ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, QUINTA  16    CAMPO GRANDE 30º

Capital

Na Lama Asfáltica, engenheiro acusado de levar propina é absolvido

Na acusação, constava flagrante de pagamento de R$ 20 mil em propina para liberar irregularidades na MS-430

Silvia Frias | 20/03/2023 08:38
Decisão foi dada pela Justiça Federal de Campo Grande, sendo publicada hoje no Diário do TRF. (Foto/Arquivo/Marcos Maluf)
Decisão foi dada pela Justiça Federal de Campo Grande, sendo publicada hoje no Diário do TRF. (Foto/Arquivo/Marcos Maluf)

O engenheiro civil Marcos Tadeu Enciso Puga foi absolvido do crime de corrupção passiva, em processo aberto em 2017, a partir das investigações deflagradas na Operação Lama Asfáltica. Puga foi denunciado sob acusação de ter recebido propina de R$ 20 mil, sob a senha “tomar um café”, de acordo com a Polícia Federal.

A absolvição foi determinada no dia 17 de março, pela juíza Julia Cavalcante Silva Barbosa, da 3º Vara Federal de Campo Grande, sendo publicada hoje no Diário da Justiça.

A denúncia foi protocolada em 2017 referente a flagrante ocorrido no dia 7 de janeiro de 2015. A acusação se baseou na investigação da PF em relação a irregularidades que teriam sido cometidas na obra na MS-430, que liga São Gabriel do Oeste a Rio Negro.

Puga era o responsável legal pela empresa MP Engenharia Ltda, comandando os serviços de gerenciamento e supervisão de obras de implantação asfáltica na MS-430, MS-162 e MS-010, em contrato orçado em R$ 1.574.725,88.

Segundo a PF, interceptações telefônicas entre o engenheiro e a sócia da empresa Proteco Construções Ltda, Elza Cristina Araújo dos Santos, indicaria “possível tratamento irregular nos serviços de fiscalização prestados na obra da rodovia”. A Proteco, cujo outro sócio é João Amorim, era responsável pela execução do trabalho.

De acordo com investigação, Puga foi flagrado no dia 7 de janeiro de 2015, saindo da Proteco, com R$ 20 mil no carro. A visita atendia a convite de Elza Cristina “para um café”, o que seria a senha para pagamento de propina.

“Todavia, há que se reconhecer que os diálogos gravados são repletos de evasivas e não chega a haver combinação explícita de pagamento de propina”, avaliou a magistrada.

Segundo a juíza, o réu levou ao processo elementos capazes de levantar dúvida razoável sobre a origem do dinheiro. A defesa anexou na ação comprovante bancário demonstrando que, no dia 3 de dezembro de 2014, dias antes do flagrante, houve realização de saque de R$ 20 mil.

O engenheiro havia alegado que tinha programado viagem para França em março de 2015 e havia sacado o dinheiro para comprar euros. A defesa anexou comprovantes de passagens aéreas e de compras de euro para atestar a versão.

“Embora seja deveras estranho que alguém guarde no carro, por tantos dias, tamanha quantia de dinheiro em espécie, e ainda reconhecendo que eram suspeitos e inapropriados, em face dos interesses envolvidos, os constantes contatos travados entre o réu e os dirigentes da PROTECO, não se pode concluir (...) que os $ 20.000,00 (vinte mil reais) encontrados em poder do réu fossem propina paga pela PROTECO”, avaliou a juíza.

A magistrada também levou em conta as alegações finais do MPF (Ministério Público Federal), que pleiteou a absolvição, e livrou o engenheiro das acusações, mediante a “dúvida razoável”.

Processos – Em fevereiro de 2022, os processos da Lama Asfáltica foram “ressuscitados” pela Justiça Federal.

Antes, os processos relacionados à investigação da Polícia Federal, denominada Lama Asfáltica, haviam sido anulados após suspeição do juiz titular da 3ª Vara Federal, Bruno Cezar da Cunha Teixeira.

A denúncia descreve “a existência de uma organização criminosa, composta por políticos, funcionários públicos e administradores de empresas”. que agiram entre os anos de 2007 e 2014, voltada para o desvio de recursos estadual, federal e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Estadual).

Nos siga no Google Notícias