Passageiros se preparam para recorrer a caronas e aplicativos em caso de greve
Motoristas votaram hoje (11) pela greve durante assembleia, devido ao atraso de sete dias nos salários

Com o anúncio de greve dos motoristas do Consórcio Guaicurus, após assembleia realizada na manhã desta quinta-feira (11), trabalhadores e passageiros que dependem diariamente do transporte público já começaram a buscar alternativas, de corridas por aplicativo a caronas, para evitar atrasos e conseguir chegar aos seus destinos na próxima segunda-feira (15).
RESUMO
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Motoristas do Consórcio Guaicurus, em Campo Grande, anunciaram greve para segunda-feira (15), devido a atrasos nos pagamentos. Usuários do transporte público já planejam alternativas, como caronas e serviços de aplicativo, para garantir o deslocamento. Esta será a segunda paralisação do ano pelo mesmo motivo. Em outubro, uma greve similar causou transtornos significativos, com aumento expressivo no preço das corridas por aplicativo e congestionamentos em várias vias da cidade, especialmente nos acessos ao Centro.
O Campo Grande News foi às ruas e aos pontos de ônibus para ouvir moradores da Capital e entender como cada um pretende se organizar diante da decisão tomada pelos cerca de 200 motoristas que participaram das assembleias realizadas nas duas garagens do consórcio.
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A auxiliar de serviços gerais, Solange Rozan, de 54 anos, conta que foi uma das primeiras a saber da greve. Ela relata que mora no Serradinho e segue diariamente até a Chácara Cachoeira usando a linha 56. Apesar de ser afetada, ela diz entender a situação tanto dos usuários quanto dos trabalhadores. “A gente fica preocupada porque a gente precisa dos ônibus e os motoristas precisam receber então a gente fica dividida”, afirma.
Solange sai de casa às 5h40 para chegar ao trabalho às 7h, faz baldeação no Terminal Ary Coelho e, diante da greve anunciada, já avisou o gerente da empresa para saber como será a orientação na próxima semana. Na paralisação de outubro, ela esperou até 6h30 no ponto e chegou atrasada, mas conseguiu embarcar.
A comerciante Narcisa Aparecida Pereira, de 59 anos, moradora do Los Angeles, também já estava ciente da greve. Para ela, a decisão é legítima. “Concordo porque eles são pais de famílias têm contas pra pagar e é um direito deles”, afirmou. Ela utiliza as linhas 107 e 89 até o Centro, em um trajeto que ultrapassa uma hora. Na segunda-feira, ela disse que pretende ficar em casa. “Uber muito caro”, resume. Em outubro, ela relata que, para conseguir trabalhar, precisou pagar R$ 60 apenas para ir.
A psicóloga Cecília Assis, 35 anos, que mora no Jardim Aeroporto e segue até a Vila Glória usando a linha 86, também apoia a greve. “Super apoio são trabalhadores como nós”, diz. Ela leva cerca de 1h10 por dia e costuma descer no Terminal Ary Coelho, de onde segue a pé até a 13 de Maio.
Cecília relata que a instabilidade começou hoje. “O ônibus 412, que passa às 3h50, só apareceu às 6h30; o 73, previsto para 5h50, passou às 6h40”. Para a próxima semana, ela planeja dividir corridas de aplicativo e até cogita alugar um carro. Na paralisação de outubro, conseguiu transferir os atendimentos para o online e não saiu de casa.
A cuidadora Lilian dos Santos, 43 anos, moradora da Vila Nasser, usa as linhas 242 e 226 até o Parque dos Poderes e leva cerca de 1h30 no trajeto. Para ela, a solução será o aplicativo. “Graças a Deus que tem o aplicativo”, disse. Na paralisação anterior, estava de férias, mas precisou chamar Uber para o filho de 16 anos ir à escola.

Também dependente do transporte público, a auxiliar administrativa e moradora do Pioneiros, Cleiniane Maria Gonçalves, de 23 anos, disse que entende a situação, mas que também sentirá os impactos da greve.
“Não tenho muito o que falar eles estão no direito deles estão sem receber mas também prejudica a gente que depende do transporte público”, relata. Ela usa as linhas 506 e 59 até a 7 de Setembro, com baldeação no Morenão. Para a greve, pretende pegar carona com o namorado.
O mecânico Alfredo Taveira, de 86 anos, que mora no Tijuca e trabalha no Centro, ainda não sabia da paralisação. Para ele, a greve dos motoristas “nunca é boa”. Ele usa as linhas Tarumã e 81, faz baldeação no Bandeirantes e leva cerca de 30 minutos. Na segunda-feira, Alfredo disse que pretende dividir Uber com o filho, já que o carro da família fica com ele. Em outubro, conseguiu ir de carro.

Por outro lado, também há quem ainda não achou uma alternativa. A auxiliar de produção Keyla Aparecida de Oliveira, 43 anos, que mora no Parque do Sol e trabalha no Santa Fé, é uma delas. Ela disse que não sabia da greve e reagiu com preocupação. “É complicado pq a gente precisa dos ônibus pra trabalhar, a gente fica revoltado, pq quando os estudantes entram de férias já diminuiu os ônibus, fica complicado pra quem trabalha”, disse.
Keyla leva cerca de 1h20 no trajeto, usando as linhas 110, 321 ou 080, e faz baldeação no Aero Rancho e no Bandeirantes. Ela afirma que não tem condições de pagar corridas por aplicativo. “A intenção é ficar em casa porque não vai pagar Uber, vai depender do que a empresa decidir”, conta. Na paralisação de outubro, ela ainda estava desempregada, mas lembra que uma amiga precisou da patroa para buscá-la em casa.

A auxiliar administrativa Regina Fernanda Ramos Neris, 30 anos, que mora na Vila Nasser e trabalha no Shopping Campo Grande, também não sabia da greve. Ao ser informada, avaliou que “é direito deles”. “Afeta muito a população, mas se não tem greve não tem mudança”, disse. Ela usa a linha 056, faz baldeação no Ary Coelho e gasta cerca de 1h30 no deslocamento.
Regina disse que não tem planos ainda para lidar com a paralisação na segunda-feira. “Vou ter que ver pq não faço a mínima ideia”. Em outubro, ela não conseguiu ir trabalhar pela manhã; entretanto, ela explica que a empresa em que trabalha entendeu e não descontou o dia de trabalho.

Já a auxiliar administrativa moradora do São Conrado, Kamila do Nascimento, de 21 anos, disse que também não achou uma alternativa caso os ônibus não circulem na próxima semana. “Se não tiver ônibus não tem como trabalhar, não tem como pagar uber pq nesses dias de greve o preço dispara”. Entretanto, ela também apoia os motoristas. “Eu acho que eles tão certos, imagina a gente não receber”, afirma. Kamila segue diariamente para a 13 de Maio, usando as linhas 305, 81 e 85, e faz baldeação no Terminal Bandeirantes.
O cabeleireiro Gabriel Moura, 20 anos, morador da Vila Sobrinho, também não sabia da greve. “Todo mundo precisa pegar ônibus no fim de semana, nesses dias já tem pouco ônibus, dias normais já tá tudo lotado, agora dia de semana também vai ficar reduzido?” questiona. Ele trabalha no Jardim Paulista, usa as linhas 85 e 70 e leva 40 minutos. Para se garantir, planeja acordar bem mais cedo.
Segunda vez – Esta será a segunda paralisação no ano causada por atraso de pagamento aos motoristas. A anterior ocorreu em 22 de outubro, após 47 horas de atraso no vale. Naquele dia, o movimento foi organizado para que os ônibus só deixassem as garagens às 6h, pegando de surpresa principalmente quem depende das primeiras linhas da madrugada.
A paralisação também provocou aumento expressivo no preço das corridas por aplicativo. Um exemplo foi uma corrida naquele dia, de R$ 77,20 entre a Vivenda do Bosque e o Residencial Mario Covas, registrada na manhã desta quarta-feira (dia 22). Em dias normais, o valor é de R$ 30. Portanto, mais que dobrou.
O trânsito também ficou congestionado em várias vias, especialmente nos acessos dos bairros ao Centro, o que também dificultou o deslocamento de motoristas que não dependem do transporte coletivo, mas acabaram envolvidos na lentidão provocada pela redução da frota.
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