Presos com fuzis: ideia era vingar traficante executado por dívida
Tiago da Silva Cuellar foi morto com tiro na nuca em outubro do ano passado na região do Jardim Centro Oeste
O grupo, preso com fuzis durante operação da Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico) na quarta-feira (1°), passou por audiência de custódia nesta quinta-feira (2) e, em depoimento, um deles afirmou que parte do armamento seria usado para vingar a morte do padrasto, traficante executado em outubro de 2022 por conta de uma cobrança de dívida.
Tiago da Silva Cuellar, 34 anos, conhecido como Gambá, foi morto junto com um adolescente de 16. O crime aconteceu na Rua Arthur Nogueira, no Jardim Centro Oeste, e os dois foram atingidos por tiro na nuca. Testemunhas teriam dito que o traficante teria ido atrás de uma pessoa, não identificada, para cobrar uma dívida. Eles morreram dentro do carro em movimento.
O homem era padrasto de Wanderson da Silva Leite, um dos presos ontem pela Denar. O rapaz veio de Corumbá para Campo Grande junto com Pedro Leovaldo e Willian Augusto Leite Sales. Em depoimento, ele afirmou que tinha conhecimento das armas e que todos os envolvidos são seus familiares, inclusive Sandra Maria da Silva Leite, que escondia os fuzis embaixo de uma cama.
Ele ainda alegou que parte das armas seriam enviadas para São Paulo e a outra seria para vingar a morte do padrasto, mas não disse quem seria o alvo. Sandra, Wanderson, Willian e Pedro tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça.
Abordagem – Os três homens foram abordados por equipe da Denar em duas casas na Rua Irineu Marques da Fonseca, no Jardim Imã. Na primeira, Pedro estava deitado em uma cama e com ele foram encontradas duas pistolas, uma Taurus .40 com carregador e 12 munições e uma Glock do mesmo calibre com 15 munições.
Na residência vizinha, Willian foi encontrado e chegou a afirmar que não tinha nenhum envolvimento. Uma terceira casa foi alvo de mandado de busca e apreensão, na Rua Aracajú, lá foram encontrados Sandra e seu esposo. A mulher é tia de Wanderson e contou que estava com dois fuzis marca Sig calibre 762 e quatro carregadores sem munições, guardados embaixo da cama.
Ela afirmou em depoimento que sabia das armas, mas que seu marido não tinha conhecimento. Já Pedro contou que o dono do armamento seria Wanderson e que ele estava em hotel na Avenida Duque de Caxias. Os policiais foram até o local e o homem foi encontrado com uma pistola Glock calibre 9 milímetros, adaptada para rajada com carregador para trinta munições e já municiada.
Na ocasião, ele confirmou ser o proprietário do armamento e que deixou com os familiares para que eles fossem ocultados. Os quatro foram presos em flagrante e passaram por audiência de custódia hoje.
Duplo homicídio - Conforme divulgado na época da execução, Tiago e o adolescente bebiam com os familiares, quando o traficante começou a conversar no WhatsApp com uma pessoa e pediu para o menino uma carona. Era o garoto de 16 anos quem dirigia o carro, que pertence à irmã dele.
Tiago foi atrás de uma pessoa que o devia e eles morreram com o carro em movimento. Segundo a polícia, o autor, que ainda não foi identificado, estava dentro do Polo. "A pessoa que matou os dois estava dentro do veículo. Todos os tiros foram efetuados de dentro para fora. O carro estava em movimento, subiu na calçada, bateu no tronco de árvore e arrancou a raiz. Os moradores escutaram os disparos, encontraram o carro batido e acionaram os bombeiros", disse a delegada.
O autor fugiu levando o celular do Tiago para não ser identificado. Segundo a delegada, a polícia supõe que o adolescente não tinha envolvimento no crime, porque o garoto não tem nenhuma passagem pela polícia. "Ele pode ter sido assassinado exatamente para que não identificasse o atirador", explicou. Foram encontradas sete cápsula dentro do automóvel. Os dois foram mortos com tiro na nuca à queima-roupa.
Tiago havia chegado de viagem de Corumbá um dia antes do crime e estava foragido da Justiça desde 11 de agosto do ano passado. Ele fugiu numa saída temporária. O homem tinha várias passagens pela polícia, entre elas por porte de arma, lesão corporal e violência doméstica, tráfico de drogas e dirigir sem habilitação.