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Capital

Nem com padre pedindo, estudantes desistem de bebida em trote

Francisco Júnior e Luciana Brazil | 30/01/2013 13:00
Estudantes deixaram universidade e foram para posto de combustíveis. (Foto: Luciano Muta)
Estudantes deixaram universidade e foram para posto de combustíveis. (Foto: Luciano Muta)
Calouro aprova trote e diz que no ano seguinte será a vez dele.
Calouro aprova trote e diz que no ano seguinte será a vez dele.

Mesmo com todo o alerta sobre a proibição dos trotes vexatórios e violentos, a prática continua pelos acadêmicos nas universidades da Capital. Hoje (30) foi o primeiro dia de aula na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco). Na tentativa de sensibilizar os jovens para evitar o trote, o reitor da instituição, padre José Marinoni, chegou a ir até um posto de combustíveis que fica ao lado da universidade.

O padre abordou os estudantes orientando para que não bebessem e não cometessem atos agressivos. “Eu não tenho poder de Polícia. Eu não posso falar para o dono do posto não vender bebida e para não permitir aglomeração”, disse o reitor indignado com a situação.

Porém, a atitude do reitor não surtiu efeito nos estudantes que se aglomeravam no posto. O que se via no local era jovens sujos, consumindo bebidas alcoólicas, depois de serem atingidos por ovos e farinha.

Alguns veteranos levaram calouros para uma rua de chão batido ao lado do posto e lá, fizeram os novos alunos rolarem em uma poça de lama.

No início do ano, o MPF/MS (Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul) recomendou as dez maiores instituições de ensino superior do Estado para que tomem providências contra o trote estudantil, porque caso ocorra situações deste tipo a instituição poderá ser responsabilizada judicialmente.

“Eu quero que o Ministério Público venha falar comigo. Mas eu não tenho como evitar que as coisas aconteçam do lado de fora. Queria que a Polícia estivesse aqui fiscalizando”, afirma o padre.

Reitor  foi a posto pedir para alunos não beberem. (Foto: Luciano Muta)
Reitor foi a posto pedir para alunos não beberem. (Foto: Luciano Muta)

A universidade se empenhou em combater a prática e chegou a publicar uma portaria com cinco artigos informando as punições aos alunos que insistissem no trote. Uma banda foi contratada para fazer a recepção dos novos alunos, após os dois primeiros tempos de aula, em uma das quadras poliesportivas da instituição. Antes do término das aulas, funcionários foram até as salas  para orientar sobre a proibição do trote.

Mesmo assim, um grande grupo de estudantes preferiu o posto de gasolina e os bares próximos à UCDB. “Trote é costume. Para quem está sofrendo talvez não seja legal, mas para quem está vendo é engraçado. A bebida faz parte, é como se fosse uma festa”, afirma um veterano de 18 anos do curso de engenharia civil. Ele não quis se identificar.

O colega dele também de 18 anos afirma que o trote faz parte da iniciação dos novos estudantes. “O trote é saudável e gostoso de participar, é claro que tem algumas que coisas sem noção, mas aqui ninguém está sendo forçado”, diz o rapaz.

Outro veterano que estava no posto diz que a bebedeira não se limita apenas a esses dias de início do ano letivo. “A gente sempre sai da aula para beber”, conta.

O calouro Lucas Francelino, 18 anos, estava no posto e aprova a realização do trote. Sem camisa e todo sujo o jovem comentou a ação. “ Esse ano sou que sou zoado, ano que vem sou eu que vou zoar”, afirma.

No total, 2,5 mil novos alunos ingressam na UCDB. Atualmente, a universidade conta com mais de 8 mil acadêmicos nos dois períodos: matutino e noturno.

Jovens ignoram instrução da universidade.
Jovens ignoram instrução da universidade.
Veteranos sobem nos calouros.
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