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Capital

Pandemia agrava situação e deixa Capital à beira do colapso de UTIs neonatal

Há dificuldade de acompanhamento pré-natal durante a pandemia, o que aumenta número de casos de gestações de alto risco

Lucia Morel | 22/02/2021 09:16
Recém-nascido em leito de UTI da Santa Casa. (Foto: ASCOM Santa Casa de Campo Grande)
Recém-nascido em leito de UTI da Santa Casa. (Foto: ASCOM Santa Casa de Campo Grande)

A internação em leito intensivo para bebês e recém-nascidos em Campo Grande está prestes a entrar em colapso. A superlotação do setor não é de hoje, mas as dificuldades de acompanhamento pré-natal durante a pandemia, tanto pelo SUS (Sistema Único de Saúde) quanto pela rede privada, aumentaram casos de gestações de risco, ampliando também o número de crianças que precisam de atendimento em UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Recentemente, essa dificuldade obrigou a transferência da pequena Kallyne Vitória Duarte de Oliveira, de 2 meses, para internação na cidade de Ribeirão Preto (SP). Com covid, ela conseguiu a vaga na cidade paulista, mas acabou morrendo no dia 6 de fevereiro.

Para se ter uma ideia, são 44 leitos de UTI Neonatal pelo SUS na Capital e estima-se que haja outros 30 pela iniciativa privada (Capital e interior). A Unimed atende nessa especialidade apenas pela rede credenciada, mas não informou quantas vagas há.

No entanto, inquérito do Ministério Público encerrado em 2019, mostrava que tanto a cooperativa quanto a Cassems dividiam 10 leitos no Hospital El Kadri. A Cassems, por sua vez, informou à reportagem que mantém 10 leitos próprios em UTI Neo Natal em Três Lagoas. Fora do SUS, há ainda 10 leitos na Maternidade Cândido Mariano.

Atualmente, nova investigação foi aberta pelo Ministério Público para identificar os problemas do setor, isso depois de recorrentes denúncias da Santa Casa de superlotação e falta de vagas intensivas para recém-nascidos.

O hospital conta com 8 leitos de atendimento SUS nessa modalidade e até a última sexta-feira, 100% deles estavam ocupados, mas havia mais três crianças esperando vaga. O número na fila de espera chegou a ser de seis em alguns dias. Esses bebês ficam em atendimento improvisado até que uma vaga surja.

Diante das denúncias, o MPMS fez uma vistoria na Santa Casa no último dia 10 de fevereiro e constatou que a ocupação era de 100% dos leitos. Apesar de no momento da verificação não houvesse bebês à espera de vaga em UTI, o perito ressaltou que “a permanência de RNs no Centro Obstétrico ou outros setores não destinados ao atendimento específico destes, implica em riscos assistenciais”.

Constatações – no decorrer das investigações, a promotora de justiça Luciana do Amaral Rabelo, da 76ª Promotoria, realizou três reuniões com autoridades em saúde e representantes de hospitais entre os dias 9 e 18 de fevereiro. Na primeira delas foi informado que as dificuldades no acompanhamento dos pré-natais durante a pandemia tem aumentado os casos de gestações de risco.

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Na ocasião, o Coordenador do Núcleo de Regulação da Santa Casa, Fabiano Cançado, disse que a situação sobre a UTI Neonatal não é recente, mas que a demanda de pacientes, que precisam de UTI aumentou e acreditava que isso decorria “da insuficiência de pré-natal por conta da pandemia, já que a falta de pré-natal acarreta em possível aumento na gravidade”.

Na reunião seguinte, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) sustentou que houve aumento no número de nascimentos em Campo Grande e que diante disso, a única saída seria a implantação de mais leitos de UTI Neonatal. Foi ressaltado ainda que a Unimed requisita com frequência ao SUS esse tipo de vaga.

Há problemas ainda no andamento das consultas às gestantes, sendo que em 12 de fevereiro, eram 131 grávidas consideradas de alto risco que ainda não haviam passado pela primeira consulta nos postos de saúde. Não houve explicação, no entanto, sobre o motivo dessa demanda reprimida.

Por parte da SES (Secretaria de Estado de Saúde) foi informado que há previsão de serem instalados 10 leitos de UTI Neonatal em Três Lagoas e 20 em Dourados, já que outra constatação é de que apenas 28,5% das gestantes que realizaram parto em Campo Grande são da Capital e o restante 71,5% do interior.

Fonte: MPMS
Fonte: MPMS

Soluções – entre as medidas já em andamento para tentar solucionar a situação, o MPMS deu 60 dias, a partir de 18 de fevereiro, para que a Sesau zere a fila de consultas às gestantes de alto risco, e que a permanência de recém-nascidos à espera de UTI não ultrapasse 72 horas.

Também foi apresentada proposta de ser incentivada, com publicidade devida, sobre a possibilidde de colocação de DIU no parto e no pós-parto, bem como sobre outros métodos anticoncepcionais e sua importância.

O grupo deve se reunir novamente em 60 dias para pontuar o que foi feito e se houve melhoria efetiva nos atendimentos.

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