ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 29º

Cidades

Passado de vítima de duplo homicídio envolve PCC e complica investigação

Danúbia Burema | 03/12/2010 20:35

Cabeleireira degolada no Tijuca havia sido arrolada como testemunha em processo contra integrantes do PCC

Cabeleireira e amiga foram degoladas em residência do Jardim Tijuca na última segunda-feira. (Foto: João Garrigó)
Cabeleireira e amiga foram degoladas em residência do Jardim Tijuca na última segunda-feira. (Foto: João Garrigó)

O passado das vítimas do duplo homicídio ocorrido nesta semana no Jardim Tijuca, em Campo Grande, torna a investigação mais complexa, conforme definição da Polícia Civil. A cabeleireira Regina Bueno França, de 40 anos, degolada em sua residência junto com a amiga Cláudia de Araújo Mugnaini, havia sido arrolada como testemunha em processo de falsificação de documento público cuja ré é a advogada Alisie Pockel, presa em 2007 por envolvimento com a facção criminosa PCC.

Regina é a terceira pessoa citada no processo de falsificação de documento a morrer. Ela foi arrolada como testemunha depois que o detento Anderson Pereira Veiga, de 29 anos, também testemunha de defesa da advogada no processo, desapareceu e dias depois foi encontrado carbonizado. O marido de Alisie, Jairo Roberto Gonçalves, também morreu no decorrer do procedimento judicial, de causa não esclarecida.

Apesar de ter sido arrolada como testemunha, Regina não chegou a prestar nenhum depoimento sobre o caso. No dia 18 de abril de 2008, cerca de dez dias antes da primeira audiência, a Justiça homologou o pedido de desistência do testemunho da cabeleireira.

A desistência foi solicitada pela Defesa da advogada acusada de envolvimento com o PCC. No início do processo, Alisie pediu segredo de Justiça no processo para preservar sua identidade, mas teve o pedido negado.

O processo no qual a cabeleireira era testemunha tramita na 2ª Vara Criminal e os autos foram solicitados pelo Ministério Público para análise.

Alisie era acusada pela Polícia de participar de um esquema que fornecia telefones celulares a presos. A reportagem do Campo Grande News tentou entrar em contato com a advogada, mas ela não atendeu nem retornou às ligações feitas para seu celular.

Perícia fotografa roupas de detento carbonizado que também era testemunha em processo contra o PCC. (Arquivo / Minamar Júnior)
Perícia fotografa roupas de detento carbonizado que também era testemunha em processo contra o PCC. (Arquivo / Minamar Júnior)

Carbonizado – O detento Anderson Pereira Veiga desapareceu no dia 14 de dezembro de 2007. No dia seguinte, a esposa dele procurou a Depac para registrar o sumiço. Ela informou a Polícia de que Anderson havia saído de casa às 16h em direção à Colônia Penal onde cumpria pena por tráfico.

Por volta das 19h, a mulher recebeu uma ligação de pessoa não identificada informando que o marido estava sendo espancado outros presos porque era informante Polícia.

Após a ligação ela entrou em contato com a Colônia e um agente informou que ele deu entrada no local naquele dia, mas após busca não foi encontrado e por isso foi considerado evadido. Ele tinha passagens por tráfico e receptação.

No dia 19 do mesmo mês, Anderson foi encontrado completamente carbonizado dentro de um veículo na Capital. O reconhecimento do corpo foi possível apenas mediante exame de DNA. Sua ligação com o PCC havia motivado a transferência para o semi-aberto, porque o detento corria risco de morte.

Poucos dias depois que o corpo foi encontrado, a polícia localizou nos fundos da Colônia as roupas e o calçado de Veiga. A camiseta do detento apontava várias perfurações, seriam 30 golpes com uma arma artesanal, conforme denúncia anônima.

Delegado diz que Polícia ficará "neutra" e apurar emaranhado de informações sobre o caso. (Foto: Fábio Antunes)
Delegado diz que Polícia ficará "neutra" e apurar emaranhado de informações sobre o caso. (Foto: Fábio Antunes)

Complexa - O delegado responsável pela investigação da morte da testemunha Regina, Daniel Rodrigues da Silva, avalia a investigação como complexa por conta da quantidade de informações sobre o caso, que incluem processo relacionados ao PCC e passagens. “O caso da morte dessas mulheres não deixa de ser complexo”, afirma.

Ele chega a comparar a complexidade do caso com o desaparecimento da modelo Eliza Samudio e a prisão do ex-goleiro do Flamengo. Também lembra do caso Nardoni e ressalta que é necessário tempo para apurar as informações.

Daniel alega que todos os fatos passados podem interessar a investigação e serão levados em consideração. Contudo, nesse emaranhado de informações o que será prioridade é identificar a autoria do crime, depois as motivações e circunstâncias, explica o delegado. “Por ora a Polícia vai ficar neutra”, resume o delegado, reforçando o mistério sobre o caso.

Nos siga no Google Notícias