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Capital

Presos realizam a primeira reforma de escola estadual em 28 anos

Aliny Mary Dias e Aline dos Santos | 01/09/2014 09:25
Escola está de cara nova após 28 anos (Foto: Marcos Ermínio)
Escola está de cara nova após 28 anos (Foto: Marcos Ermínio)

Desde que foi inaugurada, há 28 anos, a Escola Estadual Brasilina Ferraz Mantero, localizada no Jardim Leblon, nunca passou por reforma. Há anos os professores e alunos pediam por melhorias na estrutura que já estava precária. Durante um mês e cinco dias de trabalhos, detentos do regime semiaberto trabalharam na reforma e a inauguração do novo ambiente mobilizou os funcionários e alunos na manhã desta segunda-feira (1º).

Diretor da escola, Roberto Assaf explica que o problema mais grave enfrentado pelos 520 alunos e a comunidade escolar era a chuva, ou melhor, as consequências dela. Havia várias infiltrações no telhado e paredes e a parte elétrica era danificada após cada chuva.

Ações do projeto “Pintando Educação com Liberdade”, uma parceria entre o Governo do Estado e a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciária), levou detentos do regime semiaberto até a unidade. Toda a reforma, conforme o diretor, teve resultado “excelente”.

“Eles têm redução de pena e ainda fizeram um serviço de qualidade, a nota é 10”, diz Roberto que ressalta ainda o baixo custo da obra. Segundo ele, todo o trabalho custou aos cofres públicos R$ 60 mil e se fosse feito com mão de obra tradicional seria mais que o dobro, R$ 150 mil.

Detido por homicídio, Fabio ajudou na pintura da escola (Foto: Marcos Ermínio)
Detido por homicídio, Fabio ajudou na pintura da escola (Foto: Marcos Ermínio)

Sobre a possibilidade de preconceito por parte da comunidade, o diretor afirma que tudo foi explicado para os funcionários antes do início da reforma. “A gente tratava eles bem, com bolo, chá, iogurte e suco. Não teve nenhum problema”, diz.

Além das salas de aula, os bebedouros, a cozinha, os banheiros e toda a parte elétrica da escola foi reformada. Mas para a aluna Ana Paula Peres Gomes, 15 anos e estudante do 2º ano, a obra poderia ter sido extendida até a quadra de esportes. “Toda vez que chove a gente suja o pé de barro”, conta.

O juiz da 2ª Vara de Execução Penal, Albino Coimbra Neto ressaltou a importância de integrar os presos nos trabalhos. “Essa é a segunda escola e até o fim do ano duas receberão o projeto. São pessoas muitas vezes condenadas pela Justiça e pela sociedade e é possível fazer muita coisa importante com essas pessoas”.

Quem sentiu na pele a mudança trazida pelo trabalho fora da penitenciária foi o detento do regime semiaberto Fabio Junior de Oliveira Ferreira, 31 anos. Detido por homicídio, o rapaz trabalhava com o pai na construção civil antes de cometer o crime. Ele foi um dos que participaram da pintura da escola. “Todo ser humano merece, quero trabalhar mais”, conta o detento que só deve ter pena relaxada em julho de 2015.

O governador André Puccinelli (PMDB) participou da inauguração da reforma e ressaltou os baixos custos da obra. Tudo acontece porque não há encargo pago ao INSS e o valor de lucro da empresa. “Sai muito mais barato e ressocializa”.

Ao fim do discurso, Puccinelli ainda deu conselhos aos alunos sobre como se afastar das drogas e ouvir os ensinamentos dos pais. “Vocês devem estudar, fazer vestibular e procurar uma profissão”.

Governador deu conselhos aos alunos e ressaltou baixo custo da obra (Foto: Marcos Ermínio)
Governador deu conselhos aos alunos e ressaltou baixo custo da obra (Foto: Marcos Ermínio)
Alunos recebem nova escola, mas reclamam de falta de reforma em quadra (Foto: Marcos Ermínio)
Alunos recebem nova escola, mas reclamam de falta de reforma em quadra (Foto: Marcos Ermínio)
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