Mulher contrariou "conselhos" da igreja e denunciou surras do marido
Homem se enfurecia quando era cobrado a buscar emprego para ajudar com as contas de casa
Cansada de apanhar do marido, Cristina Martins dos Santos Moreira, 44 anos, procurou ajuda na igreja evangélica que frequentava. Porém, além de não receber o apoio que buscava, se surpreendeu com os conselhos para não levar o caso à polícia.
A história poderia ficar entre 4 paredes, como a maioria dos casos do tipo. Mas ela resolveu compartilhar o caso depois de ficar perplexa com a disposição alheia de esconder a violência doméstica.
Ao Campo Grande News, a vendedora conta que ficou um ano casada. Ela já era membro de uma igreja e o então marido também passou a frequentar o lugar. “Ele [marido] não trabalhava, eu é que sustentava a casa, principal motivo das nossas brigas. Cansei de pedir ajuda aos pastores da minha igreja para que eles conversassem com meu marido, porém, tudo o que eu ouvia era para que eles iriam orar para a situação se resolver”, disse.
O tempo foi passando e as brigas continuaram, contudo, agora com agressões. “Era só tocar no assunto de trabalho que ele se enfurecia e foi quando as agressões começaram. Primeiro com empurrões até chegar nas surras”, detalha.
Na história, que muitas mulheres passam todos os dias, o que chama mesmo a atenção é que todas as vezes que era agredida, Cristina buscava ajuda na igreja. Lá, era aconselhada a continuar orando e não procurar a polícia, com a justificativa de que o seu casamento era uma “promessa de Deus”.
“Estava cega. Não via o que estava acontecendo. Eles falavam que tiveram uma revelação e que o meu marido iria arrumar um bom emprego com horário e salário que queria. E era nisso que ele se apegava toda a vez que o cobrava sobre arrumar um trabalho”, conta.
Insustentável, na semana passada Cristina reuniu forças e após mais uma briga conseguiu dizer a si mesma “que seria a última vez que apanharia”.
“Quando apanhei mais uma vez, sentei na cama, olhei na cara dele e disse ‘pode bater, mas será a última vez, pois vou sair daqui e ir à polícia’. Ele chegou a me ameaçar dizendo que também seria a última vez que ia procurar à polícia. Sem pensar duas vezes rebati ‘então mata agora, pois eu vou”.
E foi o que Cristina fez. Foi a delegacia da mulher, registrou a ocorrência e ainda pediu medida protetiva. O marido deixou a casa, mas deixou sequelas no psicológico dela e também na esfera financeira.
“Fiquei endividada e para quitar as dívidas tive que vender coisas da minha casa. Também cheguei a passar fome e mesmo nesta situação as pessoas as quais um dia ajudei e me dediquei tanto não foram em meu socorro”, afirma a mulher ao se referir mais uma vez da igreja que frequentava.
Hoje, Cristina diz que deixou de ir nesta igreja e luta para reconstruir a vida. “Não vou mais me calar e também não vou deixar que ninguém me cale”.