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Capital

Obra de posto de saúde vira criadouro de mosquito, dizem moradores

Natalia Yahn | 18/01/2016 11:43
Obra do posto de saúde na Rua Riverside, no Azaleia, está parada e de acordo com os moradores o local é foco do mosquito que transmite a dengue. (Foto: Fernando Antunes)
Obra do posto de saúde na Rua Riverside, no Azaleia, está parada e de acordo com os moradores o local é foco do mosquito que transmite a dengue. (Foto: Fernando Antunes)

Moradores do Jardim Azaleia, em Campo Grande, denunciam que a obra abandonada de um posto de saúde serve como berçário para proliferação do mosquito Aedes aegypti – que transmite dengue, febre chikungunya e zika vírus. O prédio inacabado fica na Rua Riverside e preocupa as pessoas que vivem no entorno. 

Este é o segundo caso de obras abandonadas que servem apenas para a proliferação do mosquito denunciado pelo Campo Grande News em apenas três dias. No sábado (16) durante um mutirão da Prefeitura foram encontradas larvas do mosquito na obra do Ceinf (Centro de Educação Infantil) do bairro Zé Pereira. A construção foi iniciada em 2012 e estava prevista para ser entregue no ano seguinte, o que até agora não aconteceu.

No Jardim Azaleia, uma das moradoras assustada com a situação é a aposentada Sueli Alves, 63 anos, que mora na região há 25 anos. Ela relata a preocupação em viver em frente a obra, que de acordo com ela está em situação de abandono há dois anos. “Eu tenho muito medo. Eu cuido do meu quintal, mas a Prefeitura não está cuidando do dela. E mosquito não fica preso. Ele nasce no vizinho e vem aonde estou para me picar”.

O medo é ainda maior porque as duas netas dela, que também moram no local, tiveram dengue em 2015. “Elas ficaram internadas primeiro no HU (Hospital Universitário) e depois na Santa Casa. A de 13 anos ficou 15 dias e a de 7 anos uma semana. Quase perdemos as duas por causa dessa doença”, afirmou.

Maria Helena Azevedo diz que moradores temem por abandono na obra de posto de saúde, que seria local para proliferação do Aedes. (Foto: Fernando Antunes)
Maria Helena Azevedo diz que moradores temem por abandono na obra de posto de saúde, que seria local para proliferação do Aedes. (Foto: Fernando Antunes)

Outros vizinhos da obra também reclamam e cobram ações para combater os criadouros do mosquito, principalmente dentro do prédio abandonado. “Nunca mais passou fumacê, limpeza não existe. Fazemos a nossa parte, mas o problema é dentro da obra mesmo”, afirmou a dona de casa Maria Helena Azevedo, 53 anos.

O filho dela, de 25 anos, foi outra vítima da dengue. “Ele teve há dois anos, ficou mal. E nesta epidemia muitos vizinhos já relataram que estão com dores no corpo, nos olhos e febre. A gente não sabe se é ou não dengue. Agora tem tanta doença que não tem como saber o que é”, afirmou.

A aposentada Sueli Alves mostra os pontos mais problemáticos da obra, onde a água parada serve de berçário para proliferação do mosquito. (Foto: Fernando Antunes)
A aposentada Sueli Alves mostra os pontos mais problemáticos da obra, onde a água parada serve de berçário para proliferação do mosquito. (Foto: Fernando Antunes)

O prédio está fechado, com cadeado no portão principal e cerca elétrica. Os moradores afirmam que um guarda faz a segurança apena durante a noite, porém em dias alternados.

“Conseguimos entrar com autorização desse guarda 20 dias atrás e vimos que existem reservatórios de água com larvas do mosquito. Pegamos uma escada e vimos que no telhado não tem nada, foi até uma surpresa. Mas as caixas de sucção e outros lugares tem larvas sim”, disse Sueli Alves.

A professora Hermínia Cabral, 53 anos, mora na Rua Riverside há 30 anos, e relata que o terreno onde hoje esta a obra inacabada antes tinha muitos ipês, árvores frutíferas e outras plantas. “Era muito melhor do que agora. Preferia as plantas do que um posto que não funciona e um monte de mosquito que transmitem doenças”, finalizou.

Posição - Em nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que os agentes de controle de endemias tem feito visitas regulares e aplicação de larvicida. A Prefeitura também "notifica as construtoras responsáveis pelas obras, que por não terem sido entregues não são de responsabilidade do poder público".

A Secretaria também orientou os moradores a entrarem em contato caso persista a suspeita de criadouros do mosquito. O telefone para denúncias é o 3314-9955.

Mesmo informando não ser responsável pela limpeza das obras inacabadas e abandonas – como é o caso do posto de saúde do Azaleia – uma decisão da Justiça estadual determinou que a administração municipal garanta a limpeza de terrenos e imóveis (habitados ou não). O prazo inicial para o serviço era de 30 dias a partir da notificação da administração municipal. A decisão do juiz da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos da Capital, Marcelo Ivo de Oliveira, foi divulgada no dia 12 de janeiro.

A Sesau informou que este ano, até o dia 12 de janeiro, foram 455 casos notificados de dengue em Campo Grande, além de 86 de zika e 18 de chikungunya.

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