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Capital

No pronto-socorro, azul e verde traduzem espera que pode levar horas

Na rede pública e privada, pacientes são classificados por risco, o que não impede a jornada da espera

Aline dos Santos e Guilherme Henri | 07/05/2018 11:02
No canteiro em frente à UPA da Vila Almeida, Mário (em pé) foge do calor do posto e encara espera ao lado da mãe e do irmão criança. (Foto: Fernando Antunes)
No canteiro em frente à UPA da Vila Almeida, Mário (em pé) foge do calor do posto e encara espera ao lado da mãe e do irmão criança. (Foto: Fernando Antunes)

Qual a cor da paciência? Para quem espera por atendimento médico na rede pública de saúde ou hospitais privados, a tonalidade varia de azul a verde. Nos modelos de classificação de risco, esses são os pacientes menos urgentes. Na teoria, a espera seria entre duas (verde) e quatro horas (azul) nas unidades hospitalares que adotam protocolos. Na prática, a espera se arrasta por longas horas.

Com o filho classificado na cor verde, Cristiane Modesto de Souza esperou oito horas, das 7h às 15h, na UPA Coronel Antonino, em Campo Grande. A criança de cinco anos estava com suspeita de pneumonia e a mãe, ao questionar a demora, for informada pela recepção que os atendimentos seguem a classificação. “A situação é revoltante”, afirma Cristiane em entrevista ao Campo Grande News na semana passada.

Castigada pelo calor, vômito e dor de barriga, Natália Perez, 21 anos, chegou às 12h e, por volta, de 15h, seguia sem conseguir ser atendida. Ela esperava do lado de fora do posto, uma tentativa de atenuar o calor.

Na UPA Vila Almeida, o agricultor Mário Vitor Dias da Silva, 21 anos, também preferiu esperar no canteiro. “Passei pela triagem e estou aqui esperando. Não estava dando condições de ficar dentro do posto devido à superlotação”, afirma. Ele procurou atendimento porque estava com feridas pelo corpo.

Classificação de risco – A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) adota desde 2009 a classificação de risco na rede pública de Campo Grande. Ao dar entrada nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e CRS (Centro Regional de Saúde), os pacientes são classificados em azul, verde, amarelo e vermelho, sem definição de tempo do atendimento.

A prioridade é o atendimento dos “vermelhos”, com problemas urgentes. Pacientes graves, porém sem risco de morte imediato, são classificados na cor amarelo. Pessoas com quadro como diarreia, vômito e entorse entram na classificação verde. Pacientes com, por exemplo, tosse e lesões na pele são enquadrados no azul.

A resolução está em vigor desde o mês de agosto de 2009 e não especifica tempo de atendimento para cada classificação. Apenas os “vermelhos” devem ser atendidos imediatamente. A atualização do documento está prevista no PPA (Plano Plurianual) da secretaria e a previsão é que seja publicada em 2019. Nesta reformulação, deve entrar o tempo de atendimento. 

As reclamações podem ser feitas pela Ouvidoria do SUS, no telefone (67) 3314-9955. O atendimento também é feito presencialmente das 7h às 11h e das 13h às 17h, na rua Bahia, 280, na sede da Sesau.

Classificação de risco usado pela prefeitura de Campo Grande não detalha tempo de espera.
Classificação de risco usado pela prefeitura de Campo Grande não detalha tempo de espera.

Manchester – A Santa Casa de Campo Grande adota o Protocolo de Manchester no Prontomed, que atende convênios e particular, e no Pronto-Socorro para pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde). Nesta modalidade, os pacientes também são divididos em cores, o diferencial é que também prevê o tempo de espera.

As cores são vermelho (atendimento imediato), laranja (muito urgente e atendimento em 10 minutos), amarelo (uma hora), verde (duas horas) e azul (quatro horas).

Conforme a assessoria de imprensa da Santa Casa, o Protocolo de Manchester é uma convenção médica internacional para nortear a ordem de atendimento nas unidades de pronto atendimento. O paciente pode (e deve) ser reclassificado a qualquer momento, pois entre a classificação e o atendimento seu quadro clínico pode evoluir para melhor ou pior.

“Portanto, não se trata de uma regulação pública para disciplinar tempo de espera como a lei dos bancos, por exemplo, mas sim de um critério que pode ou não ser adotado pela unidade com a finalidade de minimizar os riscos dos atendidos”.

Ou seja, as cores seriam sinalizadores para a equipe médica. E, se chegarem pacientes “vermelhos” os menos graves serão empurrados para o fim da fila, com espera superior a quatro horas. O hospital recebe reclamações pelo SAC (http://santacasacg.org.br/sac)

Praticado desde 1997 no Reino Unido, o Protocolo de Manchester é baseado em categorias de sinais e sintomas e contêm 52 fluxogramas que serão selecionados a partir da queixa apresentada pelo paciente.

HumanizaSus – O Hospital da Unimed de Campo Grande adota o protocolo HumanizaSUS. O Protocolo de Classificação de Risco classifica os pacientes em vermelho (imediato), amarelo (até 30 minutos), verde (até duas horas) e azul (até quatro horas).

O hospital tem o formulário de satisfação do paciente e conta com um supervisor do serviço no Pronto Atendimento diariamente em horário comercial.

“Todas as manifestações dos nossos clientes são contabilizadas e disponibilizadas à gestão do Hospital Unimed Campo Grande, bem como os tempos para atendimento são acompanhados em tempo real pelo sistema BI (Business Intelligence)”, informa a assessoria de imprensa da Unimed.

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