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Capital

Polícia descarta envolvimento de irmã e indicia 3 por latrocínio de pecuarista

Segundo o delegado Francis Freire, o relatório da investigação será encaminhado ainda hoje para o Judiciário

Anahi Zurutuza, Ana Beatriz Rodrigues e Dayene Paz | 08/08/2022 16:23
Mãe e filha, Lucimara e Jéssica, foram presas por envolvimento na morte de patroa, Andreia Flores, durante assalto. (Foto: Reprodução das redes sociais)
Mãe e filha, Lucimara e Jéssica, foram presas por envolvimento na morte de patroa, Andreia Flores, durante assalto. (Foto: Reprodução das redes sociais)

A Derf (Delegacia Especializada em Roubos e Furtos) concluiu a investigação sobre o assassinato da pecuarista Andreia Aquino Flores, de 38 anos, e indiciou as empregadas da vítima, Lucimara Rosa Neves, 43, e Jéssica Neves Antunes, 24, e de Pedro Benhur Ciardulo, 20, por latrocínio (roubo seguido de morte) – cuja pena pode chegar a 30 anos de reclusão. A investigação descartou que o crime tenha sido praticado a mando de irmã da vítima.

Andreia Flores foi morta aos 38 anos. (Foto: Reprodução das redes sociais)
Andreia Flores foi morta aos 38 anos. (Foto: Reprodução das redes sociais)

De acordo com o delegado Francis Flavio Freire, que conduziu o inquérito, os três têm versões iguais sobre o assalto que terminou em morte, no dia 28 de julho. Lucimara foi quem planejou tudo. A ideia era conseguir que a vítima fizesse Pix de R$ 50 mil. Pela “ajuda” dos comparsas, a própria filha e o cunhado, “Mah”, como era conhecida a funcionária que trabalhava como uma espécie de governanta na casa da pecuarista, pagaria R$ 20 mil – R$ 10 mil para cada. Os outros R$ 30 mil ficariam com Lucimara, que usaria o dinheiro para quitar dívidas com agiotas.

A mentora do crime também contou à polícia que a intenção de simular o assalto era fragilizar Andreia. Ela precisava conseguir que a patroa assinasse documento relacionado a uma negociação de gado e em troca, receberia ajuda financeira da irmã da vítima, para quem também já trabalhou. A ideia foi então lucrar com o assalto simulado e depois, fazer Andreia acreditar que a irmã havia enviado o criminoso como uma ameaça de morte, mas arquitetou o plano sem o conhecimento da ex-empregadora.

Lucimara falou em um pagamento de R$ 50 mil, mas em depoimento à polícia, a irmã não confirmou o valor, apenas que ofereceu uma recompensa. “A empregada disse que queria fragilizar a vítima, para convencê-la a assinar o documento. A irmã confirma que estava fazendo isso [tentando a assinatura] por intermédio da empregada, porque detinha a confiança dela. Queria que esse documento não passasse pelos advogados da vítima, porque na visão dela, eram eles que estavam dificultando”, explica o delegado.

Ainda conforme a polícia, "durante a investigação, ficou patente que o crime foi planejado no dia anterior e, inclusive, momentos antes do crime, Lucimara tirou o cachorro da vítima da residência e o deixou num pet shop, para que não dificultasse a ação criminosa".

Com os criminosos, a polícia localizou um Macbook, dois celulares da marca Iphone e uma caixa de som da marca JBL, bens avaliados em R$ 15,5 mil.

Além dos depoimentos dos três participantes do crime e testemunhas, a investigação da Derf conseguiu provas materiais, como os celulares da vítima, encontrados na fossa da casa de Jéssica. Os aparelhos foram encaminhado para a perícia.

Buscas pelos celulares, encontrados em fossa na casa de uma das presas. (Foto: Polícia Civil/Divulgação)
Buscas pelos celulares, encontrados em fossa na casa de uma das presas. (Foto: Polícia Civil/Divulgação)

Cronologia – Andreia foi assassinada no condomínio onde morava, no Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande. Lucimara contou que chegou à casa da patroa por volta das 6h40. Narrou à polícia que encontrou Andreia ainda acordada, fazendo uso de bebidas alcoólicas. Jéssica afirma que chegou às 7h e as duas trabalharam normalmente.

“Mah” disse que limpou a casa, recolheu garrafas de bebida, lavou a calçada, passou roupas e depois disso, chamou sua filha Jéssica para ir às compras, em atacadista na Rua Marquês de Lavradio. A nota fiscal do supermercado mostra que as duas terminaram de passar os produtos no caixa, às 10h16. Pelos itens, as empregadas desembolsaram R$ 786,69 pagos no cartão de uma delas depois que a patroa havia feito Pix de R$ 1 mil.

Conforme o plano, foi no estacionamento que Pedro se juntou às duas. Do mercado, o trio passou em loja de utilidades, na Avenida Ministro José Arinos, para comprar a arma de brinquedo que seria usada na encenação. Depois, passaram em um posto de combustíveis para comprar cigarros e seguiram para o condomínio.

Foi no caminho para a casa de Andreia que tudo começou a dar errado. Os três começaram a discutir a respeito do valor que arrancariam da vítima, o que deixou os ânimos exaltados.

Já na residência da pecuarista, segundo as duas depoentes, primeiro, entraram Pedro e Jéssica, fingindo estar refém. Ainda de acordo com os depoimentos, a vítima resistiu à investida do assaltante para amordaçá-la. Ela se debatia e ele apertava um pano contra o rosto dela, até que Andreia desfaleceu.

Só depois, o corpo de Andreia foi levado para o andar de cima da casa. Lucimara relatou que jogou água na tentativa de acordar a patroa, mas foi em vão. Ela levou o assassino até a casa dele, no Tiradentes, voltou para a residência da patroa e junto com a filha, pediu ajuda a um vizinho.

Pedro Benhur Ciardulo saindo de camburão da polícia ao ser preso em Dourados. (Foto: Adilson Domingos)
Pedro Benhur Ciardulo saindo de camburão da polícia ao ser preso em Dourados. (Foto: Adilson Domingos)

Prisões - Mãe e filha foram presas no mesmo dia. Já Pedro Benhur foi pego pela polícia em Dourados, no dia 1º deste mês. Os três estão presos preventivamente (por tempo indeterminado).

Os advogados do rapaz dizem que ele está muito arrependido e “chora muito”. Anielton Camargo Sousa, um dos defensores, afirma que precisa ter acesso ao relatório do inquérito para traçar as próximas estratégias da defesa, como um pedido de relaxamento da prisão.

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