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Capital

Por matar amigo de infância, “Irmão Articulador” é condenado a 19 anos de prisão

Durante julgamento Márcio Douglas Pereira Rodrigues, negou ter matado Gean Pereira Rodrigues em 2018

Ana Paula Chuva | 26/05/2022 15:32
Juiz não permitiu fotos do réu durante julgamento hoje, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Juiz não permitiu fotos do réu durante julgamento hoje, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

O auxiliar de técnico de eletrônica, Márcio Douglas Pereira Rodrigues, 25 anos, foi condenado a 19 anos de prisão em regime fechado e mais dez dias de multa pela morte do amigo de infância, Gean Blendão Pereira Rodrigues. O crime aconteceu em 2018.

Márcio sentou no banco dos réus nesta quinta-feira (26) e chegou a negar ter cometido o crime. A investigação apontou que a execução de Gean foi por um suposto vínculo do rapaz com a facção CV (Comando Vermelho) e o autor preferiu obedecer ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Também conhecido como “Irmão Articulador” ou “Cone”, Márcio foi condenado a 15 anos por homicídio qualificado por motivação torpe e sem chance de defesa da vítima, mais um ano por cárcere privado e mais 3 anos e 10 dias de multa por participar de organização criminosa. Totalizando 19 anos e dez dias de multa.

Durante o julgamento, a defesa do autor chegou a dizer pedir a absolvição do acusado, que apesar de ter confessado o crime à polícia, mudou a versão do depoimento e negou a autoria em juízo, além de alegar ausência de provas para a condenação.

No entanto, o conselho de sentença entendeu que houve materialidade para comprovar a autoria dos crimes. Com isso, o presidente da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Carlos Alberto Garcete, proferiu a sentença condenatória e declarou “restar evidente o concurso material de crimes”.

Gean foi encontrado com pés e mãos amarrados em estrada vicinal (Foto: Mirian Machado)
Gean foi encontrado com pés e mãos amarrados em estrada vicinal (Foto: Mirian Machado)

Denúncia - A investigação apurou que Gean e Márcio, ambos com 21 anos à época do crime, eram amigos de infância. A vítima procurou o outro para esclarecer que não pertencia ao CV, como estava correndo na região. Além de amigo, Márcio também teria papel importante na estrutura do PCC e, por isso, seria peça fundamental para inocentar o amigo.

No depoimento prestado na fase de investigação, Márcio Douglas explicou sua função na facção. Disse que era responsável por descobrir crimes cometidos na região sul de Campo Grande sem o aval do PCC. Sua área de atuação eram os bairros Moreninhas, Dom Antônio Barbosa, Aero Rancho e Parati, chegando até a Nhanhá, Taquarussu e Caiobá.

Pela importância do amigo, Gean o procurou para esclarecer que não era do CV. Os dois teriam conversado no banco de trás de carro de aplicativo, conduzido por homem chamado Brasília, contratado somente para a corrida. “Irmão Articulador” pegou o celular do rapaz e disse ter visto conversas entre ele e integrantes da facção rival.

Por causa disso, Gean foi levado em cárcere e submetido a julgamento, sendo determinada a execução. Amarrado, foi levado no carro de aplicativo até a rodovia, jogado e morto a tiros. Márcio Douglas ficou com o celular da vítima, mas percebeu no caminho de volta que havia perdido o próprio aparelho. Quis voltar, mas Brasília se recusou.

“Nada tinha contra Gean, pelo contrário, era seu amigo de infância, porém, foi obrigado a executar Gean por ele ser simpatizante da facção rival do PCC”, consta no relatório da Polícia Civil.

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