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Capital

Nada inofensiva, poda de árvore causou morte e acabou com planos de casamento

Gilberto Ferreira Trindade, de 57 anos, morreu após cair de pé de manga nesta quinta-feira (29)

Aletheya Alves | 31/10/2020 08:14
Aparecida Vieira Reginaldo mostra árvore de que Reginaldo caiu nesta quinta-feira (29). (Foto: Silas Lima)
Aparecida Vieira Reginaldo mostra árvore de que Reginaldo caiu nesta quinta-feira (29). (Foto: Silas Lima)

Visto como algo trivial, desta vez a poda de uma árvore virou tragédia. Gilberto Ferreira Trindade, de 57 anos, caiu de cerca de 5 metros e faleceu nesta quinta-feira (29). O registro no boletim de ocorrência acabou revelando uma história de amor, interrompida pela insistência em uma tarefa nada inofensiva e que provoca acidentes diários em Campo Grande.

Depois de três décadas separados, ele e Aparecida Vieira Reginaldo se preparavam para marcar a data do casamento nesta semana.  “A gente estava recuperando o que tinha perdido”.

Hoje, com 56 anos, Cida não quer fotografia. Menos de 24 horas depois da morte de Gilberto, ela ainda tenta se recuperar. Diz que o pensamento ao refletir sobre a separação com morte de Gilberto remete há trinta anos, quando se separaram depois de ter uma filha juntos.

Nos reencontramos tem um ano e tudo estava indo bem, graças a Deus. Nunca ia imaginar que uma coisa dessas ia acontecer.

Considerado ato de teimosia, Aparecida conta que Gilberto trabalhava como pedreiro e nos tempos livres vinha podando um pé de manga. O último pedido feito por ela sobre o assunto antes da queda foi na semana passada. “Eu falei para ele podar só quando eu estivesse aqui, mas acho que ele aproveitou que fui no serviço e subiu”, explica.

Escada utilizada por Gilberto para subir em árvore continua no mesmo local. (Foto: Silas Lima)
Escada utilizada por Gilberto para subir em árvore continua no mesmo local. (Foto: Silas Lima)

Há 20 anos morando no Parque do Lageado com o pé de manga dentro do terreno, ela diz que não sabe o que será do futuro a partir de agora.

Não nos casamos por causa da pandemia, aí como abriram os cartórios, a gente ia ver essa semana para marcar. A gente era jovem demais quando nos conhecemos. Vou deixar as coisas dele aqui, não tenho como pensar em nada.

Ainda no serviço, ela conta que recebeu uma ligação do pedreiro questionando o horário em que iria chegar. “Ele não foi trabalhar porque estava chovendo muito. Eu devia ter falado que estava indo para casa, mas como eu ia saber? Ligou de certo para saber se podia subir”.

Galhos do pé de manga estavam sendo podados há algumas semanas. (Foto: Silas Lima)
Galhos do pé de manga estavam sendo podados há algumas semanas. (Foto: Silas Lima)

Sem saber muitos detalhes de como foi o acidente, ela relata que se deparou com duas ambulâncias e não entendeu o que estava havendo. “O vizinho disse que tinha parado a chuva, acho que ficou liso e ele escorregou porque o chinelo dele ficou aqui. Teve duas paradas cardíacas, mas não resistiu”.

De acordo com laudo do IMOL (Instituto Médico e Odontológico Legal), a causa da morte foi apontada como politraumatismo, compatível com a queda da árvore.

A última imagem de Gilberto vista por Aparecida, além das memórias, foi do homem dentro da ambulância. “Agora vou esperar o velório. Depois eu penso no que vou fazer, agora vou continuar morando sozinha aqui”.

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