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Capital

Para traçar linha de investigação, Polícia vai concentrar casos de golpes no 6º DP

Paula Maciulevicius | 06/03/2012 20:30

Concentrar a investigação vai dar sustentação à Polícia para especificar a intensidade e número de casos e assim levantar dados

Analisando registros, duas ocorrências apresentam mesmo número telefônico dos autores. (Foto: João Garrigó)
Analisando registros, duas ocorrências apresentam mesmo número telefônico dos autores. (Foto: João Garrigó)

Os golpes do carro quebrado, bilhete premiado e da vítima contemplada com uma casa, carro, ou dinheiro estão na mira da Polícia. Para traçar uma linha de investigação e chegar até a suposta quadrilha que pratica golpes de estelionato através de ligações ou mensagens de texto, a Polícia vai concentrar as ocorrências em uma única delegacia, na 6º Distrito Policial, no bairro Tijuca.

A incidência de casos chamou a atenção do delegado Valmir Moura Fé, que passou a pedir que as demais delegacias encaminhem as cópias de boletins de ocorrências das vítimas destes crimes.

Concentrar a investigação num só lugar vai dar sustentação para a Polícia especificar a intensidade dos casos, quantidade de ocorrências e assim levantar contas bancárias e números de celular, usados pelos bandidos.

Só entre o final de fevereiro e começo de março, a delegacia do bairro Tijuca recebeu três casos de vítimas de golpes. Dois deles o antigo, do carro quebrado, um da casa premiada e ainda outro que está para chegar, em que a vítima, um profissional de Direito, depositou R$ 900 para ajudar o suposto parente que precisava trocar uma peça do carro que quebrou na estrada.

Mesmo com golpes já conhecidos, ainda existem vítimas reféns dos artifícios de um crime que dispensa arma. “Às vezes tem muitas vítimas dispersas. É um golpe antigo e tem pessoa caindo, depositando. Tem a necessidade de dar atenção, não é só a pessoa humilde, o olho grande também entra nesse perfil”, explica Moura Fé.

Analisando os três casos que aconteceram na região onde a delegacia cobre, o delegado já pode identificar que os dois registros de golpes do mecânico vieram do mesmo celular, da Oi do estado de Goiás.

Em um deles, a pessoa foi específica, disse que o motorista estava na região de Sidrolândia. Os detalhes levam a crer que apesar do chip ser de fora, o estelionatário estava bem mais próximo. “Às vezes eles usam chip de fora para dificultar a investigação e eles convencem. Até o jeito de falar, o nome das peças, é igual de um mecânico”, completa.

No outro caso, da casa premiada, a vítima depositou a quantia de R$ 290 para uma conta do Bradesco, em Minas Gerais. “Esse do SBT 30 anos, quando eles começaram eram 25 anos, então cinco anos se passaram. Eles mandam mensagem pedindo que a pessoa entre em contato. O autor instrui a vítima até o depósito. Mas porque vai depositar se ganhou? É o que as pessoas deveriam questionar”, diz Moura Fé.

“Você recebe um negócio desses, é uma mensagem tentadora não é?” (Foto: João Garrigó)
“Você recebe um negócio desses, é uma mensagem tentadora não é?” (Foto: João Garrigó)

A audácia dos criminosos é tamanha que eles chegam a montar uma cena fictícia. De acordo com o delegado, ao fundo das ligações às supostas centrais de atendimento, há o som de pessoas digitando, outros falando ao telefone, semelhante a uma central de telemarketing. “Ao fundo a vítima escuta um atendente dizendo para outro você acabou de ganhar uma casa e ao telefone a pessoa começa a pressionar, a senhora vai querer ou não? Porque tem gente na fila”, conta.

Entre as pautas do dia, o Campo Grande News ouviu um funcionário de uma empresa de investimentos imobiliários comentar com os colegas de trabalho que ficaria rico hoje. A pessoa é Marcelo Soares Herman, 22 anos, que por pouco não se tornou mais uma vítima dos golpes. Fato que comprova como a ação dos estelionatários está presente no dia-a-dia de possíveis vítimas.

No meio da tarde, pelo celular, recebeu uma mensagem do “Avião do Faustão” que anunciava que ele havia ganhado um Gol e ainda R$ 30 mil em dinheiro.

“Fiquei feliz por pouco tempo. Foram duas mensagens dizendo a mesma coisa, com um código e pedindo para eu entrar em contato. Pensei em ligar, mas meus colegas disseram é mentira”, conta.

Ainda sem acreditar que a mensagem não passava de um golpe, ele desanimou “você recebe um negócio desses, é uma mensagem tentadora não é?”

Pelo já levantado o delegado comenta a organização do crime.

Os estelionatários tem acesso a milhares de números de celulares e passam o dia ligando. “Eles ligam até fazer vítimas, é como um expediente, liga o dia todo”.

O registro de casos de golpes é essencial para que a Polícia possa traçar a investigação. O boletim de ocorrência pode ser registrado em qualquer delegacia de Polícia Civil.

O delegado acredita que em um mês de levantamento vai conseguir levantar dados que possam chegar a identidade da suposta quadrilha.

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