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Capital

Pesquisa de MS subsidia estudos contra contaminação nuclear de Fukushima

Ítalo Milhomem | 15/05/2011 15:33

Cientistas do National Institute of Radiological Sciences ( Instituto Nacional de Ciências Radiológicas), da cidade de Chiba, no Japão solicitaram o artigo “As conseqüências clínicas da ingestão do césio”, dos médicos pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Petr Melnikov e Lourdes Zélia Zanoni sobre os efeitos do elemento químico césio não radioativo no organismo humano.

A pesquisa brasileira sobre as conseqüências da ingestão humana do césio não radioativo poderá ajudar nos estudos para a proteção da população japonesa de possíveis danos causados pela radiação em conseqüência das explosões dos geradores de energia da usina nuclear de Fukushima, após o tsunami que devastou o Japão em março deste ano.

A pesquisa foi publicada há um ano na revista internacional Biological Trace Element Research, especializada elementos biológicos e químicos.

“Reunimos neste trabalho todo o material existente sobre o comportamento do césio não radioativo no corpo humano e de repente começamos a receber vários pedidos desse artigo”, conta Lourdes.

“Em poucas palavras, este artigo visa conscientizar os efeitos clínicos do césio na população e evitar erros nas propostas de novos medicamentos mal indicados em situações como de Fukushima”, comenta Petr.

A radiação que vazou nas explosões da usina nuclear de Fukushima pode contaminar o ar, o solo e água, prejudicando a população que entrar em contato com esses elementos radioativos.

A radiação pode causa queimaduras, doenças sanguíneas, danos na medula óssea, que levam a leucemia, além de outros tipos de câncer. Os efeitos podem ser sentidos por gerações e gerações afirmam os pesquisadores.

No Brasil já ocorreu acidente com elementos radioativos semelhantes ao de Fukushima, em Goiânia (GO) em 1987, quando catadores de materiais recicláveis desmontaram uma máquina de radioterapia entrando em contato com Césio-137 radioativo.

Esse foi o maior acidente radioativo do Brasil e um dos maiores no mundo ocorrido fora das usinas nucleares.

Em Fukushima foram registrados átomos radioativos de iodo e o césio, este último foi elemento estudado pelos doutores da UFMS.

A presença desses elementos radioativos têm levado as autoridades japonesas a tentarem proteger a população com máscaras e até mesmo roupas especiais em alguns casos, porém não há como investir em massa nesses equipamentos devido ao custo elevado.

Em abril foram detectados no mar níveis de radiação de até 5 milhões de vezes superior ao limite legal. Já o nível de césio radioativo alcançou 1,1 milhão de vezes superior ao limite permitido para o convívio do homem.

A dupla de pesquisadores explica o que está sendo feito no Japão para inibir a contaminação do iodo radioativo.

Segundo a pesquisadora, Lourdes Zélia, a glândula tireóide naturalmente absorve o iodo, essencial para produção de hormônios e no funcionamento de vários órgãos. Geralmente este elemento está presente em alimentos marinhos ou que contenham sal iodado.

“Quando o organismo acumula muito iodo, a tiróide para de absorvê-lo.Então, se você oferece os comprimidos com iodeto de potássio, o iodo comum vai saturar as necessidades da tiróide e o organismo recusará o iodo radioativo contido no ambiente, e assim as pessoas não se contaminam”.

Dr. Petr explica que com o césio, objeto de estudo na sua pesquisa, a situação não se torna tão simples assim como o iodo radioativo.

“É mais complicado. Seria muito atrativo oferecer à população o iodeto de césio e matar dois coelhos com uma cajadada só. Mas o césio já possui certa toxicidade”, comenta Dr Petr.

Os pesquisadores criaram uma base para julgar quais seriam os riscos e as complicações se alguém ingerisse comprimidos com iodeto de césio para evitar a absorção do material radioativo.

“A princípio, o iodeto de césio poderia ser adicionado ao iodeto de potássio, mas em pequenas quantidades, devido seu grau de toxidade.

Em quantidades médias ou altas de césio, o risco à saúde seria maior do que o benefício. No organismo humano, o césio substitui o potássio nas funções fisiológicas do coração e provoca alterações perigosíssimas no ritmo cardíaco”, alerta Drª Lourdes.

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