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Capital

Protetoras protestam contra suspensão de castrações de animais resgatados

Grupo cobra retorno de castrações exclusivas para protetoras independentes e ONGs em Campo Grande

Por Bruna Marques e Raíssa Rojas | 20/08/2025 08:12
Protetoras protestam contra suspensão de castrações de animais resgatados
Protetoras independentes exibem cartazes em frente à sede da Subea, no Centro de Campo Grande, durante protesto contra a redução das castrações (Foto: Marcos Maluf)

Cerca de 60 pessoas, a maioria mulheres carregando cartazes, se reuniram na manhã desta quarta-feira (20) em frente à sede da Subea (Superintendência de Bem-Estar Animal), na Rua Rui Barbosa, região central de Campo Grande. O protesto foi convocado pela Comissão Permanente de Trabalho em Prol dos Animais contra a suspensão dos atendimentos exclusivos para protetoras independentes e organizações da sociedade civil, serviço considerado essencial para o controle populacional de cães e gatos e a prevenção de zoonoses.

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Protetoras de animais protestam contra redução de castrações em Campo Grande. Cerca de 60 pessoas se manifestaram em frente à sede da Subea contra a diminuição de 99% nos atendimentos. A prefeitura reduziu o serviço após corte de 25% nos gastos públicos, limitando as castrações a dez animais por protetora, contra 250 anteriormente. O grupo reivindica a retomada do atendimento semanal exclusivo, alegando prejuízo ao controle populacional e à saúde pública. A redução dificulta o trabalho de mais de 200 protetoras, que temem aumento no abandono e na circulação de animais doentes. A Subea afirma que houve remanejamento, não corte total, e que 200 castrações mensais estão sendo realizadas para protetoras, além do atendimento à população em geral.

O grupo cobra da prefeitura a retomada dos atendimentos semanais, interrompidos após a publicação do decreto municipal nº 16.313/2025, que determinou corte de 25% nos serviços públicos. Na prática, a medida reduziu em quase 99% a capacidade de atendimento das protetoras. Antes, elas tinham às quartas-feiras exclusivas para encaminhar animais à castração, com média de 250 procedimentos por dia. Agora, o acesso se restringe ao programa itinerante, limitado a 10 animais por protetor ou ONG cadastrada, com dias distribuídos entre segunda e sexta-feira.

“Todos os animais que nós doamos precisam ser castrados. Só no último fim de semana, foram mais de 40 adoções. Com a suspensão, isso vai atrapalhar não só a vida das protetoras, mas também a saúde pública”, afirmou a representante do movimento, Dani Matos dos Reis, de 49 anos.

Protetoras protestam contra suspensão de castrações de animais resgatados
Dani Reis, representante da Comissão Permanente de Trabalho em Prol dos Animais, cobra a retomada das castrações exclusivas para protetoras independentes e ONGs (Foto: Marcos Maluf)

Segundo ela, o novo modelo coloca mais de 200 protetoras para disputar poucas vagas. “Foram retirados mais de 90% das nossas castrações. Se hoje consigo agendar 10 animais, quando será a próxima vez? Daqui seis meses?”, questionou.

Entre as manifestantes estava Juliana Zanoni, 42 anos, que há um ano atua como protetora. Com sete animais sob sua responsabilidade, dois gatos e cinco cães, ela critica a redução drástica no número de castrações. “Nunca foram vagas à vontade, só queremos o que nos foi prometido. Avisaram de última hora e não levam nosso trabalho a sério”, desabafou.

Protetoras protestam contra suspensão de castrações de animais resgatados
Grupo cobra da prefeita Adriane Lopes a retomada dos atendimentos semanais para protetoras e ONGs: “queremos nossas vagas como eram”, dizia um dos cartazes (Foto: Marcos Maluf)

A babá Muriel Benites, 52, que cuida de 20 cães resgatados, reforçou a indignação. “É uma falta de respeito com as protetoras, um descaso. Querem tirar o que é dever deles e empurrar para nossas casas, mas não temos estrutura. Precisamos de uma instituição”, disse.

Já a médica veterinária Layrez Reis, que auxilia feiras de adoção e acompanha o trabalho das protetoras, alertou para o impacto da decisão. “Existe um estudo que preconiza a quantidade mínima necessária para reduzir a população de cães e gatos de rua. Hoje, nem esse valor é atingido. O resultado será mais abandono e mais animais doentes circulando pela cidade”, explicou.

Protetoras protestam contra suspensão de castrações de animais resgatados
Manifestantes levaram até animais resgatados para reforçar a cobrança por mais vagas no programa de castração (Foto: Marcos Maluf)

Em nota de esclarecimento, a Subea informou que não houve corte total, mas um remanejamento dos atendimentos, que agora estão limitados a cinco protetoras por período, com até cinco animais cada, o que representa 200 procedimentos mensais. O órgão afirmou ainda que já realizou mais de 9.000 castrações em 2025 e que o novo formato deve ser retomado em setembro.

A superintendência destacou que os atendimentos seguem em andamento para a população em geral, de segunda a sexta-feira, com distribuição de 15 senhas por período, 10 para consultas e cinco para castrações, na Ubea (Unidade de Bem-Estar Animal) e no consultório móvel. Para ter acesso ao serviço, é necessário apresentar documento com foto e comprovante de residência.

Protetoras protestam contra suspensão de castrações de animais resgatados
Muriel cuida de 20 animais resgatados e lamenta não ter estrutura para trabalhar (Foto: Marcos Maluf)

Enquanto isso, as protetoras prometem manter a mobilização e já lançaram uma petição online para pressionar a prefeitura. “Cinco anos de trabalho árduo foram jogados fora com essa redução. É um retrocesso”, lamentou Dani Reis diante de um cenário que, segundo as manifestantes, reflete “desespero e abandono”.

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