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Capital

PM é promovido duas semanas após ser condenado por "farra" com viatura

Militar usou viatura até para viajar nas férias e forjou relatórios de serviços que nunca foram feitos

Clayton Neves | 03/09/2021 16:46
PM é promovido duas semanas após ser condenado por "farra" com viatura
Corregedoria investigou a conduta do militar, condenado pela Justiça no mês passado. (Foto: Paulo Francis)

Condenação de 4 anos e seis meses de prisão não barraram promoção do 3° sargento da Polícia Militar, Leonel Júlio da Cunha, lotado em Nova Andradina. No dia 17 de agosto, duas semanas antes de subir de patente, o militar foi condenado a cumprir pena em regime semiaberto por dois crimes.

Na denúncia feita pelo Ministério Público Estadual, consta que Leonel parou de dar aulas a estudantes do Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), em Nova Andradina, e falsificou relatórios onde dizia ter feito o serviço que nunca aconteceu. Longe da função que deveria exercer, ele passou a usar viatura abastecida pelo Governo para uso pessoal, inclusive, para viajar nas férias.

Na edição desta sexta-feira (3), do Diário Oficial do Estado, o nome de Leonel Júlio consta na lista de 74 policiais promovidos por antiguidade. Agora, de 3º, ele passa a ser 2º sargento da PM.

No processo que respondeu por peculato e falsidade ideológica, consta que, em 2017, o policial militar desenvolveu o projeto Proerd em três escolas de Nova Andradina. No ano seguinte, manteve as palestras apenas em uma unidade, no entanto, continuou abastecendo e usando a viatura durante todo o dia.

Já em 2019, segundo aponta o Ministério Público, Leonel Júlio não implementou o Proerd em nenhuma escola do município e não informou o comandante do Batalhão sobre isso. Mesmo sem desempenhar a função para qual havia sido contratado, o sargento continuou usando a viatura para fins pessoais.

No mesmo ano, ele assinou e entregou relatórios como se tivesse aplicado aulas aos estudantes, no entanto, as escolas informaram que ele nunca esteve em sala durante todo o ano.

Para o MP, “ciente da reprovabilidade de sua conduta e agindo em continuidade delitiva, o policial apropriou-se de bens móveis, públicos, de que tinha a posse em razão do cargo, assim agindo em proveito próprio”.

Em depoimento, Leonel Júlio afirmou não ter começado as aulas, porque aguardava apostilas que não haviam sido entregues por questões burocráticas e afirmou que no horário em que deveria estar com os alunos, fazia rondas no entorno das escolas por entender que tinha autonomia para tomar a decisão.

Para a Justiça, ficou comprovado má-fé nas atitudes do PM, que foi condenado por usar a função pública em benefício próprio e por falsidade ideológica. Ele recorreu da sentença e o caso será analisado pelo Tribunal de Justiça.

O Campo Grande News questionou o Comando Geral da PM sobre a promoção e aguarda retorno.