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Capital

Nem pandemia e toque de recolher impedem tragédias no trânsito

Só em Campo Grande, 66 pessoas perderam a vida para a violência dos acidentes automobilísticos

Mirian Machado | 31/12/2020 07:26
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Velocidade ainda é fator predominante em acidentes com mortes(Foto: Silas Lima)
Velocidade ainda é fator predominante em acidentes com mortes(Foto: Silas Lima)

Em 2020, ano que ficará marcado na história, o trânsito tirou 66 vidas em Campo Grande, como se não bastasse as mais de 1 mil mortes causadas pela covid-19. No ano em que a "terra parou", apesar da diminuição dos acidentes, a alta velocidade levou, pais, filhos, esposas e maridos.

O número de óbitos em ocorrências nas vias da Capital foi menor do que em anos anteriores, mas com a recomendação de não sair de casa, o cenário poderia ter sido melhor. Em 2018 foram 87 vidas perdidas no trânsito da Capital, enquanto em 2019 foram 72 mortes registradas, isso apenas nas ruas dentro de Campo Grande, sem contar as tragédias nas rodovias.

A pandemia e toque de recolher diminuíram o fluxo de carros e pessoas nas ruas, são pais que não precisaram levar filhos nas escolas, trabalhadores que ficaram em home office, auxiliando na diminuição de acidentes. Por isso, as infrações também reduziram, mas segundo o Batalhão de Polícia Militar de Trânsito, na soma, é levada em consideração também a desativação de lombadas eletrônicas. Em 2020, até o momento, foram 92.487 infrações enquanto que em 2019 foram 273.439.

A velocidade ainda é fator causador predominante em acidentes com mortes. Nenhuma via de Campo Grande a velocidade é superior a 50 km/h. Essa é a velocidade em que se pode evitar algo mais grave”, afirmou o comandante do BPMtran (Batalhão de Polícia Militar de Trânsito), tenente-coronel Marcelo Cansanção Silveiro.

Idosa morreu quando saía de sacolão no Bairro Tiradentes (Foto: Paulo Francis)
Idosa morreu quando saía de sacolão no Bairro Tiradentes (Foto: Paulo Francis)

Apesar de ser algo quase impossível de extinguir, os acidentes fatais nas ruas de Campo Grande, assim como as mortes de covid, deixaram marcas em muitas famílias. Como o caso da idosa Agisse Batista Machado, de 79 anos. Em janeiro, a mulher foi atropelada por um motociclista ao sair de um sacolão na Rua José Nogueira Vieira, no Bairro Tiradentes.

O motociclista, de 24 anos, conduzia uma moto BMW S1000 em alta velocidade. Ele atropelou a idosa no momento em que ela tentou atravessar a pista e ainda atingiu uma segunda vítima, o proprietário de um Fiat Mobi, de 60 anos, que também atravessava a rua.

O filho da idosa estava do outro lado da rua aguardando a mãe atravessar, quando ela foi atingida. Muitas pessoas que passavam pela rua pararam para acompanhar o socorro as vítimas. Marilene Melo não viu como aconteceu os fatos, mas assim que viu a idosa ao chão correu para protegê-la do sol. “Ela caiu de bruços e já estava inconsciente. Nós não quisemos virá-la até a chegada do Corpo de Bombeiros”, frisa.

Semirreboque se soltou e caiu de pontilhão levando ciclista junto (Foto: Paulo Francis)
Semirreboque se soltou e caiu de pontilhão levando ciclista junto (Foto: Paulo Francis)

Outra tragédia praticamente impossível de se imaginar foi o que aconteceu com o ciclista Laércio Souza, de 43 anos. Talvez ele estivesse em hora e lugar errado, mas Laércio não resistiu após o semirreboque de uma carreta o atingir enquanto passava pelo pontilhão da Avenida Mascarenhas de Moraes. A parte da carreta se soltou após o veículo fazer uma curva para entrar na avenida.

Um amigo de Laércio contou que estava atrás da vítima quando ouviu o barulho do semirreboque e conseguiu frear, escapando do acidente. Após atingir o ciclista o semirreboque despencou do pontilhão junto e ambos tiveram uma queda de cerca de 6 metros.

Outro motorista, Luiz Fábio Nogueira Lemos, 47 anos, seguia para casa quando registrou cena chocante. Ele tem uma câmera acoplada no veículo, mas nunca havia registrado um flagrante do tipo, de repente, viu o semirreboque de um caminhão se soltar e atingir um ciclista em cheio. "É uma cena bem feia e triste", resumiu.


O mês de julho mesmo foi marcante. Quando a medida de toque de recolher previa não lotar UTIs, pouco antes de terminar o mês, já havia um aumento de 6% em acidentes em relação ao mesmo período de 2019. Pra se ter uma ideia, até o dia 22 de julho, foram 436 acidentes, enquanto durante todo o mês de 2019, haviam sido registrados 409.

Pai e filho morreram após carreta tombar quando seguiam para casa (Idest)
Pai e filho morreram após carreta tombar quando seguiam para casa (Idest)
Acidente aconteceu em estrada em manutenção, que dá acesso à BR-163(Foto: Kisie Ainoã)
Acidente aconteceu em estrada em manutenção, que dá acesso à BR-163(Foto: Kisie Ainoã)

Em julho, nove pessoas morreram no trânsito. Entre elas, pai e filho juntos. No primeiro dia do mês, Eugênio Zamigman, 52 anos e o filho, Kevin Wilde Zamignan, 26 anos, morreram após a carreta, que estava carregada com calcário, tombar em uma estrada vicinal próximo ao anel viário, sentido BR-163 na saída para Cuiabá. A via ainda estava em construção.

Eles seguiam para São Gabriel do Oeste, onde moravam. A suspeita inicial da Polícia Civil é de que o motorista tenha perdido o controle do veículo após bater em um amontoado de areia que impedia a passagem de veículos pelo local.

O delegado que atendeu a ocorrência afirmou que possivelmente eles não conheciam bem a estrada, quando perdeu o controle, saiu da pista e parou em meio a vegetação.

Acidente que resultou na morte de Barbara foi bastane repercutido, namora chegou a ir preso por homicidio (Redes Sociais)
Acidente que resultou na morte de Barbara foi bastane repercutido, namora chegou a ir preso por homicidio (Redes Sociais)

Ainda no mês de julho, Bárbara Wsttany Amorim Moreira, de 21 anos, morreu no dia 12 após o carro em que estava, um Peugeot 207, bater contra o muro de uma casa e capotar na Rua 11 de Outubro, Bairro Cabreúva. O namorado dela, Ricardo França Junior de 24 anos, foi preso por causar o acidente, sob suspeita de embriaguez ao volante.

Condutor perdeu controle do carro, bateu em muro e capotou (Marcos Maluf)
Condutor perdeu controle do carro, bateu em muro e capotou (Marcos Maluf)

O trágico acidente ocorreu quando Ricardo desrespeitou o "Pare" no cruzamento da Rua Onze de Outubro com a Rua Santos Dumont, perdeu o controle da direção, bateu no muro de uma casa e capotou. A namorada, Bárbara, foi arremessada para fora do veículo e morreu na hora, teve o crânio esmagado. Naquele dia, apurou a polícia, Ricardo esteve duas vezes em conveniência do Bairro Cabreúva e comprou 38 cervejas. Para os profissionais que prestaram socorro, ele admitiu que havia bebido. No veículo ainda foram encontradas quatro garrafas de cerveja de 600 ml.


Mãe de Eduardo sendo consolada (Foto: Henrique Kawaminami)
Mãe de Eduardo sendo consolada (Foto: Henrique Kawaminami)
Postagem de Eduardo (Redes Sociais)
Postagem de Eduardo (Redes Sociais)

Jovens- Em agosto, um dos meses que mais levaram vidas no trânsito, levou também duas de uma vez. O casal de namorados, Eduardo Bruck, 21 anos, e Hellen Oliveira Diniz, 17 anos, morreu após a motocicleta em que estavam ser atingida por uma caminhonete na Avenida Lúdio Martins Coelho, no bairro Taveirópolis no sétimo dia do mês.

A colisão teria ocorrido quando o motorista da caminhonete, que seguia no sentido contrário, tentava fazer uma conversão para entrar na Rua Rodolfo Andrade Pinho.

Casal estava junto há um ano (Redes Sociais)
Casal estava junto há um ano (Redes Sociais)

Com a batida, o casal foi arremessado por cima da caminhonete e pararam a metros de distância do local da batida. Socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) tentaram reanimar as vítimas, mas elas não resistiram e morreram no local.

Os jovens eram namorados e estavam juntos há pouco mais de um ano. O acidente comoveu muito a população pois além de jovens, ambos não bebiam, segundo parentes. Eduardo era filho único e, segundo o tio, seguia para uma entrevista de emprego.

Em uma foto publicada nas redes de Eduardo também chamou atenção. Ele está abaixado no chão, apontando o dedo para o moto com a legenda "Prometa nunca me matar".

Para o tio, Beno Luiz, de 53 anos, os dois eram um "casal 100%".

Cobalt branco e motocicleta em cruzamento onde houve colisão (Foto: Henrique Kawaminami)
Cobalt branco e motocicleta em cruzamento onde houve colisão (Foto: Henrique Kawaminami)
Luciano estava há pouco mais de 5 anos na PM (Reprodução/Redes Sociais)
Luciano estava há pouco mais de 5 anos na PM (Reprodução/Redes Sociais)

Luciano Abel de Carvalho Nunes, 29 anos soldado da Polícia Militar, morreu em outubro. Ele seguia em uma motocicleta Yamaha XJ6 300 cilindradas, quando foi atingido pelo Chevrolet Cobalt, conduzido pelo advogado Hélder da Cunha Rodrigues, de 38 anos. Depois da pancada, tanto o corpo da vítima quanto o carro foram parar no canteiro central. O acidente aconteceu no cruzamento das avenidas Ministro João Arinos com a Centaurea, no Bairro Cidade Jardim, na saída para Três Lagoas.

Hélder  tentou fugir a pé, mas foi preso por uma equipe policial próximo ao Cepol  (Centro Especializado de Polícia Integrada). Ao ser indagado sobre o acidente, mentiu afirmando que havia acabado de sair do carro de motorista de aplicativo. Porém, Hélder apresentava sinais de embriaguez, estava muito nervoso e com as roupas sujas de terra. Ele foi levado até o local do acidente e lá a testemunha confirmou que era ele quem dirigia o automóvel no momento da colisão.

Apresentando sinais de embriaguez, ele foi submetido ao teste do bafômetro e o resultado deu positivo de 0,76 milímetros de álcool por litro de sangue. No carro a polícia encontrou uma garrafa de vodca pela metade . Foi constatado que ele não tem CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

O advogado chegou a ficar preso no Presídio Militar de Campo Grande, onde chegou a escrever à mão uma carta com pedido de desculpas, porém quase dez dias depois foi concedida liberdade onde responde por homicídio doloso, desde que não saia de casa a noite e aos fiais de semana.

Segundo a PM, Luciano estava na corporação desde o dia 22 de setembro de 2014 e, atualmente, era lotado no  Batalhão da Polícia Militar de Guarda e Escolta.

Vítima chegou a ser socorrida, mas não resistiu (foto: Ana Paula Chuva)
Vítima chegou a ser socorrida, mas não resistiu (foto: Ana Paula Chuva)

Forte impacto- Em novembro, o motociclista Cleuson Barros Amorim, de 37 anos morreu após sofrer um violento acidente. Ele foi atingido por um carro, arremessado a cerca de 25 metros e bateu em um poste na Avenida Ceará, no cruzamento da Avenida Ceará com a Rua Abrão Júlio Rahe, no Bairro Santa Fé.

As imagens de câmeras de segurança flagraram o forte impacto. Veja no vídeo acima. É possível ver o momento em que o carro, um Honda Civic, transita na Ceará sentido Avenida Mato Grosso. Ele começa manobrar à esquerda, aparentemente para acessar conveniência, próxima a Rua Abrão Júlio Rahe. Na Avenida Ceará a conversão é liberada apenas no cruzamento com a Rua Maranhão. É totalmente proibido virar à esquerda para acesso aos comércios no meio da quadra.

O motociclista vem no sentido contrário e é surpreendido pelo carro. Bate de frente, é arremessado contra um poste, há 25 metros do local da colisão.

Cleuson chegou a ser socorrido para a Santa Casa com várias fraturas, mas não resistiu e morreu pouco depois de dar entrada no hospital. Cleuson era um educador físico conhecido na cidade e havia acabado de inaugurar uma hamburgueria.

Carteiro teve sonho de aposentar e comprar casa no litoral interrompido após morte em acidente.(Foto:Marcos Rivany)
Carteiro teve sonho de aposentar e comprar casa no litoral interrompido após morte em acidente.(Foto:Marcos Rivany)

Último mês - Dezembro acabou com o sonho do carteiro Eliovaldo Vargas Costa, de 54 anos, de se aposentar e comprar uma casa no litoral. Ele morreu no trânsito. Estava há 25 anos nos Correios e trabalhava no Centro de Distribuição no Bairro Guanandi.

No dia do acidente, estava de bicicleta e, segundo o condutor da carreta, ambos seguiam no mesmo sentido da Avenida Manoel da Costa Lima, quando a ele tentou fazer conversão à direita para acessar a Avenida Ernesto Geisel, sentido Bairro Aero Rancho. A suspeita é de que o Eliovaldo seguiria reto, mas acabou sendo atropelado.

Luiz Carlos Neri, de 52 anos, condutor da carreta, conversou com a reportagem no dia. Muito abalado ele contou que o carteiro estava no ponto cego. “Acredito que eu tenho batido nele e arrastado um pouco a bicicleta. Eu não vi”, complementa.

A vítima não tinha filhos, mas a sobrinha Jéssica Silva Costa, 25 anos, a considerava pai. Durante o velório do carteiro, no dia seguinte, ela contou que a morte foi uma fatalidade para quem não tinha medo de andar de bicicleta. "Foi uma tragédia. Ele nunca comentou nada sobre medo de andar pelas ruas. Inclusive, neste ano, comprou uma bicicleta para ir e voltar do serviço, sem precisar pegar ônibus".

No último adeus, colegas de profissão pediram mais cuidado com quem trabalha no trânsito.

Partes de veículos que se envolveram em acidente com morte em um acidente. (Foto: Marcos Maluf)
Partes de veículos que se envolveram em acidente com morte em um acidente. (Foto: Marcos Maluf)

Velocidade - O excesso de velocidade é fator campeão em acidentes e mortes, mas não o único. Conforme o tenente-coronel Marcelo Cansanção Silveiro, muitas vezes ele vem aliado ao desrespeito à sinalização e a embriaguez ao volante. “No início da pandemia,  tínhamos a operação Lei Seca, tínhamos o toque de recolher também, o que diminuiu o fluxo de pessoas e veículos nas ruas, mas com a necessidade de se deslocar, e a flexibilização nas medidas os números foram aumentando”, explicou.

Conforme dados do BPMTran, em janeiro houve 9 mortes registradas no trânsito, em fevereiro 6, em março 2, abril 2, maio 4, junho 4, julho 9, agosto 9, setembro 6, outubro novembro e dezembro (até o da 20) foram cinco cada mês. “Podemos ver que em março e abril, meses que iniciaram a pandemia, as pessoas respeitavam mais o isolamento o número é bem menor”, relata Cansanção.

Obedecer a sinalização é o mínimo a ser feito no trânsito. O cuidado deve ser redobrado em relação a velocidade. “Acima de qualquer orientação é preciso praticar a direção defensiva”, conclui o comandante do BPMTran.


Jefferson, sendo retirado das ferragens após acidente (Henrique Kawaminami)
Jefferson, sendo retirado das ferragens após acidente (Henrique Kawaminami)

Rodovias- Ainda sem dados oficiais, mortes nas BRs também marcaram ano de pandemia. Uma delas inclusive, há imagens bastante chocantes, onde mostram o cabo do Exército Jefferson Ferreira dos Santos, de 25 anos sendo socorrido, retirado das ferragens do veículo Pálio após acidente na BR-163 no Bairro Noroeste.

A forte imagem, mostra que durante o socorro, o motorista ficou acordado enquanto os militares abriam as ferragens aos poucos para tirá-lo do que sobrou do carro. Foram mais de 20 minutos para que vítima fosse retirada das ferragens. Cerca de dez pessoas trabalharam no resgate. Equipes da CCR MSVia, do Corpo de Bombeiros e da PRF (Polícia Rodoviária Federal) foram acionados para o acidente.

Jefferson deu entrada na Santa Casa com fratura exposta nas duas pernas e também no ombro esquerdo. Desde então estava sedado e intubado na área vermelha do pronto-socorro, porém evoluiu para parada cardiorrespiratória onde não resistiu.

O carro que o militar conduzia foi atingido de frente por um caminhão baú que invadiu a contramão. O motorista do caminhão, de 42 anos,  não ficou ferido. Abalado ele só conseguiu explicar que saiu do Paraná e dirigia para Rondônia, onde mora. Contou também que tentou desviar de outro caminhão que saiu e entrou na pista "do nada". Por isso, invadiu a pista contrária e atingiu o Palio. Enquanto acompanhava o resgate, um pastor que parou no local por causa do acidente percebeu a angustia do motorista e chegou a orar com ele pela vida do cabo.

Jefferson era militar do 20ºRCB (Regimento de Cavalaria Blindado) de Campo Grande.

Gol e S10 foram completamente consumidos pela chamas (Foto: Henrique Kawaminami)
Gol e S10 foram completamente consumidos pela chamas (Foto: Henrique Kawaminami)

Imagens mostraram as chamas que consumiram dois veículos,  VW Gol e uma caminhonete S10, envolvidos em acidente na BR-060 em outubro, próximo ao município de Sidrolândia. O motorista do carro de passeio, Daryl Jonatan Patrício da Cruz Gama, de 27 anos, ficou preso às ferragens e morreu carbonizado.

No veículo, havia um passageiro, que conseguiu escapar. Os ocupantes da camionete Chevrolet S10 também conseguiram sair antes do veículo pegar fogo. Um homem foi socorrido para hospital em Sidrolândia.

Segundo informações, o veículo Gol seguia no sentido Campo Grande/Sidrolândia e a camionete estava na pista contrária. No dia da colisão, levantamento pericial feito na rodovia apontou que a caminhonete invadiu a pista contraria e bateu de frente com o carro em que Daryl estava. Ambos carros foram completamente consumidos pelo fogo.

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