"Resgatado" de correntes, rapaz foge de posto e agora está desaparecido
Mãe diz que foi a terceira vez que o rapaz, que é paciente psiquiátrico e usuário de drogas, escapa do mesmo posto de saúde

A realidade agride a letra fria da lei. A expressão cabe claramente para a moradora do Bosque da Esperança, em Campo Grande, de 49 anos, que foi levada para delegacia de Polícia Civil nesta quinta-feira (23), sob suspeita de maus-tratos ao filho de 23 anos, encontrado acorrentado para não sair de casa e consumir drogas. Enquanto ela foi para a polícia, ele foi levado para o posto de saúde do Nova Bahia, de onde acabou fugindo poucas horas depois. Não foi localizado ainda.
“Foi a terceira vez”, resumiu a mãe no fim desta manhã, sobre o sumiço do filho da unidade de saúde.
O rapaz, além de fazer uso de drogas, às quais a mãe nem sabe nominar, precisa tomar quatro medicamentos para o tratamento de esquizofrenia.
“Não tinha outro jeito”, comenta, com o rosto cansado de quem agora tem um filho desaparecido, sobre a medida extrema de acorrentá-lo.
Ela diz que ele tinha mobilidade pela casa, podia tomar banho, se alimentar, e que foi uma medida extrema para tentar mantê-lo por perto.
Volta a pé - Conta que depois de ir de viatura para a 3ª Delegacia de Polícia Civil, por volta das 16h, foi liberada só às 18h. Andou, como relatou, uma hora e meia para chegar até em casa, a pé.
Um dos outros dois filhos acompanhou o irmão na ida ao posto de saúde. Quando retornou, por volta das 20h, já trouxe a informação da fuga.
“Ele tem de ser internado”, resume, sobre a situação. “É difícil viver assim”, conta a mulher, aposentada aos 49 anos em razão doença cardíaca, que já exigiu cirurgia para colocação de stent.
Ela é separada do pai do rapaz, que mora, porém, no mesmo terreno. Ambos decidiram juntos por acorrentar o rapaz, segundo revelaram ontem, diante da dificuldade de controlar o filho.
A família fez buscas pela região, se prepara para retomar a caça ao jovem, e ainda não registrou boletim de ocorrência da fuga. A crença é que, por não “saber andar na cidade”, ele esteja pelas redondezas.
A Polícia Civil, segundo informado ontem, enquadrando o caso como constrangimento ilegal. A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) não se manifestou ainda sobre as condições em que o paciente conseguiu escapar da unidade do Nova Bahia.)
