta sexta-feira por volta das 18 horas, junto com Herivelto.
“Na Rui Barbosa o problema é que são duas faixas para trânsito de veículos e uma para ônibus”, explica, sinalizando que a estrutura não comporta o fluxo de veículos em horários de pico.
Para a condutora Iraide Oliveira, 56 anos, não é só a região considerada problemática no trânsito. "A cidade inteira está complicada".
Já Cícero Saad, 33 anos, atribui às obras da Afonso Pena o momento "truncado" das vias. "O trânsito não flui", criticou.